Cacim

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O primeiro trimestre de 2018 mudou o cenário de seca em algumas localidades do Rio Grande do norte. A chuva ainda não foi suficiente para mudar a situação dos reservatórios mais importantes do estado, mas já trouxe o verde de volta e um pouco de água para consumo humano e animal.

A cisterna de 16 mil litros, no quintal da agricultora Fátima Queiroz está cheia. Ela mora na comunidade Barragem, na zona rural de Pau dos Ferros, no Alto Oeste Potiguar. Para ela, a chuva dos três primeiros meses do ano foi um alívio.

"A gente já ia se mudar, porque não tinha mais condição, sem água aqui. Agora a cisterna está cheia, graças a Deus", diz Fátima.

Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), Pau dos Ferros registrou um acumulado de chuva de 374 milímetros no primeiro trimestre. Cerca de 70% do que choveu em todo ano passado. Março foi o mês com maior número de precipitações.

sonora: Está chovendo bem melhor, esse ano já vai de 300 a 400 milímetros aqui na região", diz o agricultor João Batista.

Apesar da alegria dos agricultores, os efeitos da estiagem de quase 7 anos ainda são visíveis. Na barragem de Pau dos Ferros, o mato, ainda que verde, toma conta de toda área. Já se passaram 10 anos desde a última vez em que o reservatório registrou sangria. Foi em 2008. A chuva desse trimestre não foi suficiente pra mudar a realidade. Ele continua seco.

Ao redor, balneários usados pra diversão dos moradores e visitantes da cidade praticamente deixaram de funcionar. O pai do autônomo Nilson Costa participou da construção da barragem de Pau dos Ferros. Hoje, a imagem do reservatório seco não é a que ele gostaria de mostrar para os familiares.

"A gente fica triste, porque a gente gosta de ver aqui o verde, a água, o pessoal pescando, como era no passado", lembra Nilson Costa.

Distante 150 quilômetros de Pau dos Ferros, em Caicó, região Seridó potiguar, o agricultor Ivanilson da Silva também mantém a esperança de ver a sangria do açude Itans. O reservatório usado pra abastecer a cidade, dar de beber ao bichos e gerar renda para os pescadores está com apenas 1,5% da sua capacidade. E só chegou a esse nível por causa da chuva nos três primeiros meses do ano.

"Vem sempre dando aquela chuvinha, quase todo dia dá uma chuvinha boa, a terra ainda está molhada, a gente está animado, o açude sempre está tomando um pouquinho de água", comenta.

No município, quatro pluviômetros fazem a medição da chuva. Um deles no próprio açude Itans. Somente neste ano, ele registrou 400 milímetros de chuva. Para se ter uma dimensão do que isso representa, ao longo dos 12 meses de 2017 caíram 558 milímetros na área do reservatório.

O sítio do agricultor Francisco de Araújo Neto fica às margens do açude, onde ele cria 50 cabeças de gado. Mesmo sem água suficiente no Itans, a chuva do primeiro trimestre ajudou a manter o rebanho.

"Dá água para dois meses, três meses, se não chover mais. O que vier a mais é lucro", relata.

Já a agricultora Adriana Melo de Araújo está esperando o nível do açude subir pra voltar a usar a bomba que capta água do Itans. "Se Deus quiser, vem mais chuva para alcançar o nível da bomba e vir água para nós. É só alegria, e pedir a Deus que venha mais", conclui.



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