De Caetano Veloso em suas redes sociais sobre a morte de Eduardo Campos e sobre o Brasil.
Como é sempre bom ouvir ou ler Caetano, segue abaixo:
“Parece incrível que eu tenha conhecido Eduardo Campos quando ele era
criança. Olhando as responsabilidades que ele assumiu (e das quais deu
conta com folga) , sinto-me um menino diante de um adulto. Mas percebi o
peso dos anos ao ver na TV a notícia insuportável de sua morte: me vi
de repente cansado demais das esperanças ligadas ao Brasil.
São muitas décadas de teimosa aposta no país em que nasci.
Que tenha morrido aos 49 anos um líder como Eduardo parece sinal de
negação de quaisquer possibilidades. Esboça-se o gesto de um político
que prometia ver com coragem as complexidades de nossa vida, desafiando a
polaridade empobrecedora dos grupos majoritários estabelecidos, e vem a
foice do destino dizer que não.
Sinto como se se evidenciasse a inviabilidade de superação dos nossos
problemas. A hora é de luto. Acompanhar Marina Silva em suas palavras de
pesar; seguir leal ao tom de dignidade que ela, ao aproximar-se de
Eduardo, adensou no nosso enfermo cenário político; chorar com a mãe, a
mulher, os filhos, os parentes todos de Eduardo (essa família tão
merecidamente amada do povo pernambucano e do meu coração); e tentar,
com paciência, reaprender que pode-se perder a fé e a esperança mas que a
caridade (o amor) não morre – e assim redime sempre as outras
virtudes.”
* Do Blog Thaisa Galvão
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