Da Agência Estado
Falhas técnicas seguidas de falhas
humanas levaram à queda da aeronave LET410, da Noar Linhas Aéreas, na
manhã de 13 de julho de 2011, provocando a morte dos 14 passageiros e
dois tripulantes a 100 metros da Praia de Boa Viagem, no Recife-PE.
Esta é a conclusão do relatório final da
investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos
(Cenipa) apresentado nesta sexta-feira ( 19), pelo coronel Fernando
Camargo, depois de uma reunião de cinco horas e meia com familiares das
vítimas em um hotel da cidade.
O relatório final confirma que uma falha
mecânica – o rompimento na base da palheta metálica de número 27 da
turbina esquerda do LET-410, fabricado pela checa LetAircraft, que
ocasionou a perda de potência do motor esquerdo – foi o fator
desencadeante de vários outros fatores que culminaram com o acidente.
O motor esquerdo havia sido trocado três
dias antes pelo fabricante. A palheta de número 27 era uma das 51 que
foram reaproveitadas.
Tinha 1.996 horas de uso e estava dentro do prazo de validade.
O Cenipa indicou como outros fatores que
contribuíram para o acidente, falha no treinamento dos pilotos, falhas
na fiscalização realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),
divergência entre o check list de emergência e o manual de voo da
aeronave, tensão no momento da emergência, divergência entre documentos
de orientação de voo.
O voo 4896 caiu três minutos depois de
decolar do Aeroporto dos Guararapes, com destino a Mossoró (RN). O
piloto pediu autorização para fazer um pouso de emergência, mas não
conseguiu, caindo em um terreno desocupado na Avenida Boa Viagem, entre
os municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes.
De acordo com o Cenipa , o treinamento
dos pilotos para caso de emergência por falha de motor foi insuficiente
porque foi realizado com altura de 400 pés, quando o manual indicava 1,5
mil pés. O procedimento de retorno da aeronave ocorreu justamente a 400
pés.
Também apontou que a aeronave decolou
com um excesso de peso de 73 quilos, devido a um problema no software,
embora tenha descartado que isto tenha contribuído para a queda.
O relatório do Cenipa não tem caráter
punitivo. Visa a identificar causas do acidente para evitar que novos
acidentes venham a ocorrer pelos mesmos motivos. Somente a investigação
da Polícia Federal, com previsão de conclusão para o final deste ano,
irá indicar os culpados.
Reação
A Noar garante que as aeronaves, as
manutenções, os treinamentos e habilitações dos pilotos estavam em dia e
regularizadas. Afirmou que os treinamentos foram feitos pela Team, do
Rio de Janeiro, que também operava com este modelo de aeronave.
O piloto Ricardo Miguel, último a pilotar a aeronave, responsabilizou o fabricante da aeronave, o fabricante do motor e a Anac.
‘Nós estamos condenando esta aeronave,
tanto que nós perdemos a confiança. É uma aeronave que não era para
estar aqui com a gente’, afirmou.
A Anac disse desconhecer as alegações da
Noar e que irá analisar as recomendações do Cenipa, que vai divulgar o
relatório final no seu site, na segunda-feira, 22. A Noar Linhas Aéreas
estava há um ano em atividade e teve operação suspensa logo depois do
acidente.
Ela não pediu renovação para continuar
operando com a sua segunda aeronave, também um LET-410, que está sendo
vendida. A empresa, que tinha 100 funcionários, dos quais mantém dois,
aguarda os laudos do Cenipa e da Polícia Federal para decidir seu
futuro.
A ideia é dar continuidade, mas com
outro tipo de aeronave, mas nenhum outro modelo deste porte é homologado
no Brasil. A Noar operava percursos curtos, no Nordeste.

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