Castanhão tem ainda baixo nível de armazenamento nesse início de 2022 (Foto: reprodução BCS)
*Por Josivan Barbosa
O ano de 2022 se inicia trazendo grandes expectativas para as empresas de agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que necessitam da água da barragem do Castanhão. As chuvas na região do Cariri Cearense e no Alto Jaguaribe nesse início de ano têm contribuído para aumentar a esperança de que o maior açude de uso misto de água do Semiárido possa, após quase uma década seco, voltar a ser o principal fator de desenvolvimento da Agricultura Irrigada no Estado do Ceará.
A limitação de água no Castanhão prejudicou fortemente a expansão de novas áreas irrigadas e trouxe sérios prejuízos para os produtores de frutas destinados ao mercado externo. Alguns desses produtores foram obrigados a romper os contratos com os importadores e perderam o mercado.
Outros tiveram que procurar água em outras regiões do Semiárido, como o Estado do Piauí que abrigou duas grandes empresas exportadoras da nossa região.
Após as últimas chuvas (08/01/2022), o Castanhão apresenta os seguintes números: cota: 77,02 com aumento de 16 cm em 2022; capacidade acumulada: 8,26% o que equivale a 554 milhões de metros cúbicos; vazão para o Rio Jaguaribe: 6000L; vazão para os perímetros irrigados: 9000 L.
As perdas pós-colheita x falta de contêineres
Em 2020 as cadeias de fornecimento de frutas e hortaliças viram-se afetadas por profundas dificuldades. Em função da pandemia, houve fechamento de agroindústrias, mas não somente isso. As tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China contribuíram para a falta de contêineres e para a redução de fluxos marítimos.
As dificuldades de abastecimento continuaram em 2021, em particular com o bloqueio do Canal de Suez pelo porta contêiner Ever Given por quase cinco meses. O bloqueio imobilizou um grande número de contêineres e navios o que provocou estrangulamentos nos portos de várias partes do mundo.
Essa situação teve enorme repercussão no setor hortifrutícola, ocasionando grandes prejuízos.
Esses reiterados problemas têm levado muitas empresas do setor a armazenar grandes volumes de frutas e hortaliças, evitando assim, qualquer escassez no mercado varejista.
Uma das consequências do atraso de navios é o congestionamento de produtos em função da chegada simultânea, o requer um esforço hercúleo dos operadores para reembalar os produtos que ainda tem qualidade para satisfazer as exigências do consumidor.
A natureza perecível dos frutos e hortaliças tem provocado grandes perdas pós-colheita e de oportunidades de mercado.
Umas das medidas que precisam ser adotadas em 2022 pelos exportadores de frutas e hortaliças é a reserva antecipada (3 a 6 meses) de contêineres para que os contratos com fornecedores e clientes não sejam afetados. Isso vale para os exportadores brasileiros, especialmente os de frutos tropicais que são, na sua maioria, altamente perecíveis e que, portanto, necessitam de contêineres refrigerados como uva, manga, melão, melancia e mamão.
A competição por contêineres refrigerados provocou aumento dos fretes marítimos, mas o exportador, na maioria dos casos não conseguiu repassar os custos para o consumidor em função dos aspectos econômicos causados pela pandemia.
Diante desses problemas, a gestão da cadeia de fornecimento será neste ano o centro das atenções das empresas do setor de frutas e hortaliças que trabalham com o comércio ultramar.
Aumenta o cultivo de limão Tahiti
O Polo de Agricultura Irrigada RN – CE está avançando no cultivo de limão Tahiti. Depois de ser cultivado na região do Vale do São Francisco (Petrolina – Juazeiro) e no Estado do Piauí na década de 90, o limão Tahiti chega com mais vigor na nossa região. O limão Tahiti já tinha algumas experiências de cultivo em Baraúnas e em Upanema e agora se expande para a microrregião produtora do DIBA (Distrito Irrigado Baixo-Açu) e região de Touros.
A ampliação da área de cultivo de limão Tahiti no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE coincide com uma expansão do volume de exportações de limão brasileiro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil embarcou 126,4 mil toneladas de limões e limas entre janeiro e outubro, faturando US$ 108,1 milhões. Volume e receita cresceram 6% em relação a 2020.
A produção de limão para o mercado externo está concentrada no Estado de São Paulo, mas pode se tornar em curto prazo uma excelente alternativa para diversificar a produção de frutas na nossa região.
*Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)
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