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POR ELVIRO REBOUÇAS 

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                                                    Elviro Rebouças é economista e empresário


O Ministro da Fazenda Joaquim Levy, que ascendeu ao cargo com a aceitação quase unânime dos brasileiros, pouco ou muito conhecedores de economia, com uma ficha intelectual, de conhecimentos gerais e de moral digna de crédito, foi vencido pela extrema fragilidade do Governo Federal, pela pressão do Congresso Nacional e pelas profundas dificuldades por que passa o Brasil, como um todo. Depois de anunciar um ajuste fiscal que, na prática, não aconteceu, dois meses atrás, juntamente com o Ministro do Planejamento Nelson Barbosa, anunciou um farto corte de despesas do orçamento deste ano, de R$.70 bilhões, no intuito de cumprir a meta fiscal, já deixando praticamente estática a ação de obras emergenciais e necessárias à sociedade. Mas o pior estaria por vir, agora, no dia 22 de julho, causando tremores de repercussão mundial, anunciou a redução anual da meta de superávit fiscal, até então prevista para R$.63,3 bilhões para apenas R$.8,6 bilhões, baixando de 1,1% para simplórios 0,15% do PIB o que poderá sobrar como superávit, havendo na Medida Provisória enviada ao hostil Congresso Nacional, uma brecha para um muito provável déficit orçamentário, já que as receitas caem a cada mês, vista a paralisia da nossa economia. Resultado imediato: Bolsa de Valores de São Paulo despenca ao menor nível deste ano, abaixo dos 49 mil pontos, (ela que chegou a subir até 20%), o dólar americano se valorizando a R$.3,33 , o maior preço nos últimos doze anos, juros para compra de títulos públicos em elevação, com tendência de subir mais ainda, a descrença nacional e, principalmente, nos grandes centros financeiros do mundo, inclusive há uma imagem de que o Brasil está vivendo um filme de terror sem fim (foi o título da matéria do prestigioso jornal londrino Financial Times, no mesmo dia do anúncio), o desemprego aumentando a cada dia, e a inflação acumulada dos últimos doze meses chegando bem próximo a dois dígitos. O leitor há de entender que tudo isto é ainda ressaca do primeiro governo de Dona Dilma Rousseff, que foi calamitoso na área econômica, conseguiu vender (e o eleitor comprou) uma imagem totalmente diferente do que acontecia nos escaninhos do governo feito pelo Partido dos Trabalhadores, hoje em queda livre – partido e o governo. Perdoe o leitor, mas foi um verdadeiro estelionato eleitoral. Ao invés de cortar Ministérios (são 39 ao todo), diminuir despesas com o custeio de uma máquina emperrada e inoperante, reduzir, pela metade, os cargos de comissionados com salários a partir de R$.5 mil mensais, para “aspones” que não trabalham, mas através de políticos alinhados são brindados com mel e chocolate. O Governo tem elevado perigosamente os seus dispêndios e hoje a dívida pública federal ultrapassou a (impagáveis) R$.2,5 trilhões. Sobe a dívida e desce a atenção com segurança pública, com a saúde e com a educação, obrigações constitucionais do Governo Central, e em favor do cidadão. Hoje todas essas ações em péssimas condições, e a sociedade em verdadeira orfandade.

O que é a meta fiscal? É a economia que o governo promete fazer para impedir que a dívida pública cresça. É medida como superavit primário (receitas menos despesas, exceto as com juros) em proporção do PIB.
Qual era a meta do governo? E agora? A economia prometida pelo governo no final do ano passado, para 2015, era de R$ 66,3 bi, ou 1,1% do PIB.Nesta quarta (22), o governo revisou essa meta e prometeu economizar R$ 8,747 bilhões, ou 0,15% do PIB.

O texto enviado ao Congresso, no entanto, tem uma cláusula de abatimento da meta, se as expectativas de receita não forem cumpridos. Ou seja, se necessário, a economia prometida será até negativa.

Como é calculada a meta? No início do ano, o governo estima as receitas para o período e ajusta as despesas para assegurar a poupança prometida. Os governos “calibram” o resultado primário que desejam alcançar de acordo com a meta que têm para a dívida. Se desejam fazer a relação dívida/PIB cair, precisam de um superavit primário maior. Se acreditam que a relação dívida/PIB pode ficar constante ou subir, programam um resultado primário menor. O superavit primário requerido para estabilizar a dívida pública em relação ao PIB será tanto maior quanto:

a) maior for a taxa de juros; b) menor for a taxa de crescimento do PIB; c) maior for a relação “dívida pública/PIB” inicial.

Por que o governo implantou uma mudança na meta? Porque, por lei, as receitas e despesas têm de ser reavaliadas para verificar se as projeções do Orçamento se cumprirão. Se a meta corre qualquer risco, o Executivo deve promover bloqueios preventivos de gastos.

Como a arrecadação do governo neste ano deve ser frustrada em cerca de R$ 46 bilhões e as despesas obrigatórias devem subir R$ 11,4 bilhões, o governo precisou rever a meta.


DÍVIDA

O cenário original do governo previa que a dívida pública fecharia este ano em 63,4% do PIB –um aumento em relação aos 58,9% do PIB de 2014–, e recuaria gradualmente a partir do ano que vem, chegando a 61,9% do PIB em 2018. Esta é a maior preocupação do mercado em relação à redução do superavit. Agora, a tendência é de um aumento maior ainda da dívida neste ano, tornando mais difícil a tarefa de estabilizar o crescimento desse indicador, uma promessa de Levy. Portanto, meu caro leitor, é tempo de sofrimento. E sofreguidão. Os países civilizados e os economicamente potentes, como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e Austrália, para não falar em dezenas de outros, noticiam, quase que diariamente, pela imprensa, a catarse governamental brasileira. Cabe a cada um de nós perguntar a Dona Dilma, cadê a prometida “Pátria Educadora”? Claro que não há resposta que convença.

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