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Estrada tem enorme potencial para fazer deslanchar economia regional que é múltipla em produtos e serviços (Reprodução Canal BCS)

Por Josivan Barbosa

A Estrada do Sal, que foi objeto de audiência pública na Câmara Municipal de Serra do Mel no último mês de abril, é viável do ponto de vista econômico-social, pois trata-se de um trecho novo sem a necessidade de construção de pontes ou qualquer outro tipo de estrutura complementar.

É um trecho reto que liga vários assentamentos e vilas do projeto de reforma agrária Serra do Mel conforme descrito abaixo:

Trecho 1. Aproveitamento do acesso Vila Brasília – BR 110: Esse trecho compreende cerca de 23 Km que já está pavimentado e sem denominação.

Trecho 2: Vila Brasília – Vila Pernambuco (5 km): A Vila Pernambuco possui mais de 100 famílias, com produção de caju e melancia no período de chuvas. Há produção também de feijão no período de chuvas. A safra de caju é mais tardia. A partir de novembro. Há também produção de lenha a partir do cajueiro gigante.

Trecho 3: Vila Pernambuco – Vila Bahia (5 km): A Vila Bahia possui 59 famílias e apresenta as mesmas características de produção da Vila Pernambuco.

Trecho 4: A proposta é que a partir da Vila Bahia a estrada seja direcionada até PA Canto Comprido (Carnaubais – 8,84 km).

Trecho 5: Canto Comprido até o entroncamento com a Estrada do Camarão (7 km). Com a recuperação da Estrada do Camarão facilitaria o acesso até a RN 118 (Pendências). Nesse formato, a nova Estrada passaria a ser uma RN ligando a BR 110 até a Vila Brasília, em seguida a estrada se estenderia até a RN 404 e desta até a RN 118, conforme Figura mapa abaixo.

O formato apresentado na audiência pública representa uma distância aproximada de 27 km para ser pavimentada. Com o aproveitamento do acesso de 23 km até a BR-110, teríamos uma distância de 50 km até a RN 404.

Na configuração acima a estrada beneficiaria os municípios de Mossoró, Areia Branca, Carnaubais, Porto do Mangue, Macau e Pendências. Além, disso, a estrada passaria a ser uma ligação da BR 406 com a BR 110.

Benefícios complementares da nova RN 

A nova rodovia beneficiará as seguintes comunidades rurais: 

PA Planalto (11 km a partir da Vila Bahia): O projeto de assentamento possui 51 famílias com lotes de 25 ha, entretanto, poucos apresentam produção significativa, pois registra-se um certo esvaziamento na ocupação das residências. Normalmente os ocupantes apresentam atividades não rurais em Porto do Mangue e em Carnaubais.

PA Brilho do Sol (7 km a partir do PA Planalto): O PA Brilho do Sol I apresenta as mesmas características do PA Planalto com 64 famílias de 17 hectares.

A rodovia ainda beneficiará a Vila Tocantins e os PAs Carajás e Brilho do Sol II.

Energias eólicas e solar

A construção dessa estrada beneficia ainda as comunidades rurais dos assentamentos Carajás e Brilho do Sol II e da vila rural do projeto da Serra do Mel Tocantins.

Todos as vilas e PA acima descritos são locais que ainda poderão se beneficiar de futuros parques eólicos, cuja realidade sócio-econômica da população beneficiada na Serra do Mel é muito diferente de quando a população tinha como rendimento apenas a cultura do cajueiro.

Outro aspecto importante é que a região cortada pela estrada poderá abrigar vários parques de energia foto voltaica (solar).

Benefícios para a indústria salineira

Atualmente a denominação de Estrada do Sal é justificada pois já existe   transporte de sal em caminhões, carretas e caçambas provenientes das salinas de Porto do Mangue, Macau e Pendências via estradas carroçáveis da Serra do Mel e municípios vizinhos com destino às refinarias de sal instaladas em Mossoró. Apesar de carroçáveis, as estradas não são susceptíveis à desgaste na época chuvosa em função de se tratar de terrenos bastante arenosos.

Cajarana

Diante do quadro de chuvas regulares dos últimos cinco anos, as árvores nativas de cajarana e aquelas cultivadas estão ganhando muita importância para o pequeno produtor, principalmente, no aproveitamento do produto para a fabricação de polpa.

As indústrias de polpa estão comprando o fruto no valor variando de R$ 1,00 a R$ 1,50 por quilo com entrega direta na indústria.

Quando o produtor investe e equipamentos para fabricação da polpa, consegue agregar valor e vender o quilo na faixa de R$ 5,00.

Em ambos os casos, há um avanço no sentido de reduzir as perdas pós-colheita que em alguns locais chegava a praticamente 100%.

O valor do produto no mercado regional está servindo de incentivo para que o produtor possa instalar pequenos pomares de cajarana com material genético mais selecionado e mais precoce.

Uma planta de cajarana adulta pode fornecer por safra cerca de 500 kg de fruto. Um rendimento muito elevado quando comparado com outros tipos de frutos cultivados no Semiárido.

Um bom exemplo do aproveitamento da cajarana no Semiárido está acontecendo no PA Pitomba em Governador Dix-Sept Rosado, umas das maiores áreas produtoras de cajarana da região. Os pequenos produtores firmaram parceria com uma grande fábrica de polpa para fornecer o produto. A prefeitura municipal fornece o transporte para a entrega o quilo chega a R$ 1,00 – com aproveitamento da mão-de-obra familiar.

*Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa


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