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Peça levou cerca de um mês e meio para ser produzida pelas artesãs de Timbaúba dos Batistas, na região do Seridó potiguar

Diferentes fases da lua, estrelas, mandacarus, xique-xiques e outros elementos do sertão do Rio Grande do Norte deram o tom ao vestido de casamento usado pela socióloga Rosangela Silva, a Janja, com o ex-presidente Lula. A cerimônia aconteceu na quarta-feira (18) em São Paulo.

A peça com tema 'Luar do sertão' demorou cerca de um mês e meio para ser produzida por seis bordadeiras de Timbaúba dos Batistas - um município de apenas 2.427 habitantes, de acordo com a última estimativa do IBGE. A cidade fica na região do Seridó.

A arte do bordado é centenária e passada de mãe para filhas, na localidade. Foi assim que Valdineide Dantas, de 32 anos, presidente da Cooperativa das Mãos Artesanais de Timbaúba dos Batistas, começou no ofício aos 11 anos.

Ao todo, 26 mulheres atuam na cooperativa, que tem cerca de 15 anos. Valdineide é a mais jovem entre elas. Além do vestido de Janja, elas também produziram o porta-alianças e as lembrancinhas entregues aos convidados do casamento.

Os bordados da cooperativa também já tinham vestido outras famosas. Elas fizeram o vestido de casamento da atriz Isis Valderde e tiveram peças usadas por Sacha, Bruna Marquezine e Cláudia Leite.

Valdineide conta que recebeu a encomenda da estilista Helô Rocha, que enviou o modelo a ser desenvolvido, em março deste ano. Ela e mais cinco colegas passaram um mês e meio trabalhando na peça em algodão, bordando cada parte em máquinas de pedal - um trabalho manual.

A presidente da cooperativa foi responsável pelo design dos desenhos bordados. Questionada sobre o que quis passar na obra, Valdineide falou sobre a renovação no sertão.

"Aqui a gente passa 9 meses anos com a vegetação muito seca, mas caem dois pingos de chuva e tudo fica verde, floresce. E a gente gosta do que vive, do que a gente faz aqui", disse.

Após o casamento desta quarta (18), a repercussão foi positiva para as bordadeiras, que foram procuradas por várias pessoas interessadas em contratar os serviços. Mas Valdineide já alerta que as artesãs não repetem nenhuma peça, "até por questão de contrato com as estilistas", diz.

"Muitas pessoas entraram em contato, mas ainda não tivemos tempo para ver tudo, responder a todos", contou. Também por questão contratual, ela não revela quanto custou o vestido de Janja.

Outra artista que trabalhou no vestido, Alcilene Medeiros, de 42 anos, aprendeu a bordar aos 13 anos. Ela conta que foi responsável pelo bordado das mangas e de outras partes da peça.

Segundo ela, a estilista Helô Rocha só revelou quem usaria o vestido quando o processo de produção já tinha sido iniciado.

"Quando ela disse quem iria usar a peça, a gente ficou extasiada porque a gente sabia que ia repercurtir muito. É o nosso amor naquele trabalho", revelou.

Ela recebeu tantas mensagens, repercutindo o vestido, que o celular travou.

Como perspectiva de futuro, as bordadeiras de Timbaúba dos Batistas querem desenvolver cursos para formação de novas artesãs. "A gente quer manter a arte viva", disse Valdineide.

G1/RN


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