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 Foto: José Aldenir/Agora RN

Parte da areia da Praia de Ponta Negra, em Natal, foi arrastada pela água da chuva nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira 6. Imagens gravadas por comerciantes mostram que uma voçoroca aconteceu perto do Morro do Careca.

É a primeira vez que ocorre uma voçoroca em Ponta Negra após a obra de engorda, concluída no mês passado. Esse fenômeno, cuja possibilidade de ocorrência havia sido alertada por especialistas durante o licenciamento ambiental, acontece quando a água da chuva desce com muita pressão e sai arrastando a areia da praia em direção ao mar, desmanchando a engorda.

Além da voçoroca, a praia também voltou a alagar. Nas primeiras horas da manhã, era possível observar que a água da chuva se acumulou ao longo da faixa de areia, dificultando a circulação de banhistas e comerciantes.

COMO DEVERIA FUNCIONAR

O projeto de drenagem de Ponta Negra – que ainda está em execução – prevê a instalação, ao longo da orla, de caixas dissipadoras – que servem como grandes tanques para armazenar a água da chuva. É a partir dessas caixas que a água infiltra para o solo.

Segundo a prefeitura, o reservatório deve evitar que a água avance com muita velocidade e força sobre as areias da praia, o que pode arrastar o material para o mar, desmanchando a engorda. Acontece que, quando o volume de chuva é muito alto, a água extravasa dessas caixas e forma lagos no entorno.

ESCAVAÇÃO MANUAL

Segundo Thiago Mesquita, secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, a voçoroca que ocorreu na Praia de Ponta Negra foi consequência de uma escavação manual realizada na praia.

De acordo com o secretário, usuários da praia abriram indevidamente uma vala na faixa de areia para que a água acumulada escorresse para o mar.

“Houve abertura de manual, por pessoas, de uma pequena vala, na boa intenção de escoar mais rápido a formação dos lagos. Isso acabou comprometendo a estrutura do local. A água desceu num volume muito grande e formou uma voçoroca”, afirmou Mesquita, em coletiva de imprensa. O problema foi corrigido ontem mesmo.

Sobre o alagamento, Mesquita voltou a afirmar que o fenômeno era esperado. Ele explicou que a água da chuva fica empoçada na praia para que infiltre lentamente na areia. De acordo com o secretário, isso era algo previsto na concepção do sistema de drenagem. Se isso não acontecesse, a água da chuva desceria com muita pressão para a praia, provocando voçorocas de maneira generalizada.

“O sistema de drenagem não está 100% executado. Quando estiver 100%, vai mitigar de forma razoável a formação dos lagos, tornando mais facilitado o trabalho de percolação (infiltração) da água de chuva”, afirmou.

Impacto para comerciantes e medidas da Prefeitura

Os alagamentos têm afetado comerciantes da região, que enfrentam dificuldades para manter seus negócios operando. Mesquita confirmou que o zoneamento da praia levará em conta a formação de lagos para definir onde será permitida a instalação de estruturas comerciais. “Não vamos permitir que pontos de comércio sejam colocados em áreas onde os lagos vão se formar”, explicou.

O secretário também ressaltou que, antes da engorda, a maré já dificultava o funcionamento dos estabelecimentos à beira-mar. “Se não tivéssemos o aterro hidráulico, a maré chegaria ao calçadão quatro vezes ao dia, impossibilitando qualquer ocupação. Agora, mesmo que a chuva cause pequenos lagos, a área útil da praia foi ampliada”, disse.

A Prefeitura segue monitorando a situação e reforçando as medidas de drenagem. “O que está acontecendo agora é uma amplificação dessa situação pela ausência da complementação do sistema. Com a conclusão da drenagem, esse impacto será reduzido”, concluiu Mesquita.

Engorda. A obra da engorda de Ponta Negra irá conter os efeitos da maré alta na orla, proteger a infraestrutura urbana e impulsionar o turismo local. A obra da engorda é um aterro hidráulico que proporcionará à praia de Ponta Negra e uma parte da Via Costeira uma faixa de areia aumentada em até 100 metros na maré baixa e 50 metros na maré alta, em todo os seus 4 km de engorda.

A engorda da praia é fundamental para a orla, que sofre há anos com problemas de fortes marés e erosão do calçadão localizado na orla. A obra começou no dia 30 de agosto, em seguida foi paralisada por problemas com a jazida inicial, e foi retomada no dia 21 de setembro, sendo finalizada em janeiro.

Agora RN


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