Faltando apenas quatro dias para o reinício do ano legislativo no
(hostil) Congresso Nacional, a Presidente Dilma Rousseff, com uma
convocação de última hora, conseguiu agregar nesta última quinta-feira
(dia 30 de julho) os Governadores dos Estados, alguns representados.
Inicialmente presentes ao Palácio do Planalto, o encontro foi obrigado a
ser transferido às pressas, com os participantes atônitos, e sem saber o
que tratariam na reunião, para o Palácio da Alvorada, pois
aproximadamente dois mil grevistas batucavam e vaiavam sem cessar em
frente ao Planalto, mesmo acossados pela guarda presidencial. Dona Dilma
Rousseff, acolitada pelo deslocado Vice-Presidente Michel Temer, abriu o
encontro, contrafeita e visivelmente abatida, merecendo até compaixão
de todos os presentes, correligionários e adversários. Segundo a grande
imprensa nacional, não havia pauta estabelecida, a nossa Presidente
clamou pelo apoio à governabilidade, mencionou a necessidade de ter os
apoios dos parlamentares federais ligados aos governadores presentes,
para poder atravessar o dificílimo momento nacional, com uma possível
pauta bomba no reinício do Congresso, solicitando corte de despesas em
todos os níveis. Segundo o jornal O Estado de São Paulo (edição de 31 de
julho) houve um vácuo durante a sessão, quase ninguém entendendo as
razões do chamamento, já que de concreto nada foi estabelecido, a não
ser a fotografia da Presidente, Vice e Governadores, assim mesmo sem
alegria ou sorrisos naturais a tais ocasiões. Não houve promessa nem de
obras, ou melhoria de segurança pública, da saúde, da educação, enfim
nada que viesse a minorar a angústia dos aflitos governantes presentes,
todos com cofres vazios e problemas em cada estado para serem resolvidos
já há bastante tempo, e nada. Quatro horas de conversa para nada, foi
outro gol contra da Presidente, era o comentário ouvido dos governadores
ligados ao PT e PMDB.
De Selic a conta de luz, o que encarece o crédito ao consumidor
A elevação da taxa básica de juros, a Selic, que passou agora para
14,25% ao ano, é um dos fatores que têm feito o crédito ao consumidor
ficar mais caro nos últimos meses. Mas não é o único. Segundo
economistas, cinco componentes influenciam o custo dos empréstimos e
financiamentos: impostos, despesas operacionais, risco de inadimplência,
margem de lucro dos bancos e, claro, a própria taxa Selic. Tomar
dinheiro emprestado tem ficado cada vez mais caro, porque todos esses
itens estão em tendência de alta.
Superávit primário do Brasil tem pior semestre da série histórica
Por causa dos gastos públicos que não param de crescer e da recessão
econômica que fez minguar a arrecadação de impostos, o Estado brasileiro
teve o pior resultado das contas públicas no primeiro semestre já
visto. União, estados, municípios e empresas estatais economizaram
apenas R$ 16,2 bilhões para pagar juros da dívida pública nos seis
primeiros meses deste ano. Foi o desempenho mais baixo desde quando o
Banco Central (BC) passou a registrar os dados em 2001. O resultado das
contas públicas só ficou no azul (ou seja, houve superávit primário)
porque os governos regionais conseguiram poupar, já que a União gastou
muito mais do que arrecadou. O dado de junho também foi o pior da série
histórica e ficou no vermelho, com déficit de R$ 9,3 bilhões.
De acordo com o BC, a União teve um déficit primário de R$ 1,9 bilhão
no semestre. Por outro lado, estados e municípios economizaram R$ 19,3
bilhões no período. Já as empresas estatais tiveram desempenho negativo
de R$ 1,2 bilhão. O PIB de 2015 deverá cair 2%, aproximadamente.
EM 12 MESES, DÉFICIT DE R$ 45 BI
Na quinta-feira, foi anunciado o dado referente ao governo central
(formado por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), que
registrou no período de janeiro a junho de 2015 um déficit primário de
R$ 1,597 bilhão. Foi a primeira vez que o governo central teve resultado
negativo no primeiro semestre de um ano. No mês de junho, o déficit
chegou a R$ 8,205 bilhões. E, pelo segundo mês seguido, a equipe
econômica não conseguiu poupar nenhum centavo para o pagamento de juros
da dívida pública. O resultado de junho foi o pior da série histórica do
Tesouro, iniciada em 1997.
Por causa dos sucessivos déficits no ano passado, o resultado das
contas públicas nos últimos 12 meses é de déficit primário de R$ 45,7
bilhões. Isso corresponde a 0,8% do PIB. É o pior desempenho da série
iniciada em 2001.
Esse descontrole de gastos públicos é ainda pior num cenário de alta
de juros. O Brasil gastou nada menos que R$ 417 bilhões somente em juros
da dívida pública nos últimos 12 meses. Isso corresponde a 7,32% do
PIB: outro recorde. Por causa dessa despesa com encargos da dívida
pública, faltaram R$ 462,7 bilhões para fechar as contas. Esse déficit
nominal (de 8,12% do PIB) também é o pior da história.
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