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Ir ao supermercado ou mesmo ao restaurante tem ficado mais caro. Não raramente, é possível notar que o volume nas sacolas diminui e o gasto aumenta. Ou o prato se tornou mais caro. Isso tem causado um efeito que pode ser prejudicial à saúde: o brasileiro tem trocado as refeições por lanches, e um dos fatores que ajudam a explicar essa mudança é a alta no preço dos alimentos. Isso é o que apontou uma pesquisa de consumo, feita pela Kantar, empresa especialista em análises e dados. E o vice-presidente da Abrasel-RN acredita que o potiguar segue exatamente pelo mesmo caminho.

De acordo com a empresa, a pesquisa Consumer Insights 2022 apontou que, enquanto o valor médio de uma refeição completa girava em torno de R$ 43,94 nos primeiros três meses deste ano, o gasto médio com os snacks – lanches e petiscos – era quase quatro vezes menor, em torno de R$ 10,43.

De acordo com o diretor comercial da Kantar, David Fiss, além do custo, outro motivo que explica o brasileiro trocar a refeição pelo lanche é a praticidade. “O brasileiro busca cada vez mais a praticidade no tipo de alimentação dele. Então a gente começa a enxergar cada vez mais a presença de sanduíches principalmente nas ocasiões onde eram fortes as refeições tradicionais”, relatou.

Essa mudança de comportamento vem sendo observada em todas as classes sociais, especialmente na classe C, pontou Fiss. “Existe a praticidade e também tem a questão do fator preço. Quando você compra embutidos, você consegue compartilhar melhor os produtos ou comprar a granel, que é um fator também que se ajusta ao bolso do consumidor. Você alia a praticidade ao gosto das pessoas, mas o custo é bem mais acessível do que as refeições tradicionais”, acrescentou. “Hoje, cada vez mais, o custo, aliado à praticidade e ao sabor, se tornam relevantes para o consumidor”, acrescentou.

Fernando Augusto, vice-presidente da Associação de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Norte (Abrasel-RN), acredita que os dados do estudo também fazem sentido na realidade do RN. “Isso está fazendo com que as pessoas façam contas para saber se é melhor para ir ao supermercado para comprar dois cafés da manhã ou comer fora estes cafés da manhã. Isso está acontecendo. Em determinados momentos é mais barato comer fora. Em outros, não. Depende da finalidade”, defendeu.

O vice-presidente da Abrasel, que também é empresário do ramo de alimentação, apontou uma diferença entre dois perfis de clientes: aqueles que procuram pelo preço mais barato ou os que procuram estabelecimentos buscando a experiência de fazer uma refeição naquele local específico. “Antigamente a experiência e o preço estavam um pouco juntos. Agora eles se separaram. Quem procura experiência, não quer saber o preço. Mas quem não estiver procurando experiência, o cliente é rigorosamente tentado a fazer pesquisa. A gente tem que escolher ou baixar o preço ou se esforçar mais ainda para implantar novos produtos ou gourmetizar a empresa para atingir um nível satisfatório”, completa.

O estudo mostrou ainda que as famílias brasileiras reduziram os gastos fora de casa nesse ano de 2022, priorizando o consumo dentro do lar. Isso ocorre, segundo a Kantar, por causa da inflação. Com isso, o gasto médio trimestral dentro de casa passou de R$ 1.329 no ano passado para R$ 1.369 no primeiro trimestre deste ano, enquanto o fora de casa passou de uma média de R$ 288 para R$ 278 em igual período.

Ainda de acordo com a Kantar, os gastos com consumo massivo em casa representaram 52% do orçamento familiar, em média. Para as classes D e E, esse gasto domiciliar foi maior e representou 60% do consumo, enquanto para as classes A e B esteve em torno de 47%.

INFLAÇÃO

Um dos fatores que pode levar ao encarecimento dos alimentos é a inflação. O economista Robespierre Do Ó, apontou alguns cenários. No primeiro, é que a inflação tende a um equilíbrio. Outro leva em conta a influência de fatores externos, como o conflito entre Rússia e Ucrânia.

O economista ainda aponta que os dois países também são grandes produtores de outros alimentos, como trigo – matéria prima para pães e massas –, soja e girassol e o cenário de guerra interfere economicamente. “Como a Ucrânia não consegue exportar seus produtos, já que os portos estão bloqueados, faz com que o preço deles aumente. A demanda [por alimentos] aumenta, não tem oferta para atender e os preços são reajustados”, explica.

O economista indica que a alta do petróleo – principalmente pelo aumento da demanda nos Estados Unidos – é outra influência direta no aumento de preços não só do arroz, mas de outros alimentos. “Se o [preço do] diesel subir, aumenta o preço do frete e os produtos sofrerão reajustes. Então a gente está limitado a questões externas que influenciam os preços do Brasil”, avalia. Isso porque, segundo o economista, o Brasil tem grande produção de petróleo, mas não de refiná-lo; para suprir o mercado interno, precisa recorrer às importações, o que acarreta em combustível mais caro.

Agora RN



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