MOEDAS DE 500 ANOS DO BRASIL
Por Elviro Rebouças
No Brasil, que é o nosso foco neste artigo, já usamos açúcar, tabaco e até notas estrangeiras (no século 17, o florim holandês foi fabricado em Recife), além de um sem-número das nossas próprias moedas, que perdiam valor rapidamente. Fui acionado por quatro leitores nossos, sendo dois de Natal, um de Mossoró e outro de Currais Novos, todos solicitando um histórico das moedas circulantes no Brasil, durante estes quinhentos e quatorze anos, desde o descobrimento. Vou procurar detalhar, após tirar dúvidas em pesquisa junto ao site do Banco Central.
1500 – Tostão – Ao chegar ao Brasil, os portugueses encontram cerca de 3 milhões de índios vivendo em economia de subsistência. Até concha já foi usada por aqui. Já os colonizadores usavam moedas de cobre e ouro, que têm diversos nomes de acordo com a origem: tostão, português, cruzado, vintém e são-vicente. O Tostão foi uma moeda de ouro cunhada pela primeira vez no reinado de D. Manuel I equivalente a 1.200 réis, mas também cunhou tostões de prata. Era também o nome dado a uma subdivisão do escudo português, equivalente a 10 centavos.
Século 16 – Jimbo e Réis (este último é o plural da unidade monetária de Portugal).
A pequena concha era usada como moeda no Congo e em Angola. Chegando ao Brasil, os escravos a encontram no litoral da Bahia e mantêm a tradição. Desde o descobrimento, porém, a moeda mais usada é o real português, mais conhecido em seu plural “réis”, que valeu até 1942.
1614 – Açúcar – Por ordem do governador do Rio de Janeiro, Constantino Menelau, o açúcar é aceito como moeda oficial no Brasil. De acordo com a lei, comerciantes eram obrigados a aceitar o produto para pagar compras.
1695 – Cara e Coroa – A Casa da Moeda do Brasil, inaugurada na Bahia um ano antes, cunha suas primeiras moedas de ouro. Em 1727, surgem as primeiras moedas brasileiras com a figura do governante de um lado e as armas do reino do outro, conforme a tradição européia. Os termos “cara” e “coroa” vêm daí.
1942 – Cruzeiro – Na primeira troca de moeda do Brasil, os réis são substituídos pelo cruzeiro durante o governo de Getúlio Vargas. Mil réis passam a valer 1 cruzeiro; é o primeiro corte de três zeros da história monetária do país. É aí que surge também o centavo.(Conte 03 zeros a menos).
1967 – Cruzeiro Novo – O cruzeiro novo é criado para substituir o cruzeiro, que levou outro corte de três zeros. Mais uma vez, isso ocorre por causa da desvalorização da moeda. Para adaptar as antigas cédulas que estavam em circulação, o governo manda carimbá-las.(Conte 06 zeros a menos).
1970 – Cruzeiro – A moeda troca de nome e volta a se chamar cruzeiro. Dessa vez, porém, só muda o nome, mas não o valor. Ou seja, 1 cruzeiro novo vale 1 cruzeiro.
1986 – Cruzado – Por causa da inflação, que alcança 200% ao ano, o governo de José Sarney lança o cruzado. Mil cruzeiros passam a valer 1 cruzado em fevereiro deste ano. No fim do ano, os preços seriam congelados, assim como os salários dos brasileiros. (Conte 09 zeros a menos). Instituía-se o dístico “Deus seja louvado”.
1989 – Cruzado Novo – Com o vexame da inflação galopante, novamente, e passado o aturdido Plano Bresser, sem qualquer eficácia, por causa de inflação de 1000% ao ano, ocorre uma nova troca de moeda. O cruzado perde três zeros e vira cruzado novo. A mudança é decorrência de um plano econômico chamado Plano Verão, elaborado pelo então ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega. (Conte 12 zeros a menos).
1990 – Cruzeiro – O cruzado novo volta a se chamar cruzeiro, durante o governo de Fernando Collor de Mello. O mesmo plano econômico decreta o bloqueio das cadernetas de poupança e das contas correntes de todos os cidadãos brasileiros por 18 meses, no que se chamou “confisco de recursos privados”. Surge uma jovem senhorita, voluntariosa, mas que caíu no descrédito dos aturdidos poupadores, Zélia Cardoso de Melo, como Ministra da Economia.
1993 – Cruzeiro Real – No governo de Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso como Ministro da Fazenda, o cruzeiro sofre outro corte de três zeros e vira cruzeiro real. (Conte 15 zeros a menos). No fim do ano, o ministro cria um indexador único, a unidade real de valor (URV).
