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Da Coluna Opinião do Agora RN

A cruzada internacional empreendida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em defesa do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ganhou uma inacreditável legitimidade nas palavras do senador Rogério Marinho (PL-RN).

Em entrevista à 96 FM nesta semana, Marinho disse que é contra o tarifaço, mas justificou a atuação do deputado nos Estados Unidos. E foi além: sugeriu que o êxito de Eduardo estaria na sua “capacidade de interlocução” – coisa que a esquerda não teria tido quando percorreu o mundo para denunciar a prisão do presidente Lula (PT) na época da Lava Jato.

É bom lembrar que foi graças à atuação de Eduardo que empresas brasileiras foram punidas pelo governo dos Estados Unidos com uma taxação de 50% – o que poderá minar milhares de empregos, inclusive aqui no Rio Grande do Norte. E tem uma chantagem do presidente Donald Trump: a taxa pode cair se o País aliviar para Bolsonaro – que é processado por tentativa de golpe de estado.

Ao justificar a atuação de Eduardo, dizendo que o filho de Jair está nos EUA denunciando violações no Brasil, Rogério parece ver com naturalidade o fato de o filho de Bolsonaro usar a máquina diplomática de outro país para retaliar o Brasil em nome de interesses familiares. É grave que seja minimizada a presença de um parlamentar em solo estrangeiro para pressionar pela aplicação de sanções contra o Brasil.

Em vez de condenar o aliado, Rogério reforça os argumentos de Eduardo, de que o Brasil precisa voltar à “normalidade democrática”, como se não tivesse sido uma ala do bolsonarismo que tentou depor um governo legitimamente eleito. O senador potiguar diz ainda que Eduardo não foi em busca de sanções ao País, embora o próprio deputado tenha ido às redes sociais dizer que o tarifaço é uma “resposta legítima” ao “regime brasileiro”.

Ao defender que Eduardo “conseguiu o que a esquerda não conseguiu”, Marinho flerta com a inversão moral de atribuir mérito ao que, em qualquer democracia minimamente sólida, seria considerado um escândalo internacional. Nesse meio todo, os interesses do País têm sido reduzidos a pano de fundo para vendetas pessoais.



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