Do Jornal de Fato
Estima-se que o Mossoró Cidade Junina 2025 custou aos cofres públicos algo em torno de R$ 50 milhões. Os números não são oficiais porque não há transparência na gestão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), mas mostra que o município tem um orçamento bilionário e que pode bancar festas populares em praças públicas.
No entanto, problemas em áreas vitais como saúde e educação, principalmente, levantam questionamentos se os recursos públicos estão sendo aplicados corretamente. Se a prioridade é a realização de festas, com o discurso de fortalecimento da economia por meio do turismo, as outras áreas se apresentam comprometidas.
Nesta semana, por exemplo, nenhuma das três Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) está realizando exames. Os usuários são orientados a pagar laboratórios privados porque a empresa que fornecia os serviços nas UPAs suspendeu o atendimento por falta de pagamento.
A reportagem do Jornal de Fato ouviu de servidores das unidades de saúde que uma empresa de Natal, contratada para oferecer os aparelhos utilizados em exames, decidiu lacrar os equipamentos das UPAs do Alto de São Manoel, zona leste; do bairro Santo Antônio, zona norte; e da unidade do Belo Horizonte, zona sul.
“Os técnicos da empresa chagaram aqui, lacraram os aparelhos e disse que a Prefeitura não honra o pagamento há quase um ano”, disse um servidor de UPA, que pediu para não ser identificado temendo perseguição por parte do prefeito Allyson.
O servidor afirmou que todo os equipamentos utilizados nas UPAs para realização de exames foram interditados. Por gravidade, foram suspensos exames como hemograma, dosagem de enzimas cardíacas, urina, entre outros. “Aqui, não estamos fazendo mais nada de exame”, atestou uma servidora da UPA do São Manoel.
Além da interdição dos equipamentos, os servidores reclamam que as UPAs deveriam ter aparelhos próprios para realizar exames, mas a gestão municipal se nega a fazer o investimento. “As festas promovidas com dinheiro público são um sucesso, muita gente, muita mídia, mas o atendimento na rede municipal de saúde está em caos por falta de cuidados básicos e de investimento”, relata a servidora.
Segundo os relatos, a situação foi comunicada à Secretaria Municipal de Saúde, que nada fez até o momento. As UPAs são unidades de prestação de serviços médicos de urgência e emergência. Muitos dos pacientes que acorrem a elas precisam se submeter a exames urgentes. A demora na realização desses procedimentos pode significar a perda de vidas.
A reportagem do Jornal de Fato tentou contato com a Secretaria Municipal de Saúde, mas não obteve retorno.
Prefeitura terceirizou serviços que eram do PAM do Bom Jardim
A situação precária nas Unidades de Pronto-Atendimento reflete o avançado sucateamento da rede municipal de Saúde. A oposição afirma que esse processo foi iniciado na primeira gestão do prefeito Allyson Bezerra, quando ele teria, de forma deliberada, fragilizado a estrutura pública para transferir serviços à iniciativa privada.
É o caso do Posto de Atendimento Médico (PAM) do Bom Jardim, bairro da zona norte de Mossoró. Mesmo a unidade tendo material e estrutura para realizar exames laboratoriais, a gestão Allyson contratou uma empresa, por um valor milionário, para realizar exames em pacientes da rede pública.
A oposição afirma que a gestão municipal se especializou em terceirizar suas responsabilidades, que vai além da saúde. Na educação, mais de 70% dos professores são oriundos de processos seletivos, vínculos precários de trabalho que impactam diretamente na qualidade do ensino.
Também tem os serviços de secretarias, órgãos e autarquias, cujos os servidores são, em sua maioria, contratados por empresas terceirizadas. A oposição afirma que é uma forma de transferir para iniciativa privada a maior parte do dinheiro do contribuinte mossoroense.
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