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Por Elviro Rebouças 

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Elviro Rebouças é economista e empresário
Inflação em alta, juros subindo e crescimento econômico negativo, com o próprio Banco Central já precificando um decesso de 0,8% é o quadro real para o ano de 2015 na economia do Brasil, gerando uma crise econômica que já bate à porta e aflige a indústria, o comércio, os assalariados e os consumidores endividados. Pior ainda, se há incerteza nos rumos do Governo Central, em permanente discórdia com o Congresso Nacional, há uma crescente desconfiança nos rumos do Brasil, junto as potências econômicas mundiais – agravado com o estereotipado pelo rumoroso escândalo da Petrobrás. Tanto as agências de avaliação de risco, quanto os bancos com atuação global vêm com desconfiança os passos governamentais, agravando uma situação nada favorável ao nosso querido país. A economia brasileira ficou estagnada em 2014, com alta de apenas 0,1%, informou o IBGE nesta sexta-feira, dia 27. No quarto trimestre do ano passado, a atividade avançou 0,3%, na comparação com os três meses anteriores. Com esse resultado, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) do país ficou em R$ 5,521 trilhões. No quarto trimestre, a economia recuou 0,2% frente ao quarto trimestre de 2013. No terceiro trimestre, o dado foi revisado de avanço de 0,1% para 0,2%. Com isso, o país não corre mais risco de recessão técnica, que seriam dois trimestres seguidos de queda no PIB. No segundo trimestre, a queda passou a ser mais acentuada após a revisão pelo IBGE: de 0,6% para 1,4%. O primeiro trimestre foi revisado de queda de 0,2% para alta de 0,6%.
PIB PER CAPITA CAI:
O PIB per capita caiu pela primeira vez desde 2009: recuo de 0,7%, para R$ 27.229. Em 2013, o PIB per capita havia obtido crescimento de 1,8% em relação a 2012. A taxa de investimento da economia caiu para 19,7% em 2014. Em 2013 tinha sido de 20,5%. No ano, a maior contribuição negativa para o PIB veio dos investimentos. A taxa de poupança, por sua vez, teve uma queda mais acentuada, de 17% em 2013 para 15,8%. Pela ótica da oferta, a indústria teve o pior desempenho, com queda de -1,2%, enquanto serviços avançaram 0,7%. A agropecuária cresceu 0,4%. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,9%, o menor crescimento desde a queda de 0,7% registrada em 2003, e o do governo, 1,3%. A formação bruta de capital fixo, indicador de investimentos, caiu 4,4%. É o pior desempenho desde 1999, quando o indicador recuou 8,9%. O único segmento da indústria que cresceu em 2014 foi extrativa mineral, com alta de 8,7%. A construção civil recuou 2,6%, mesma taxa da produção e distribuição de eletricidade, gás e água. A indústria de transformação teve tombo de 3,8%, puxada para baixo por indústria automotiva, máquinas e equipamentos, aparelhos elétricos e produtos de metal. Já o crescimento de 0,7% de Serviços em 2014 foi influenciado positivamente pelas atividades de serviços de informação (4,6%), atividades imobiliárias (3,3%) e transporte, armazenagem e correio (2%). O total da demanda interna cresceu apenas 0,1%, enquanto o setor externo teve crescimento zero. Exportações de bens e serviços também tiveram queda de 1,1% e as importações recuaram 1%.
O PASSIVO ENORME DO BNDES:
O BNDES instalou um gato ligado diretamente ao Tesouro, na medida em que esses recursos não estão no Orçamento da União e deles o governo federal não presta contas ao Congresso. Entre as desconstruções da política econômica promovidas pelo segundo mandato Dilma está a da atuação do BNDES, como anunciado nesta quarta-feira pelo jornal Valor. O BNDES foi ao longo dos últimos anos uma enorme fonte de distorções. No passivo do BNDES estão nada menos que R$ 455 bilhões em gatos desse tipo, o equivalente a 38% da arrecadação do governo federal no ano passado, que foram repassados ao longo de vários anos aos beneficiários eleitos ou pelo próprio governo ou pela burocracia do banco. São recursos que o Tesouro tomou emprestado no mercado ao custo da Selic (juros básicos), que hoje está nos 12,75% ao ano, e foram repassados à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 5,50% ao ano, um impressionante subsídio que, em 2014, custou ao menos R$ 30 bilhões. Um pedaço do rombo das contas públicas foi produzido pela atuação desse gatão, justificado pelo governo anterior com os mesmos argumentos capengas que defendiam a política anticíclica: os de que era preciso aumentar o dispêndio público para induzir o investimento e garantir a competitividade da indústria. Não produziu nem uma coisa nem outra. Ainda em novembro, a nova equipe econômica chegara à conclusão de que a indústria não precisa dessa linha paralela: mais que tudo, precisa de fundamentos em ordem e de horizontes desanuviados para investir. O Ministro Joaquim Levy, de tesoura na mão, competentemente ajusta as possibilidades à retomada do crescimento.

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