Proposta que
tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados
pode diminuir recursos no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A
possibilidade consta no Projeto de Lei 2214/11, que tem a deputada federal Sandra
Rosado (PSB) como relatora.
A ideia da
matéria é acelerar o trâmite dos recursos a partir da negação de seguimento ao
embargo nos casos pré-definidos de inadequação do recurso, e também de impor
sanções à parte que o impetrou, se verificado o intuito protelatório do
recurso.
A deputada
Sandra Rosado afirma que, por se tratar de matéria “extremamente” complexa, vai
ter que negociar com as partes interessadas. “Vamos dialogar para aprofundar o
assunto antes de apresentar o relatório”, disse.
O assunto
foi inclusive tema de audiência pública realizada na última semana no plenário
da CCJ e contou com a presença de representantes de instituições e órgãos ligados
ao tema.
Na ocasião, o
presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, avaliou que
não é justo negar direito ao cidadão na busca de celeridade na tramitação do
processo. “O trabalhador vai ser impedido de ter acesso à Justiça, com a
impossibilidade do recurso”, afirmou.
Já representante
da Força Sindical no debate, Antônio Rosela, também criticou a proposta. Para
ele, o projeto será inconstitucional se a multa for mantida para quem requerer
assistência jurídica gratuita, no caso de o recurso ser considerado intuito
protelatório.
O juiz do
Trabalho Marcos Neves Fava disse que, embora o TST tenha proposto o texto com a
inclusão de multas quando for verificado o intuito de retardar o recurso,
concorda em eliminar as multas do trabalhador que requereu assistência jurídica
gratuita. Segundo ele, o número de recursos ao TST é demasiado e cada um poderá
demorar um ano para ser analisado.
Já a a
procuradora Adriana Silveira Machado, que representou a Associação Nacional dos
Procuradores do Trabalho, avaliou que o projeto incorpora o que já existe em
súmulas. Ela disse não ver ameaça ao direito de defesa. “Nas regras atuais
existem inúmeros recursos. Eles prolongam a tramitação do processo”, afirmou.
Por outro
lado, o advogado da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Victor
Russomano Júnior, discordou da ideia de uniformizar o sistema com base em
súmulas. Isso porque, observou, as súmulas não são duradouras, mas revistas e
modificadas.
O secretário
de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flavio Crocce Caetano, disse
que o ministério vê com bons olhos o projeto e considera que a proposta busca
dar maior racionalidade e segurança jurídica.
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