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Exoplaneta com a massa da Terra foi descoberto em um sistema estelar distante e é chamado de KMT-2020-BLG-0414Lb.


Pesquisadores da UFRN integram grupo que descobriu 'Nova Terra' — Foto: Reprodução


Dois pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte integram o grupo de astrônomos que descobriu um exoplaneta com a massa da Terra em um sistema estelar distante, designado de KMT-2020-BLG-0414Lb.

A descoberta foi publicada na revista Research in Astronomy and Astrophysics. O novo planeta extrassolar foi detectado através da técnica de Microlentes Gravitacionais.

O anúncio da "Nova Terra" havia sido feito na sexta-feira (24). Neste sábado (25), o telescópio espacial James Webb foi lançado a partir de uma base da Agência Espacial Europeia (ESA) na Guiana Francesa. O novo telescópio espacial da Nasa é, basicamente, um grande observatório espacial que consegue enxergar objetos – como estrelas, galáxias e exoplanetas – super distantes no espaço.

O KMT-2020-BLG-0414Lb está 224,4 milhões de quilômetros distante de sua estrela hospedeira, ou uma vez e meia a distância Terra-Sol, como calculam os astrofísicos.

"Sendo a distância média entre a Terra e o Sol de aproximadamente 149.600.000 km, ou seja uma Unidade Astronômica (AU), o planeta descoberto está somente 1,5 vez esta distância. É um planeta raro e único na relação entre o tamanho de sua órbita e sua massa. Atingimos com ele a linha do gelo, que é a distância específica onde a atmosfera é fria o suficiente para compostos voláteis como água, amônia, metano, dióxido de carbono e monóxido de carbono condensado em grãos de gelo sólidos. Este é um passo fundamental na formação da sopa cósmica onde a vida foi cozinhada", explica José Dias do Nascimento Júnior, professor associado do Departamento de Física Teórica e Experimental da (DFTE/UFRN).

"Além de ser uma descoberta fenomenal por conta da sua massa ser igual a da Terra, é também o menor planeta já detectado com esta técnica em respeito da fração de massa do sistema. Esse planeta é 100 mil vezes menor em massa do que sua estrela hospedeira", conta Leandro Almeida, do Laboratório Nacional de Astrofísica, egresso do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGFIS) do DFTE/UFRN, que também está entre os astrônomos envolvidos no projeto.


Mais sobre a pesquisa

José Dias ressalta que seria ingênuo pensar que todos planetas habitáveis têm uma chance igual para hospedar vida. "Nossa geração de indivíduos está vendo o nascer da socio-exoplanetologia, nas quais são pensadas e questionadas as possibilidades da existência de civilizações extraterrestres, sua detecção, especulações sobre o balanço entre água e terra como um parâmetro sine qua non para a vida e os impactos destes avanços científicos em como nos vemos e exercemos nossas relações interpessoais em comunidades e grupos na sociedade", complementa Dias.

Como a massa de sua estrela possui apenas um terço da massa do Sol, o KMT-2020 é também significativamente mais frio do que a Terra. Os pesquisadores observaram ainda que existe outro objeto nesse sistema: uma anã marrom. Com 17 vezes a massa de Júpiter, é muito grande para ser considerado um planeta, mas muito pequeno para ser considerado uma estrela.

Os astrônomos apontam que a técnica de Microlentes Gravitacionais, usada para detectar o novo exoplaneta, mede a variação do brilho de estrelas distantes quando, a partir da perspectiva do observador, há um alinhamento (ou quase) entre duas estrelas, uma mais ao fundo (fonte) e outra no meio do caminho (lente).

Segundo o estudo divulgado pela UFRN, esse alinhamento faz com que a luz da fonte sofra um desvio do seu caminho original. Esse desvio da luz gera um aumento do brilho da estrela do fundo e, se as duas estrelas possuem movimentos relativos, uma curva de luz característica é produzida. Se a estrela lente possui um planeta, os pesquisadores podem inferir a sua presença através da análise cuidadosa dessa curva de luz e determinar as frações de massa do sistema, assim como o semi-eixo maior aparente (a distância do planeta até a estrela).

"Medir esse evento de maneira robusta requer um esforço global para obter observações quase que contínuas do evento para caracterizar o sinal", disse Leandro Almeida.

Esse evento foi, originalmente, descoberto pelo time coreano Korea Microlensing Telescope Network (KMT) que, normalmente, possui telescópios observando a partir do Chile, Austrália e África do Sul. No entanto, por conta das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, apenas o telescópio da Austrália estava operando.

As observações que contribuíram para a descoberta partiram de diversos observatórios localizados nos Estados Unidos, Brasil, Austrália e África do Sul. As observações feitas no Brasil, no Observatório Pico dos Dias (OPD), foram importantes porque sua longitude única oferece uma cobertura temporal singular do evento.

Devido às restrições operacionais no OPD por conta da pandemia, Leandro Almeida realizou as observações desse evento de maneira remota em 2020, enquanto concluía sua pesquisa pelo PPGFIS/DFTE/UFRN.  


*G1

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