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Chefe da corporação, Fernando Veloso deu coletiva na Cidade da Polícia.
Família de menina vai definir se precisa de proteção na segunda-feira.

O chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, deu no início da tarde desta sexta-feira (27) detalhes sobre a investigação sobre o registro de estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos na Zona Oeste do Rio. Segundo Veloso, há "indícios veementes" de que houve estupro, mas a corporação ainda investiga detalhes do vídeo que foi divulgado na internet com imagens da jovem, para definir o crime e outras questões, como se ele aconteceu no lugar da filmagem e quantos suspeitos teriam participado. 
“Só o exame de corpo de delito não vai ser característica se houve o estupro ou não. Ela pode ter tido relações sexuais consentidas e por ai não seria estupro. Ela estava deitada e desacordada, mas pode ser realmente que ela possa ter ingerido algum tipo de bebida alcoólica ou algum tipo de droga. Mas nada disso caracteriza. As investigações têm que ser um pouco mais técnicas para caracterizar realmente se houve o estupro e como foi feito esse fato”, disse o chefe da Polícia Civil.
Além de Veloso, participaram da entrevista coletiva, na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, o delegado-titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, Alessandro Thiers, e a delegada-titular da Delegacia de Atendimento  a Criança e Adolescente Vítima, Cristiana Bento.
“Há indícios, veementes, de que de fato houve. Mas a polícia pode afirmar e assinar um documento dizendo que houve? Ainda não. Precisa de um resultado de um laudo, precisa do confronto do laudo com outros depoimentos que ainda não aconteceram. A presunção da polícia não se baseia em ‘ouvi dizer’. Se a polícia se baseasse nisso, três ou quatro deles já estariam mortos como foi amplamente divulgado em vários sites e redes sociais”, acrescentou Veloso, ao comentar sobre fotos que circularam nesta sexta-feira (27) nas redes sociais, mostrando supostos suspeitos mortos.
Apesar dos indícios e do próprio Veloso se dizer "chocado" com o caso, a polícia ainda não confirmou oficialmente o estupro. “Uma investigação tem uma série de opções, normalmente são muitas. Na medida em que a investigação vai evoluindo, essas opções vão diminuindo. Nós não chegamos ainda a conclusões para poder dizer, como tem sido dito, um estupro coletivo com 33 ou 36 ou 30 pessoas. Mas essa linha vai se tornando cada vez mais forte na medida em que as investigações vão evoluindo. Vai fazer toda a diferença quando uma dessas pessoas for de fato capturada e trazida para prestar depoimento”, explicou.
Segundo Veloso, a corporação ainda aguarda laudos médicos da menina e outras provas para avançar na investigação. Veloso se disse pessoalmente indignado,  e afirmou que acha que a polícia já deveria ter dado uma resposta sobre o episódio, mas garantiu que a corporação vai agir "com todo rigor necessário".
“Eu tenho certeza que a polícia vai agir com todo rigor necessário, mas nunca vai agir fora da lei. Dentro da conveniência da investigação, eu não sei o que ele está planejando porque isto está com ele, mas pode haver uma conveniência para que isso seja feito num outro momento ou de uma outra forma. Eu também acho que a gente já deveria ter dado uma resposta. Assim como todas as pessoas, o chefe de polícia está indignado com uma história como essa. Todos querem muito uma resposta. Eu pessoalmente quero muito uma resposta, mas a investigação é uma sucessão de atos complexos”, afirmou.
Veloso falou ainda sobre o que foi feito até agora na investigação. Ele afirmou que quatro suspeitos foram identificados, mas negou pedidos de prisão para eles.“A investigação já evoluiu, a investigação confirmou que o fato aconteceu no estado do Rio de Janeiro, o vídeo é atual, descobrimos a localidade que foi, quatro pessoas que estão direta ou indiretamente envolvidas já foram identificadas. Uma série de diligencias, sejam externas ou internas, estão sendo feitas. Outras informações e outros dados ainda estão sendo trazidas para essa investigação. A decisão quanto ao pedido de prisão das pessoas que já foram identificadas já está sendo avaliada pelo delegado de polícia. Há também informações de paradeiros de uma ou outra pessoa”.
Segundo o chefe da polícia civil, a corporação agendou para segunda-feira uma reunião entre a família e o secretário de Assistência Social do Rio, Paulo Melo, durante a qual a família vai dizer se precisa de proteção policial ou não. 

Cautela nas investigações
O delegado falou ainda sobre a necessidade de cautela nas investigações, antes das prisões. “A polícia para dar a resposta necessária tem que ter um grau de convicção muito grande porque ela tem que se basear em provas que ela colhe. O delegado hoje não pode dizer se esse fato foi praticado por 33 pessoas ou não. Esse foi um relato que foi dito pela vítima durante o depoimento e pode ter acontecido de fato. Se ela tinha ou não condição de saber, se todas as pessoas estavam armadas ou não, elas poderiam estar todas armadas, poderiam estar todas juntas ou não. Para que a sociedade receba essa resposta, a polícia precisa de alguns elementos. Para ter esses elementos, é preciso que a investigação avance e estão avançando”, afirmou.

Adolescente de 16 anos deixa o hospital Souza Aguiar com a mãe após estupro coletivo no Rio (Foto: Gabriel de Paixa/Agência O Globo)Adolescente de 16 anos deixa o hospital Souza Aguiar com a mãe após estupro coletivo no Rio (Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo)
A jovem de 16 anos que foi violentada por, pelo menos, 30 homens, em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro, deu detalhes sobre as agressões que sofreu em depoimento à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).
A adolescente teria ido até a casa de um rapaz com quem se relacionava há três anos, no último sábado (21). Ela se lembra de estar a sós na casa dele e só se lembra que acordou no domingo (22), em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela conta no depoimento ao qual a "Veja" teve acesso, que estava dopada e nua.
A jovem conta ainda que foi para casa de táxi, após o ocorrido. Ela admitiu que faz uso de drogas, mas afirmou que não utilizou nenhum entorpecente no sábado (21).

Na terça (24), ela descobriu que imagens suas, sem roupas e desacordada, circulava na internet. A jovem contou ainda que voltou à comunidade para buscar o celular, que fora roubado.
Ela passou por exames de corpo de delito no Instituto Médico-Legal nesta quinta (26) e foi levada para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde passou por exames e tomou um coquetel de medicamentos para evitar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis.


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