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Do Brasil 247

Uma megaoperação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Receita Federal foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (28) e visou desarticular um esquema criminoso de grande porte. A operação está focada no envolvimento de empresas e figuras ligadas ao setor de combustíveis, à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e à famosa região da Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. O empresário Mohamad Hussein Mourad, um dos principais alvos da operação, é apontado como epicentro do esquema, segundo o Metrópoles.

Mourad, que já era investigado por atividades ilícitas e possuía ligações com o PCC, é acusado de liderar uma rede criminosa que operava fraudulentamente dentro da cadeia de combustíveis. A investigação também revelou que ele e Roberto Augusto Leme, conhecido como "Beto Louco", foram responsáveis por orquestrar um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes fiscais envolvendo empresas de combustíveis e fintechs, além de manipular fundos de investimentos na Faria Lima. Os dois, segundo as investigações, agiam com o auxílio de contadores e profissionais especializados para blindar o patrimônio e ocultar os lucros ilícitos.

A operação e os principais envolvidos

Entre os alvos da operação estão diversos empresários, contadores e diretores de empresas ligadas ao setor de combustíveis. Além de Mourad e Leme, a operação também mira Marcelo Dias de Moraes, presidente da Bankrow Instituição de Pagamento, e Camila Cristina de Moura Silva/Caron, diretora financeira da BK, fintech que operava como “banco paralelo” no esquema. O esquema envolvia, ainda, o desvio de metanol e a adulteração de combustíveis, prática que afetava diretamente o consumidor final, com a venda de gasolina adulterada.

O cerco policial e fiscal atingiu não apenas pessoas físicas, mas também uma série de empresas e instituições financeiras. As investigações revelaram que pelo menos 40 fundos de investimento, que somam mais de R$ 30 bilhões em ativos, eram usados para ocultar e movimentar o dinheiro oriundo das fraudes. Fundos como o Zeus Fundo de Investimento em Direitos Creditórios e o Atena Fundo de Investimento em Participações estavam entre os envolvidos. Além disso, empresas distribuidoras de combustíveis, como a Aster Petróleo e a Duvale Distribuidora de Petróleo, também estão entre os alvos da operação.

Lista de principais alvos da megaoperação:

Pessoas físicas

  • Mohamad Hussein Mourad – Empresário, epicentro do esquema criminoso
  • Roberto Augusto Leme – Apontado como operador central do esquema
  • Marcelo Dias de Moraes – Presidente da Bankrow Instituição de Pagamento
  • Camila Cristina de Moura Silva/Caron – Diretora financeira da BK, fintech usada para lavagem de dinheiro
  • Valdemar de Bortoli Júnior – Com vinculação às distribuidoras de combustíveis Rede Sol Fuel e Duvale
  • José Carlos Gonçalves, conhecido como “Alemão” – Ligado ao PCC
  • Lucas Tomé Assunção – Contador vinculado à GGX Global Participações e Usina Sucroalcooleira Itajobi
  • Marcello Ognibene da Costa Batista – Contador com indícios de fraude societária

Empresas e instituições financeiras:

  • BK Instituição de Pagamento S.A. 
  • Bankrow Instituição de Pagamento S.A. 
  • Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. 
  • Reag Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. 
  • Altinvest Gestão de Administração de Recursos de Terceiros Ltda. 
  • BFL Administração de Recursos LTDA 
  • Banco Genial S.A. 
  • Actual Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. 
  • Ello Gestora de Recursos LTDA 
  • Libertas Asst S/A 
  • Banvox Distribuidora de Títulos e Valores LTDA 
  • Zeus Fundo de Investimento em Direitos Creditórios 
  • Brazil Special Opportunities Fund 
  • Atena Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Olimpia Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado 
  • Minesotta Fundo de Investimento Imobiliário 
  • Pinheiros Fundo de Investimento Imobiliário FII 
  • Olsen Fundo de Investimento Imobiliário Responsabilidade Limitada 
  • Mabruk II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados 
  • Radford Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado
  • Participation Fundo de Investimento em Participações em Cadeias Produtivas Agroindustriais 
  • Zurich Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Pompeia Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Location Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Derby 44 Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado 
  • Los Angeles 01 Fundo de Investimento Imobiliário 
  • Gold Style Fundo de Investimento em Direito Creditório Não Padronizado 
  • Hans 95 Fundo de Investimento Multimercado e Investimento no Exterior 
  • Celebration Fundo de Investimento em Participação Multiestratégia 
  • Keros Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Fundo de Investimento Imobiliário FII Enseada 
  • Fundo de Investimento Imobiliário Ruby Green 
  • Fundo de Investimento Imobiliário Green Eagle 
  • Pegasus Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Paraibuna Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia 
  • Fundo de Investimento Imobiliário Toronto 
  • Mam ZC Tesouro Selic FI Renda Fixa DI Soberano 
  • Anna Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios 
  • Reag High Yield Fundo de Investimento em Direitos Creditórios

Distribuidoras e administradoras de postos de combustíveis

  • Aster Petróleo Ltda.
  • Safra Distribuidora de Petróleo S/A
  • Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool Ltda.
  • Arka Distribuidora de Combustíveis Ltda.
  • GGX Global Participações SA
  • Ciclone Gestão e Participações Ltda.
  • Latuj Participações Ltda.
  • Lega Serviços Administrativos SA
  • Vila Rica Participações Ltda.
  • Khadige Conveniência Ltda. (denominada Empório Express Ltda.)
  • Dubai Administração de Bens Ltda.

A logística criminosa e a lavagem de dinheiro

A operação também revelou a complexidade do esquema, que envolvia diversas etapas, desde a importação ilegal de metanol até a distribuição de combustíveis adulterados. Segundo as investigações, o metanol era desviado do Porto de Paranaguá, no Paraná, e destinado a postos de combustíveis ligados ao grupo criminoso. Além disso, contadores atuavam diretamente na manipulação das transações financeiras e no uso de fintechs para dificultar o rastreamento do dinheiro. A utilização de fundos de investimento, muitos deles com vínculos na Faria Lima, foi outra estratégia empregada pelo grupo para ocultar o dinheiro oriundo das fraudes.

PCC e a influência no mercado de combustíveis

A megaoperação desvendou ainda a forma como o PCC atuava diretamente no mercado de combustíveis. Investigadores apontam que donos de postos de combustíveis foram coagidos a vender seus estabelecimentos para integrantes do grupo criminoso. Em alguns casos, os vendedores não receberam os valores das transações e foram ameaçados de morte caso cobrassem o pagamento. Esse tipo de extorsão e manipulação econômica demonstram a grandeza e o alcance da organização criminosa, que usava a economia formal e instituições financeiras para ocultar seu patrimônio ilícito.

Ao todo, a operação impactou oito estados brasileiros: São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O volume de recursos movimentados pela organização foi estimado em bilhões de reais, com a sonegação de impostos superando os R$ 7,6 bilhões. Com a deflagração da operação, autoridades esperam dar um golpe significativo em um dos maiores esquemas criminosos que afeta o mercado de combustíveis e sistemas financeiros do Brasil.

As investigações continuam, e novos desdobramentos podem surgir conforme mais informações sobre o funcionamento da rede de lavagem de dinheiro e fraude fiscal sejam reveladas. A ação representa um passo importante no combate ao crime organizado e ao tráfico de influências em setores estratégicos da economia brasileira.


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