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Por João Maria Medeiros

Abril termina como o mês em que se comemora a conscientização do autismo, transtorno do neurodesenvolvimento que atinge um considerado contingente de pessoas. Não sou especialista no tema, mas me atrevo a trazer para este espaço considerações para reflexão, a partir de algumas observações desfiguradas que tenho ouvido em rodas de conversas e até mesmo nos meios de comunicação, tanto com relação a autistas como a pessoas portadoras de outras deficiência.

O maior problema enfrentado pelas famílias – mesmo com toda a ampliação das informações sobre o tema, esclarecimentos de especialistas e a reverberação na mídia de uma maneira geral – é, infelizmente, o preconceito. Um mal que assola a sociedade e é expressado das mais variadas formas: desde a verbalização escancarada e despudorada, até um comentário sútil, disfarçado, na maioria das vezes, de uma falsa ingenuidade, porém, carregado de intolerância e desrespeito.

Dia desses, zapeando pelo rádio, ouvi um comentário que considero infeliz e extremamente preconceituoso, feito por um dublê de comunicador bem influente. O rapaz contava a história de uma mãe com uma criança presa pelo pulso com essas pulseirinhas flexíveis de controle e segurança e na ocasião, fez a infeliz associação do instrumento a uma coleira de cachorro.

Ora, todo pai e mãe cuidadosos com seus pequenos, querem os mesmos brincando livremente, mas sem perdê-los de vista. E a pulseirinha é um instrumento para garantir essa segurança. O mais grave disso tudo é que o tal comunicador fez a absurda comparação, não considerado os aspectos para a real funcionalidade e tranquilidade dos pais quando se permitem usufruir a liberdade que o instrumento proporciona.

Pode parecer ingênuo ou mesmo despretensioso tal comentário num veículo de comunicação de massa como uma emissora de rádio. Mas o fato é que a infeliz comparação, evidenciou a perversidade com que certos comentários revelam o desprezo e o preconceito arraigados no seio da nossa sociedade. Principalmente vindo da opinião de quem deveria ter a responsabilidade social da função que exerce, como foi o desse caso.

Esse é só um exemplo de como o preconceito, a intolerância e outras formas de desrespeito e ódio são expressas, seja para pessoas com algum grau de deficiência, seja por cor, por opção sexual e até mesmo pela classificação socioeconômica. O fato é que a infeliz comparação provoca nas pessoas o incomodo de se sentirem inseguros com seus filhos, mas ainda mais, provoca a intranquilidade de saber que esse é, de uma maneira geral, o pensamento comum na sociedade, ou pelo menos em grande parte dela.

Ninguém, em absoluto merece, tratamento preconceituoso. E o respeito aos outros, deve começar por nós mesmos. Cada um fazendo a sua autoavaliação e buscando entender onde está o preconceito dentro de nós.


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