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Por João Maria Medeiros

Existe no mundo da política uma coisa que apavora e faz mudar radicalmente a opinião dos políticos: O povo unido nas ruas. É senso comum na política que somente a “força das ruas”, movimenta pra valer o clima e o ambiente das cidades e do país em determinadas situações. O saudoso Ulisses Guimarães foi certeiro quando afirmou que a “única coisa que mete medo em político é a voz rouca das ruas”. 

Tem sido assim na história das democracias pelo mundo. Essa força, que na maioria das vezes permanece adormecida, se levanta e ganha dimensões exponenciais quando algo realmente mexe com a vida de uma sociedade e ataca diretamente os valores e princípios dos seus cidadãos.

A luta pelos direitos dos negros nos Estados Unidos, a revolta dos sul africanos contra o apartheid, o massacre da praça celestial na china, a primavera árabe e o movimento das diretas já nos anos 80, são exemplos de como a sociedade faz valer a sua força e opinião. E como a classe política rever suas posturas e se adequa ao anseio popular. 

No Brasil, a tentativa de deputados federais de criarem uma proposta de emenda à constituição que lhes resguardavam muitos benefícios e vantagens, os distanciando dos simples e mortais eleitores, chamada por uns de pec da blindagem e por muitos, da bandidagem, exatamente por proteger o detentor de mandado de responder por crimes cometidos, enfureceu a maioria dos brasileiros; que foram as ruas mostrar aos seus representantes que  eles estavam completamente fora de sintonia com que se deseja e se quer para o País.

Bastou um domingo com milhões de brasileiros protestando nas ruas das nossas cidades para, rapidamente, o que estava acordado entre as casas legislativas brasileiras, ser enterrado em pouquíssimas horas, numa reunião da comissão de constituição e justiça do senado federal. Para desespero de muitos que se escondiam atrás da estapafúrdia justificativa de que a luta era contra a interferência de um poder sobre outro. Pura balela e que não colou.

 O senado teve a lucidez de encerrar o escárnio que a câmara dos deputados quis impor ao Brasil, numa demonstração evidente de que a maioria dos parlamentares que ali está para representar e lutar pelo Brasil, pelo povo, principalmente os mais necessitados, escancararam que a preocupação mesmo é com as suas peles e os deslizes éticos, morais e criminosos que alguns praticam e estão a dever a justiça.

 Ou seja, eles dão as costas para a sociedade e acham que os mandatos que lhes foram conferidos são exclusivamente deles e que, portanto, não devem satisfação aos seus eleitores. Deram com os burros n´água.

Essa situação e tantas outras absurdas que temos vivenciado na atual legislatura do congresso nacional, principalmente na câmara dos deputados é, na verdade, responsabilidade nossa, do povo mesmo que continua votando em nomes e imagens construídas a partir de idolatrias e populismo barato, do que em projetos reais de desenvolvimento e de promoção efetiva para o bem estar dos brasileiros. Sem se preocupar em conhecer a fundo quem realmente disputa o seu voto.

Tem sido comum ouvir que a atual composição da câmara dos deputados é a pior das últimas legislaturas. Infelizmente, sempre foi assim. Já ouvi muitas vezes a pergunta encadeada com a resposta logo em seguida: Você acha essa legislatura ruim? Espere a próxima e tire suas conclusões.

A verdade é que há de fato uma distorção de valores, aplicados por uma grande parte da classe política, que tem se distanciado dos princípios fundamentais que devem nortear a condução legislativa e a luta pelo bem-estar, social e econômico da sociedade. 

Daí, a importância que o eleitor precisa compreender que tem, e expressar a sua indignação, o seu descontentamento e a repulsa com atitudes que colocam o País numa fragilidade institucional. Isto é, o coro rouco das ruas não deve se acomodar com as narrativas de uma minoria que são impostas por quem quer tão somente se beneficiar em detrimento da maioria.


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