Do Blog do Carlos Santos
Ela e sua equipe calculavam que seria possível amealhar uns 23 mil votos em todo o estado. Se sua coligação elegesse uns três nomes, a terceira vaga não ficaria com outra candidatura. Erraram feio. A vereadora Isolda Dantas (PT) foi mais além, bem mais além. A Coligação Do Lado Certo (PT/PCdoB/PHS) fez três deputados estaduais e ela foi a mais votada.
Isolda foi a 13ª mais votada entre os 24 eleitos à Assembleia Legislativa, no pleito do último dia 7 de outubro. Ao todo, a parlamentar da Câmara Municipal de Mossoró, originária de Patu, obteve 32.963 votos.
Acabou sendo votada em 166 dos 167 municípios do Rio Grande do Norte. Só em João Dias na região Oeste, é que não ninguém lembrou de digitar o número 13.123 dessa assistente social de 44 anos.
Tem mais: em Natal, chegou a somar 9.172 votos, ficando em 9º lugar. Foi mais votada na capital do que 17 dos eleitos, ficando para trás também alguns deputados que não conseguiram se reeleger, como Jacó Jácome (PSD) e Márcia Maia (PSDB). Até Adjuto Dias, filho do prefeito natalense Álvaro Dias (MDB), totalizou menos votos do que ela em Natal e não se elegeu.
Em Mossoró, outro feito obtido por Isolda: foi o quarto nome mais bem votado, com 11.031 votos e quebrou uma sina que perdurava desde os anos 90. O último vereador local a ser eleito deputado estadual foi Francisco José (pai) pelo PFL, em 1994, portando há 24 anos.
A eleição de Isolda Dantas é relativamente uma surpresa. Os números, contudo, indicam que não exatamente.
Eleita à Câmara Municipal de Mossoró em 2016, Isolda Dantas também conquistou a presidência local do PT logo em seguida, enfrentando correntes internas antiquadas, modorrentas e que transformaram o partido num paquiderme sem qualquer mobilidade.
Ela chega à Assembleia Legislativa como um tônico partidário no plano estadual, mas também dando mostras no ambiente local de que rejuvenesceu e tornou o partido mais dinâmico e audaz.
União com “Bonas”
Em sua estratégia de campanha, Isolda Dantas intensificou mobilização ao lado de movimentos sociais e organizações populares. Mas dilatou sobremodo seu capital, ao tabelar com Natália Bonavides (PT), vereadora em Natal também em seu primeiro mandato, sendo içada à pulverização de votos em praticamente todo estado.
A performance na capital advém daí, da simbiose com “Bonas”, como carinhosamente a militância trata Natália Bonavides, eleita à Câmara Federal como primeiro nome na mesma coligação.
Isolda Dantas tem diante de si um latifúndio político incomum para ela, para a esquerda e para a oposição não-Rosado em Mossoró, em toda sua história. É muita responsabilidade.
Outro deputado estreante
Ocupará esse espaço com mais um novato na Casa, o servidor público federal e engenheiro Allyson Bezerra (SD), outro caso surpreendente de vitória eleitoral a partir de Mossoró. Os dois, mesmo que em faixas políticas diferentes, têm uma missão representativa incomensurável no legislativo potiguar.
O sobrepeso aumenta porque pela segunda eleição consecutiva os Rosados não conseguem eleger ninguém para a AL, também perdendo o assento que possuíam na Câmara dos Deputados com Beto Rosado (PP). E o vácuo é bem maior do que parece, porque na oposição também há perdas.
Os insucessos eleitorais expressivos de Tião Couto (PR) e Jorge do Rosário (PR) alargam o território que precisa ser ocupado. Não há vácuo em política.
Contudo é precipitado se preconizar um papel de protagonismo para um deles ou ambos, mais adiante. A conjuntura à época da eleição municipal em 2020, o quadro administrativo da gestão Rosalba Ciarlini (PP) até lá e os desdobramentos das eleições ao governo estadual/federal no próximo dia 28, é que formarão parte do cenário que existirá adiante.
Por enquanto, vale comemorar muito. Merecem.
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