Soldados israelenses que atuam em Gaza revelaram ao jornal Haaretz que o exército tem atirado intencionalmente contra civis palestinos próximos a centros de distribuição de ajuda humanitária, segundo reportagem publicada pelo jornal nesta sexta-feira (27).
Segundo os relatos, os comandantes ordenam disparos contra multidões mesmo quando não há qualquer ameaça. "É um campo de extermínio", disse um soldado. "Matam de um a cinco por dia, como se fossem alvos militares".
Civis famintos sob fogo pesado
Desde o fim de maio, ao menos 549 palestinos foram mortos e mais de 4 mil ficaram feridos nessas áreas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
O exército israelense usa metralhadoras pesadas, morteiros e até tanques contra pessoas que tentam conseguir comida. "Não usamos gás lacrimogêneo nem meios de dispersão. É só fogo real", confessou outro combatente.
Os centros de ajuda foram criados por uma "fundação humanitária" ligada a evangelistas norte-americanos aliados a Netanyahu e Trump.
Mas, segundo os soldados, a distribuição é caótica e a "comunicação" com os civis se dá por meio de tiros. Além disso, o exército protege empreiteiros privados que lucram com a demolição de casas palestinas — e frequentemente entram em confronto com civis ao se aproximarem de áreas de ajuda.
Ordem é atirar, não importa em quem
"Não há qualquer ameaça real. As ordens são afastar civis com munição real", afirma um oficial. Um reservista completou: "Normalizaram o assassinato de inocentes. Dizem que não há civis em Gaza, e isso virou regra".
Mesmo diante das crescentes denúncias, as investigações internas do exército seguem superficiais. Como disse um oficial ouvido pelo Haaretz, "a discussão é se o uso de artilharia afeta a imagem de Israel — não o fato de dezenas morrerem todos os dias só porque estavam com fome".
Agência RT Brasil
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