O s Alves merecem respeito por uma longa história de presença na
política do Rio Grande do Norte e do Brasil, mas também precisam
entender que precisam respeitar as pessoas, os partidos, o povo do Rio
Grande do Norte. E por que não dizer? Respeitar a lógica da política.
Nos tempos de Aluísio Alves a política tinha lado e lógica. A lógica
dele, mas tinha. Hoje, o negócio avacalhou com Henrique e Garibaldi
querendo servir a Deus e ao diabo e servir-se do diabo, de Deus e dos
evangelhos apócrifos. Já não lhes basta a condenável postura de “ficar
montado no boi e mamando na vaca?”. Agora querem o boi, a vaca, o cavalo
e a cocheira, além de puxar os vaqueiros pela focinheira. Está passando
dos limites a falta de limites dos primos ricos da política potiguar.
Os Alves já têm dois senadores. Pai e filho, sendo que um deles é
ministro de uma das mais poderosas pastas da República. Os Alves já têm
um deputado federal que, de quebra, é presidente da Câmara Federal,
cargo que lhe dá a presidência do Congresso e a segunda vice-presidência
da República, com direito à presidência pelo menos em momentos
fortuitos, mas suficientes para uma “mombacices” como o uso de avião
militar para assistir jogo de futebol “in family”. Os Alves têm três
deputados estaduais, sendo Agnelo Alves, José Dias e Walter Alves. Os
Alves têm a Prefeitura da capital. O município “maior de todos”, mas
também querem abocanhar “dedo mindinho e seu vizinho, fura-bolo e cata
piolho...” Garibaldi apoiou Rosalba e Henrique apoiou Iberê. Garibaldi
jogou pesado e Henrique fez corpo mole. E assim os aliados do PT em
âmbito nacional entregaram o Rio Grande Norte para ser o último refúgio
do DEM. Na eleição anterior, Garibaldi tinha feito corpo mole na
campanha de Fátima Bezerra para entregar Natal a Micarla. Agora vêm
lamentar o caos potiguar, mas até o reino mineral sabe que o caos nasceu
do abismo que, parafraseando Cartola, os dois “cavaram aos nossos pés”,
dando uma forcinha para Fátima perder, oportunizando assim a vitória de
Micarla e um elegendo Rosalba e os dois segurando as alças do ataúde do
governo para ele se sustentar por fora da sepultura aberta. Agora,
desrespeitando a todos que o querem como candidato a governador,
Garibaldi chega em Mossoró e avisa que o PMDB, leia-se os Alves, têm
nome ao Governo do Estado. E indica Waltinho, seu filho. Um bom rapaz,
um deputado de mandato considerável, mas nem de longe um político com
dimensão estadual e experiência para governar um Estado que vai ser
recebido em clima de fim de feira, com falência decretada em atestado de
óbito pré-datado. É querer demais dos aliados. Querer que todos saiam
das patas à Tromba do Elefante, dizendo: “Em nome do pai, votem no
filho, com as graças do Espírito Santo”. Ao resto, os restos. Mas os
restos não passam de migalhas no bolo do poder potiguar. Não acredito
que o PT que “tanto fez e eles dizem que tanto faz...”, aceite isto.
Talvez venha alguma imposição de cima para baixo, o famoso trator, como
foi no apoio da cúpula a Inácio Arruda em 2004, em Fortaleza, que
terminou em derrota para Luyzianne Lins; como o apoio a Roseana Sarney
em 2002 que perdeu para Jackson Lago e o apoio imposto a Larissa em
Mossoró, que terminou, sem apoio das bases locais, dando a última chance
ao DEM de permanecer no Palácio da Resistência. Aprendi com Lula que “o
poder é como a felicidade; quanto mais se divide mais se tem. Quanto
mais concentra mais se perde”. Alve-se quem puder desta gulodice sem
limites que quer dar aos Alves apenas tudo.
* Crispiniano Neto
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