Presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Sal do Estado do Rio Grande do Norte (SIESAL-RN), o empresário Airton Torres detalhou os impactos do “tarifaço” aplicado pelos Estados Unidos sobre as exportações de sal potiguar.
Segundo ele, quase metade do sal brasileiro, que é produzido no Rio Grande do Norte, tem como destino o mercado norte-americano. Com a entrada em vigor da medida nessa quarta-feira (06), o prejuízo para o setor é considerado expressivo.
“Nós estamos falando de uma perda de mercado que varia, atualmente, entre 500 mil e 600 mil toneladas de sal por ano. Isso afeta diretamente as indústrias”, destacou.
Atualmente, além dos Estados Unidos, o sal potiguar também é exportado para o Oeste da África. Airton ressalta que a ampliação para o mercado europeu pode ser uma alternativa, embora o cenário não seja favorável.
“O mercado internacional do sal se restringe à Costa Leste americana e à Costa Oeste africana. Levar o produto para regiões mais distantes torna a logística inviável. Eventualmente, podemos conseguir colocar algum volume na Europa, mas é um mercado fechado e autossuficiente. Eles produzem o sal que consomem. Há pouco espaço, mas é algo que pode ser trabalhado.”
Enquanto o impasse persiste, a manutenção dos empregos no setor salineiro é motivo de preocupação. No entanto, segundo o empresário, ainda não há sinais de demissões.
“Estamos em um estágio inicial. Até agora, não houve movimentações das empresas no sentido de reduzir pessoal. Embora os empregos estejam ameaçados, neste primeiro momento, não vemos ações que indiquem desemprego”, enfatizou.
Além de manter diálogo com o Governo do Estado, o SIESAL também busca alternativas junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI), em negociações diretas com o governo americano.
“Da parte do sindicato, contamos com o apoio da FIERN e da CNI, que também atuam nesse sentido. Fui informado de que a CNI está organizando uma missão empresarial aos EUA, com articulações junto à Câmara de Comércio Americana, buscando negociações. O sal, o pescado e outros produtos potiguares estão sendo prejudicados. O sindicato também contratou empresas especializadas nos EUA para atuar junto ao governo americano, com o objetivo de retirar o sal da lista de produtos sujeitos à tarifa de 50%”, concluiu.
Com o “tarifaço”, 45 produtos exportados pelo Rio Grande do Norte para os Estados Unidos passaram a ser taxados. Apenas dois itens ficaram isentos da sobretaxa: a castanha de caju e os óleos combustíveis.
Como medida para atenuar os efeitos negativos na economia potiguar, o Governo do Estado reuniu representantes do setor produtivo para dialogar e publicou um decreto ampliando a desoneração do ICMS para empresas beneficiadas pelo Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte (Proedi).
Paralelamente, o Governo do Estado também mantém diálogo com o Governo Federal, que, em conjunto com os estados e diversos setores produtivos, busca reverter ou mitigar os impactos da medida sobre a economia estadual e nacional.
TCM Notícia
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