1994 – Real – Após uma inflação de 3700% em 11 meses de existência do cruzeiro real, entra em vigor a Unidade Real de Valor (URV). Em julho, a URV, equivalendo a 2750 cruzeiros reais, passa a valer 1 real, a partir de 01.07.1994. Mesmo não sendo na paridade de 1.000 para 1, o real engole mais três casas (Conte no total 18 zeros a menos). Os personagens da nova moeda, na Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura, no lugar de autoridades ou vultos históricos. E no reverso são animais, como pássaros, peixes, tartarugas, garças, micos- leões- dourados, a onças .Vai do beija-flor (R$.1) à garoupa (R$.100).
O dinheiro começou a circular no Brasil ainda no período colonial, trazido pelos portugueses. Durante o domínio holandês no Nordeste brasileiro, entre 1630 e 1654, foram cunhadas as primeiras moedas no Brasil: os florins e os soldos, destinadas ao pagamento de fornecedores e tropas holandesas. Essas moedas foram as primeiras com a palavra Brasil. Em 1694, o então rei de Portugal, D. Pedro II, criou a primeira Casa da Moeda brasileira, na Bahia, que futuramente foi transferida para o Rio de Janeiro.. Neste período, a moeda oficial do Brasil era o Réis. Assim, foram responsáveis pelas emissões: o Erário Régio, transformado em Tesouro Nacional em 1821, o Banco do Brasil, que emitiu os primeiros bilhetes bancários que circularam no país, preenchidos ainda à mão, e até bancos particulares, que chegaram a ser autorizados pelo governo, em meados no século XIX, a emitir papel-moeda, que circulou juntamente com as cédulas do Tesouro Nacional e bilhetes do Banco do Brasil, para facilitar a distribuição de numerário na grande extensão do território brasileiro. Essa grande quantidade de bancos emissores acabou provocando grave crise financeira, fazendo que o Tesouro Nacional, em 1896, voltasse a ser o responsável pela emissão de cédulas, até o Banco Central assumir essa função em 1965. Para uniformizar o dinheiro em circulação, em 1942 foi instituída a primeira mudança de padrão monetário no país, substituindo o padrão Réis pelo Cruzeiro, cuja unidade correspondia a mil réis e se dividia, pela primeira vez, em centavos. Instituído em 1964, com o objetivo de assegurar a estabilidade da moeda e a solidez do Sistema Financeiro nacional, o Banco Central, substituindo a SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito – passou a ter a responsabilidade pela emissão do papel-moeda, emitindo cédulas ainda no padrão Cruzeiro. Portanto, o processo inflacionário fez com que o governo efetuasse sete mudanças no padrão monetário brasileiro. Por ocasião da implementação da moeda hoje vigorante a unidade monetária estava em paridade ao dólar americano. Permeados por 20 anos, o nosso real já alimentou uma desvalorização de 155% frente ao dólar, e sexta-feira, dia 28 de novembro, para cada US$.1, se pagava R$.2,55.
HERANÇA PARA 2015
Dilma Rouseff aplicará muitas das medidas impopulares que acusava o rival Aécio Neves de tramar. No primeiro contato da nova equipe econômica com os repórteres, nessa quinta-feira, dia 27, esclareceu-se que o governo abandonará a criatividade contábil, priorizará o equilíbrio fiscal e deixará de torcer o nariz dos empresários que quiserem fazer parcerias com o Estado. Novo governo, com a mesma Presidente, encerraremos 2014 com um reles crescimento econômico em ZERO vírgula ZERO, nem mais, nem menos. Sem investimentos, com a infraestrutura mal tratada, inflação anual se abeirando a 7 %, juros SELIC 11,25 % ano, devendo ser reajustados em mais 0,50 % na próxima reunião de dezembro do COPOM, os setores produtivos parando, notadamente a indústria, e excetuando os serviços que, levemente, sobem, não podemos nos animar para o próximo ano. O renomado economista carioca Joaquim Levy no Ministério da Economia, o economista paulista Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini continuando a presidir o Banco Central, o Senador pernambucano Armando Monteiro Neto no Ministério do Desenvolvimento Econômico, são nomes muito bem avaliados pelo mercado. A pergunta que precisa ser respondida: terão autonomia para agirem livremente? Pondo as contas públicas em ordem ou ocuparão cadeiras para fazerem o que o PT e o Governo desejam? O tempo será, outra vez, o senhor da razão. Rezemos leitor : “DEUS SEJA LOUVADO!”.
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