CACIM

Print

Por Elviro Rebouças 

Elviro
Elviro Rebouças é economista e empresário
Desde que foi criada em 03 de outubro de 1953 pelo considerável gaúcho Getúlio Dornelles Vargas, Presidente da República, que indicou o cearense Juracy Magalhães como seu primeiro presidente, dentro do ufanismo nacional da escala comercial na produção de petróleo, a Petrobrás vinha frequentando as melhores referências nas páginas econômicas na área da prospecção, refino e distribuição da fonte de energia, sendo apontada recentemente em 2010, pelo Financial Times, como a quarta maior petroleira do mundo, com um valor de mercado de UU$,189 bilhões. As três maiores eram a americana Exxon Mobili, a anglo-holandesa Shell e outra americana, a Chevron. O seu faturamento naquele ano chegou a notáveis R$.285 bilhões, e sempre excedendo o seu lucro a cada ano. Por sinal o Rio Grande do Norte (e Mossoró particularmente) tem a ver com petróleo desde 1953. Foi nesse ano que aportaram aqui engenheiros, geólogos e técnicos norte-americanos, quase vinte ao todo, para chefiarem a missão de perfurar o primeiro poço petrolífero, justamente o da Gangorra, entre município e a então vila de Tibáu, quando foi constatada a existência do ouro negro, embora, por razões de segurança, fosse tamponado o reservatório, em escaldante trabalho, noite e dia, por mais de um ano. Entre 2009 e 2010, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, o Governo Federal, em ampla campanha de mídia por televisão, rádio, jornais e revistas, proclamou a nossa autossuficiência petrolífera, quando vínhamos produzindo 2,1 milhões de barris dia. O Rio Grande do Norte chegou a produzir 160 mil barris dia, e só estávamos aquém da plataforma continental, no Rio de Janeiro, entre Campos de Goytacazes e Macaé. Portanto, a nossa joia rara da coroa era motivo de júbilo e encantamento a todos os brasileiros. Bons tempos aqueles. Agora, em contraste, a empresa que já foi presidida por Ernesto Geisel, Hélio Beltrão, Osires Silva, Floriano Peixoto Faria Lima, Shigeaki Ueki, Araken de Oliveira e Henri Philippe Reichstul, entre outros notáveis, está afeita às páginas policiais, com a operação Lava-Jato, causando genuíno espanto a todas as camadas sociais do país, numa missão edificante do Ministério Público, Receita e Polícia Federal, com a prisão de ex-diretores, gerentes e grandes empreiteiros que, para servirem a produção de petróleo, manusearam contratos (já apurados) que pulam a R$.57 bilhões, e aonde já se constatou, só por delação premiada, que R$.437 milhões estarão de volta aos cofres da empresa, pela própria proclamação dos ilegitimamente gestores favorecidos, que repassavam polpudas somas a representativos partidos políticos e ocupantes de mandatos eletivos. Infelizmente é uma grave falta de respeito para com a empresa privada ou cidadão comum que, com grande esforço, procura cumprir suas obrigações diante de uma carga tributária avassaladora. Enquanto dirigentes da nossa Petrobrás acumulam bilhões de reais, as suas finanças estão combalidas atualmente. Em 2013, embora tenha tido um lucro de R$.23,570 bilhões, acumula um expressivo endividamento de R$.267 bilhões, necessitando de, pelo menos, US$.130 bilhões ou R$.338 bilhões para investimentos na chamada camada do pré-sal, com obras já atrasadas por falta de recursos. Os ratings da Petrobras poderão ser rebaixados ainda mais se o aumento do endividamento for sustentado por uma proporção entre dívida e Ebitda acima de 5 vezes ou se o crescimento da produção cair abaixo das metas, segundo a Moody’s. Um rebaixamento do rating soberano do Brasil também pode pressionar a classificação da empresa. As suas ações PETR3 este ano caíram 15,86%, enquanto a PETR4 amarga perda, em igual período de 15,25 %, deixando desprotegidos o governo (majoritário) e milhões de acionistas minoritários, estes que nada têm a ver com a sua infiel e perdulária gestão no últimos quatro anos. De 03 de janeiro de 2010 até quinta-feira (dia 20 de novembro) as ações ordinárias tiveram um baque de 63,80 %, e as preferenciais tombaram 56,70%, empobrecendo os que ao largo de sessenta anos acreditaram na boa gestão de uma até então exemplar organização.
E O FUTURO, COMO SERÁ?
O reconhecimento de que a produção de petróleo da Petrobras não vai aumentar quanto se esperava este ano, combinado a uma perspectiva de cuidado redobrado nas contratações futuras da estatal a partir da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, deverão deixar ainda mais distante a retomada da autossuficiência do Brasil no setor. Antes de o ritmo de alta da produção ser reduzido de 7,5% em 2014 para algo entre 5,5% e 6%, segundo previsões divulgadas pela estatal na última segunda-feira, assessores da presidente Dilma Rousseff e dirigentes da Petrobras esperavam que, em algum mês no fim de 2015, o país já poderia voltar a ter uma produção diária de barris de petróleo acima do consumo interno. Com a revisão feita pela Petrobras, fica mais provável que em 2015 essa equivalência ainda não seja atingida, mesmo com a disparada na produção de petróleo e gás natural (em barris equivalentes) neste ano. Desde janeiro, a produção média diária de petróleo no país subiu em 300 MIL barris, depois de dois anos de produção em queda. No ano, déficit de 13,7%. Em agosto, último dado disponível, o Brasil produziu uma média diária de 2.423 mil barris e consumiu 2.725 em derivados. No ano, há um déficit de 13,7% entre o consumo e a produção. É difícil que o crescimento da produção seja tão grande em 2015 (como tem sido em 2014), porque não vão entrar em operação tantas plataformas quanto entraram entre o fim de 2013 e o início deste ano. Quando a perspectiva de aumento da produção da estatal ainda era superior, em fevereiro, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, previu que, em 2015, a autossuficiência em produção de petróleo no país seria retomada. É atual lembrar o dramaturgo, filósofo e poeta britânico “Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade.” (William Shakespeare‎)

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem

Governo

GOVERNO