Por César Santos/Jornal de Fato
O prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) está, mais uma vez, envolvido em situação no mínimo suspeita. Agora, trata-se de suposta falsificação de assinatura em documentos de prestação de contas eleitorais de 2020. Pelo menos duas assinaturas, que seriam de Allyson, apresentam grafias diferentes. O caso, se confirmado, pode se configurar em crime de falsidade ideológica, com pena de prisão e perda de direitos políticos.
A suposta falsificação foi levantada pela oposição, levando em conta que em documentos da campanha eleitoral de 2020 constam a assinatura como se fosse de Allyson Bezerra, mas bem diferente da grafia do prefeito. Naquele ano, Allyson era deputado estadual e candidato a prefeito de Mossoró. As suas contas de campanha foram aprovadas pela Justiça Federal, mas a oposição desconfiou que havia clara diferença entre as assinaturas e a grafia de Allyson.
A partir daí, a oposição partiu para investigar o caso. Para isso, contratou o perito especializado em grafotécnica, Bruno Francisco Siqueira Silva, do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª região e do Tribunal de Justiça de Alagoas, com registro no Cadastro Nacional de Peritos Particulares. Ele analisou dois contratos de prestações de serviços que contêm assinaturas atribuídas a Alysson Leandro Bezerra Silva, tendo os claros escritos com caneta esferográfica contendo lançamento de assinatura rubricada.
O profissional procurou constatar nas “peças de exame” se as assinaturas tiveram origem, ou não, do punho de Allyson, utilizando como padrão de confronto cheques contendo assinaturas oriundas do punho caligráfico do próprio Allyson.
A conclusão preliminar diz que as duas grafias contidas nas peças examinadas saíram do mesmo punho, em face à similaridade das características gráficas encontradas. A etapa seguinte foi analisar se as assinaturas questionadas tinham origem do punho de Allyson Bezerra. O resultado final apontou que as assinaturas “não são provenientes do punho caligráfico” de Allyson Bezerra.
O laudo do perito Bruno Francisco afirma:
“... em virtude dos exames grafotécnicos efetuados nas assinaturas contidas nas peças exame, em comparação com as peças padrões fornecidas, que as mesmas, ainda que produzidas pelo mesmo punho caligráfico, NÃO SÃO PROVENIENTES do punho caligráfico do Sr. Alysson Leandro Bezerra Silva. Concluo também que a falsificação se deu de forma exercitada, momento no qual a cópia é treinada ao ponto de ficar, a olho nu, parecida com a original.”
Com base no laudo técnico, a oposição vai entrar com uma representação contra Allyson Bezerra no Ministério Público Eleitoral (MPE). A partir daí, toda documentação será periciada pela Polícia Federal. Com base no resultado, o MP Eleitoral encaminhará o processo que apresentar necessário.
Escândalo envolvendo falsificação de assinatura não é uma novidade no ambiente político e administrativo do prefeito Allyson Bezerra. O mais grave, até aqui, envolveu o seu então secretário do Planejamento, Orçamento e Gestão, Kadson Eduardo, que foi condenado pela Justiça Federal à prisão por falsificação de documento público.
Mesmo condenado, Kadson continuou no secretariado municipal e só foi exonerado quando a imprensa tornou o caso de conhecimento público.
O advogado Kadson Eduardo chegou a Mossoró em 2020, com status de “braço direito” da campanha do então deputado estadual Allyson Bezerra (Solidariedade, hoje União Brasil) à Prefeitura de Mossoró. Ele tinha poder de decisão e o seu DNA, com assinatura, pode ser encontrado em vários documentos da campanha eleitoral.
Allyson eleito, logo, Kadson assumiu o status de secretário “todo poderoso”, como era visto no Palácio da Resistência. O “braço direito” do prefeito foi além de suas atribuições, e, qualquer decisão que fosse administrativa e/ou política passava pelo seu crivo.
Kadson colocou as suas digitais em pelo menos seis pastas do governo municipal. Ele começou como chefe do Gabinete Civil e, nos dois primeiros meses da gestão Allyson, acumulou a Secretaria de Administração, ficando até a nomeação de João Eider, no fim de fevereiro de 2021. Ainda naquele ano, em novembro, Kadson voltou a comandar a Secretaria de Administração, com o pedido de exoneração de João Eider. Depois, também respondeu interinamente pela Secretaria de Assistência Social, quando o prefeito teve dificuldades de encontrar o nome para assumir a pasta.
Em 2022, Kadson saltou da chefia de Gabinete para a titularidade da Secretaria do Planejamento, Orçamento e Gestão. Paralelamente, respondeu pela Secretaria de Governo, com a saída de Brenno Queiroga para ser candidato nas eleições estaduais. Agora em 2024, entre fevereiro e março, Kadson acumulou a Secretaria de Cultura com a do Planejamento, com a exoneração do produtor cultural Igor Ferradaes.
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