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Acusada pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte de reduzir os
investimentos em exploração e provocar a demissão de milhares de
terceirizados no estado, a Petrobras afirmou ontem, através de nota
encaminhada à TRIBUNA DO NORTE, que “possui interesse em se manter na
região e por esse motivo continua investindo em projetos de desenvolvimento
de produção e atividades de exploração de petróleo na Bacia Potiguar”.
A produção de petróleo recuou no Rio Grande do Norte nos últimos anos, mas
a Petrobras afirma ter projetos para reverter o declínio
A companhia, que não divulgou o valor a ser investido este ano no RN,
afirmou que os investimentos realizados nos últimos anos estão voltados
para a instalação de projetos de recuperação da produção e também para a
perfuração de novos poços – o que poderá reaquecer a atividade
petrolífera, em baixa no estado.

A desaceleração da produção de petróleo no RN é apontada por representantes
dos setores de comércio e serviços como responsável por uma onda de
demissões em Mossoró. Só o Sindicato dos Petroleiros do RN homologou 1.130
demissões de terceirizados da Petrobras no último ano. O Sindicato dos
Trabalhadores da Construção Civil e o dos Trabalhadores dos Transportes
Rodoviários também homologaram demissões.

A economia já sente os efeitos dessa desaceleração. Os hotéis em Mossoró,
cuja clientela é formada principalmente por pessoas que trabalham na
indústria do petróleo, registram queda na taxa de ocupação de até 55% em
dois anos, segundo o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Mossoró.
“Restaurantes, supermercados e farmácias devem ser os próximos a sentir os
efeitos”, afirma Alexandrino Lima, presidente da Câmara de Dirigentes
Lojistas de Mossoró.

O problema, segundo uma fonte ligada à Federação das Indústrias do Rio
Grande do Norte, teria se agravado com a saída da Skanska de Mossoró. A
multinacional que atua na indústria do petróleo, gás, mineração, energia e
infraestrutura e está presente no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru
e Venezuela, teria desistido de prestar serviço à estatal, rescindido o
contrato e demitido parte dos petroleiros terceirizados. Procurada pela
reportagem, a empresa afirmou que “como empresa contratada, mantém
cláusula de sigilo que impede a divulgação de informações de contratos
junto à Petrobras”.

O baque sofrido pela economia de Mossoró e que foi tema de pronunciamento
na Câmara de Deputados em Brasília, na semana passada, mobilizou também
várias entidades no estado.

O Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Município solicitou uma
audiência com a prefeita de Mossoró, Cláudia Regina. Fernando Mineiro,
deputado estadual membro de comissão de Energia da Assembleia Legislativa,
se reuniu ontem com o Sindicato dos Petroleiros do RN e a Redepetro, que
reúne empresas que atuam na cadeia de petróleo, para discutir o problema.“Esse não é um problema só de Mossoró. É um problema do Rio Grande do
Norte”, afirmou Mineiro. A demissão dos terceirizados também foi discutida
na reunião de diretoria da Federação das Indústrias do RN (Fiern).

Apetite por novos blocos é mantido em sigilo

A Petrobras não respondeu se participará da 11ª licitação de blocos
exploratórios de petróleo e gás do país – espécie de leilão de 'campos
petrolíferos’ - agendada para maio pela Agência Nacional de Petróleo
(ANP). A informação, segundo a assessoria de comunicação da estatal, é
considerada estratégica.

A companhia, no entanto, afirmou em entrevista concedida à TRIBUNA DO NORTE
em fevereiro de 2012, que aposta na aquisição de novas áreas para alavancar
a produção petrolífera no Rio Grande do Norte e que perfurará o primeiro
poço de petróleo em águas profundas no Estado ainda neste semestre. Outros
dois serão perfurados em 2014.

Para Doryan Filgueira, presidente da Rede Petro, o quadro de demissões dos
petroleiros terceirizados pode ser revertido com a descoberta e exploração
de novas reservas no estado. O Rio Grande do Norte, que está entre os
maiores produtores de petróleo em terra do país, é o quarto com maior
oferta de áreas (em quilômetros quadrados) no leilão da ANP.

Sandra Cavalcanti, gerente da Unidade de Economia e Estatística da Fiern,
acredita que a produção voltará a subir e diz que o problema envolvendo os
terceirizados não é tão ruim quanto se imagina. “Apesar das demissões
homologadas pelos sindicatos, a cadeia de petróleo fechou o ano de 2012
contratando mais do demitindo”. A atividade, reconhece Sandra, fechou o
primeiro bimestre de 2013 com um saldo de empregos negativos, “mas o
quadro não é tão grave quanto dizem”, afirma.
 

A indústria de petróleo é muito dinâmica e a mobilidade de postos de
trabalho entre unidades operacionais é um fato normal e atende as
necessidades dos projetos em desenvolvimento na companhia. Em 2009, a
Petrobras no Rio Grande do Norte, contava com 2.543 empregados e atualmente
são 2.826”, comparou a companhia, que não registrou baixa no quadro de
concursados.

A deputada federal Sandra Rosado, natural de Mossoró, quer mais respostas,
e já solicitou uma audiência – ainda sem data definida – com a presidente
da Petrobras, Graça Foster, para tentar reverter a situação.



(Andrielle Mendes - Repórter)

* Fonte: Redepetro http://tribunadonorte.com.br/noticia/petrobras-diz-que-mantem-interesse-em-investir-no-rn/246007

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