A 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mossoró arquivou o caso que apurava uma suposta prática de maus-tratos a animais atribuída ao médico-veterinário Saul Dias Cortez durante uma aula prática do curso de Medicina Veterinária, realizada em abril deste ano em uma instituição privada de Mossoró.
À época, uma fala do profissional durante um procedimento de reanimação realizado em um cão acabou viralizando nas redes sociais e gerou diversas críticas da população, de entidades ligadas à causa animal e de figuras políticas.
Nesta semana, após a conclusão da apuração, o médico-veterinário recebeu a notificação sobre o arquivamento da denúncia, o que, segundo ele, representa o reconhecimento de que não houve irregularidades.
“O sentimento é de justiça, e a justiça foi feita. Eu sempre soube que não tinha feito nada de errado. Fui convidado para dar um curso e participei como convidado na Semana do Médico-Veterinário. Solicitaram um curso prático, e desde o início me preocupei com todas as questões éticas e legais. Tenho tudo registrado em conversas de WhatsApp, como foi mostrado às autoridades. Enviei o cronograma do curso conforme solicitado. Tudo foi planejado com a presidente do Comitê de Ética de Uso de Animais e com a presidente da comissão organizadora do evento. Desde sempre me preocupei com a condição física do animal, com a saúde, com os equipamentos de segurança e em ter outro profissional anestesiologista presente e focado no bem-estar do animal, para que o curso fosse ministrado de forma exemplar”, afirmou.
Ele afirma que o episódio ganhou repercussão a partir de interpretações equivocadas.
“Pegaram uma fala e tiraram do contexto, dizendo que eu estava maltratando o animal e provocando uma parada cardiorrespiratória para os alunos treinarem, o que é mentira. No vídeo, aparece uma frase minha sobre ‘provocar uma parada’, mas o animal estava apenas sedado. É uma expressão comum na prática, no sentido de tranquilizar e sedar, não de causar uma parada real. Pode até ocorrer uma parada transitória em casos específicos, mas ali estávamos apenas sedando o animal. No vídeo, digo o tempo todo que o animal está bem e respirando. Pegaram só um trecho, mudaram o contexto e transformaram em um circo para tentar manchar minha imagem.”
O veterinário também relata que a repercussão trouxe preocupação à família:
“O dano à imagem já foi feito. Mesmo sabendo que eu não tinha feito nada errado, vi minha família aflita com a repercussão na cidade, no estado e até nacionalmente. Vivemos em uma época em que as pessoas são facilmente influenciadas. Minha família me pediu para não me posicionar e nem sair de casa, porque chegaram a temer que eu fosse agredido. A causa animal envolve não apenas cuidados, mas também muito dinheiro público, doações e poder, e muitas pessoas acabam sendo usadas como massa de manobra.”
Ele finaliza reforçando sua trajetória profissional e pedindo responsabilidade nas redes sociais:
“Sou um profissional qualificado, capacitado, pós-graduado. Dediquei minha vida inteira à medicina veterinária e ao cuidado com os animais, sempre defendendo um tratamento hospitalar humanizado, independentemente de raça ou de o animal ter tutor. Confio na Justiça e nas instituições, e tinha certeza de que o resultado seria esse”.
“As pessoas precisam ter mais cuidado ao usar as redes sociais para atacar alguém com base em um vídeo de poucos segundos, sem contexto. É preciso responsabilidade e empatia antes de tentar manchar a imagem de um profissional e de um ser humano”, concluiu.
A reportagem TCM também procurou o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) sobre as alegações da Promotoria que embasaram o arquivamento do caso. No entanto, até a publicação desta reportagem, não houve um retorno. Assim que houver, essa reportagem será atualizada.
TCM Notícia



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