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Da Redação do Jornal de Fato

O político potiguar Abraão Lincoln (Republicanos), ex-candidato a deputado federal, será ouvido pela CPMI do INSS na próxima segunda-feira, 3, às 16h, no âmbito das investigações sobre fraudes em aposentadorias e pensões. A oitiva decorre da aprovação de oito requerimentos pelo colegiado.

Ele é presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), que está entre as entidades investigadas pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, que apura descontos irregulares em benefícios do INSS entre 2019 e 2024.

A confederação e Abraão Lincoln tiveram bens bloqueados por decisão da Advocacia-Geral da União (AGU). A comissão também aprovou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Lincoln e solicitou ao Coaf o envio de um Relatório de Inteligência Financeira (RIF).

O senador Izalci Lucas (PL-DF), autor dos pedidos de convocação, afirma, com convicção, que a federação presidida pelo político potiguar é “um dos eixos centrais da arquitetura criminosa desvelada pela Operação Sem Desconto, responsável por um impacto estimado em R$ 221,8 milhões subtraídos de forma contumaz e sistêmica dos benefícios de aposentados e pensionistas.”

O nome de Abraão Lincoln já havia sido mencionado em depoimentos anteriores, durante questionamentos feitos pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL).

Suspeita

Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), peça basilar da investigação, é demolidor ao descrever a sede da CBPA como uma ‘pequena sala comercial’, com apenas ‘uma secretária para atendimento’, e concluir que a Confederação ‘não possui infraestrutura para localização, captação, cadastramento e muito menos fornecimento de serviços’ compatíveis com seu universo de 360.632 associados, espalhados por mais de 3.600 municípios”, crava o requerimento.

Abraão Lincoln é apontado ao lado do tesoureiro da CBPA, Gabriel Negreiros, como articulador de um esquema de falsificação de filiações em massa para obter ganhos ilegais com descontos em benefícios previdenciários. Gabriel, que já disputou eleição para vereador em Natal em 2020, aparece no inquérito da Polícia Federal como o braço financeiro da operação.

A Polícia Federal afirma que embora não tivesse filiados em 2022, a CBPA firmou um acordo com o INSS e, já em 2023, contabilizava mais de 340 mil associados, movimentando R$ 57,8 milhões. Apenas nos três primeiros meses de 2024, o número chegou a 445 mil filiados, com faturamento de R$ 41,2 milhões.

Abraão Lioncoln chegou a ser preso em 2015

Abraão Lincoln tem visitado o noticiário da corrupção nos últimos 10 anos. Em 2015, ele foi preso pela Polícia Federal do Rio Grande do Sul, no âmbito da “Operação Enredados”, que investigou vendas ilegais de permissões para a pesca industrial. Na época, ele era presidente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA) e filiado ao Partido Republicano Brasileiro (PRB).

Agora, Abraão Lincoln, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), é investigado por suposta participação do esquema criminoso milionário que subtraiu dinheiro dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social.

O que chama atenção, além do histórico suspeito do político, é a facilidade que ele encontra para continuar atuando na vida pública, inclusive, circulando bem próximo de autoridades políticas do país. Em agosto deste ano, dias antes de estourar o escândalo do INSS, Lincoln apareceu em foto com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele, inclusive, registrou a foto nas redes sociais destacando Motta como um “amigo”.

Na época da Operação Enredados, Abraão Lincoln, que é um dos vice-presidentes da Força Sindical, destacava a sua influência com políticos de Brasília, como o presidente do Solidariedade, ex-deputado Paulinho da Força, e o presidente do PRB, deputado federal Marcos Pereira. A partir daí, ele sustentava estrutura política no Rio Grande do Norte, presidindo o PRB, além das atividades sindicais no setor da pesca.

Abraão Lincoln tentou se eleger deputado federal em 2018, sem sucesso. Quatro anos depois, em 2022, lançou o filho Victor Hugo à Câmara dos Deputados, mas também sem sucesso. Não se deu por vencido. Recentemente, Lincoln abriu negociação com um grupo de políticos do Rio Grande do Norte para ser candidato nas eleições 2026.


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