Por Amina Costa / Jornal de Fato
No domingo, 20 de julho, os brasileiros foram surpreendidos com a notícia do falecimento da cantora Preta Gil, filha do também cantor Gilberto Gil, que desde 2023 lutava contra um câncer colorretal. Após o anúncio do falecimento, começaram a circular nas redes sociais alguns vídeos da cantora falando sobre a doença e sobre os primeiros sintomas.
O caso acendeu o alerta para o câncer colorretal, que, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), apesar de ser altamente prevenível e tratável quando detectado precocemente, o tumor ainda está entre os mais letais, sendo o segundo tipo de câncer que mais mata em todo o mundo.
Conforme dados repassados à reportagem do Jornal De Fato pela Liga de Mossoró, houve um aumento consistente no número de diagnósticos e tratamentos de câncer colorretal nos últimos anos, reforçando a necessidade de prevenção e rastreamento precoce. Conforme os dados, entre 2019 e 2023, a instituição atendeu 169 pacientes com a doença, com números que variaram de 25 casos em 2019 para 40 em 2022, ano com o maior registro de casos. Em 2023, foram contabilizados 38 novos casos, evidenciando que o problema segue em alta na região.
Quando analisada a série histórica de atendimentos de casos que envolvem desde a junção do retossigmoide até o canal anal, o cenário é ainda mais preocupante. Entre 2006 e 2023, a Liga de Mossoró diagnosticou e tratou 395 casos. O especialista Geilson Freire, diretor técnico do hospital, informou que a maior preocupação é porque o câncer colorretal, em muitos casos, evolui de forma silenciosa, acendendo o sinal de alerta para o diagnóstico precoce.
“Estamos acompanhando uma evolução preocupante. Muitos desses casos poderiam ter sido diagnosticados mais cedo se houvesse maior conscientização sobre os sintomas e sobre a importância da colonoscopia como exame preventivo. Quando detectado ainda em fase inicial, o câncer colorretal tem altas chances de cura. Por isso, é essencial ampliar campanhas de prevenção e facilitar o acesso aos exames de rastreamento”, destacou.
O diretor técnico da Liga de Mossoró informou ainda que é importante que o paciente esteja sempre atento às mudanças que ocorrem no corpo e elencou alguns sintomas que precisam ser levados em consideração, caso apareçam. “Sangue nas fezes, alterações persistentes no hábito intestinal, dor abdominal, perda de peso sem causa aparente e sensação de evacuação incompleta são sinais de alerta que não devem ser ignorados”, reforça.
A reportagem também conversou com a oncologista paliativa Stephanie Dantas, que destacou as chances de cura quando a doença é diagnosticada cedo. Ela informou ainda que, por parecerem leves, os sintomas iniciais, muitas vezes passam despercebidos. “Quando diagnosticado precocemente, o câncer colorretal tem até 90% de chance de cura. Por isso, a prevenção e o rastreio são tão importantes. O acompanhamento médico regular faz toda a diferença nesse cenário. Os primeiros sinais podem parecer leves no início, por isso passam despercebidos. Mas eles devem acender o alerta e motivar uma avaliação médica”, destacou.
Sobre os exames de rastreamento, a médica oncologista paliativa também reforçou a importância da rotina preventiva. “Os exames de rotina ajudam a detectar alterações antes que os sintomas apareçam. Isso permite iniciar o tratamento mais cedo e com melhores resultados. A partir dos 45 anos, a colonoscopia é recomendada como exame de rastreio. Em casos de histórico familiar, a investigação pode começar antes. Outros exames incluem sangue oculto nas fezes e sigmoidoscopia”, detalhou.
O médico e diretor técnico da Liga de Mossoró destacou que alguns critérios podem fazer com que esse acompanhamento com exames específicos precise ser feito mais cedo que o normal. “O histórico familiar, a dieta rica em carnes vermelhas e processadas, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool estão entre os principais fatores de risco e devem ser levados em consideração”, frisou.
O tratamento do câncer colorretal varia conforme o estágio da doença. Em fases iniciais, a cirurgia pode ser suficiente para a cura. Nos estágios mais avançados, podem ser feitas combinações entre quimioterapia, radioterapia e cirurgias. O diretor técnico da Liga de Mossoró destaca que o tratamento envolve uma equipe de vários profissionais. “O cuidado precisa ser multidisciplinar, envolvendo oncologistas, cirurgiões, gastroenterologistas, nutricionistas e equipe de apoio. Esse modelo integrado tem mostrado melhores resultados e mais qualidade de vida aos pacientes”, conclui Dr. Geilson Freire.
Confira o histórico de casos diagnosticados e tratados pela Liga de Mossoró nos últimos anos:
2019: 25 casos
2020: 29 casos
2021: 32 casos
2022: 40 casos
2023: 38 casos
Total dos últimos 5 anos: 169 casos
Total de casos que apareceram desde o retossigmoide até o canal anal de 2006 a 2023: 395 casos.
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