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Meados  dos anos 80 e a cidade de Mossoró ainda não contava com nenhuma emissora de rádio na Frequência Modulada (FM).

O mercado radiofônico mossooense limitado, aos AMs, era bastante movimentado, mesmo assim, composto pelas emissoras Rural, Tapuyo (hoje RPC), Difusora e Libertadora. Todas com seus departamentos de jornalismo e programação bem configurados e bastante atuantes, com forte presença de repórteres nas ruas.

Ainda contava com a penetração do sinal da récem inaugurada Rádio Gazeta de Areia Branca que apostava na musicalidade, pertencente ao mesmo grupo do jornal homônimo, sob o comando do jornalista Canindé Queiróz.

Era uma época em que os grandes nomes do rádio e seus vozeirões empostados davam um brilho todo especial aos sons irradiados por estas verdadeiras "companheiras da dona de casa", como à época se autodefiniam.

Givanildo Silva, Emery Costa, Caby da Costa Lima, J. Belmont, Rodrigo Rodrigues, Renato Severiano, Seu Mané, Paulo Vagner, George Wagner, Silvio Filho, Edmundo Torres, Duarte Neto, Tony Filho, Jomar Valença, Diassis Linhares, entre outros - e não muitos outros - faziam a alegria do público ouvinte de maneira que seria impossível de se pelo menos copiar nos dias atuais. Verdadeiros comunicadores a serviço da radiofonia e da sociedade mossoroense. Um formato e estilo, hoje, quase em extinção, infelizmente.

Foi por atuarem neste mercado com tanta notoriedade que profissionais já com suas vozes eternizadas são lembrados nas rodas de bate-papo, sendo que um ou outro ainda tem sua voz característica em vinhetas durante a programação de alguma das emissoras que estão no ar atualmente, mesmo não estando mais entre nós, fisicamente, como: Every Costa, Canindéh Alves, Nazareno Martins, Nilo Santos, Kléber Barros e José Maria Madrid.

Foi neste mesmo mercado que, de forma competente, a caçulinha destas AMs, a Rádio Libertadora Mossoroense, inaugurada em setembro de 1983, pertencente ao grupo comandado pelo senador José Agripino Maia, alcançou a liderança da audiência local já no primeiro ano de funcionamento.

E assim permaneceu pelo três anos seguintes, suplantando a hegemonia da Rádio Difusora que era de décadas.

Até que em 1986 resolveu desconhecer a verdade dos números apontado pelas ruas e pelas urnas nas eleições daquele ano que tinha o candidato João Faustino (PDS) como franco favorito para conquistar o governo do estado do RN com o apoio do então governador José Agripino.

Surgia ali, o fenômeno Geraldo Melo, que vinha crescendo vertiginosamente na pesquisas e chegava, apontado pelas chamadas "bocas de urna", feito "um vento forte" para sair vencedor daquela eleição. Mesmo apertado. Mas, era essa, uma tendência.

Como assim ocorreu. Só que o processo de apuração, que era feito manualmente naquele tempo se iniciava logo após o pleito, mas se estendia por longos três dias.

Durante este período, a Rádio Libertadora ignorou por completo os números oficias e a própria tendência de vitória do "Tamborete" (como Geraldo fora apelidado) apontada pelas primeiras urnas apuradas e só anunciava números que colocava João Faustino à frente na contagem dos votos. Condição esta que segurara até a última hora.

Algo que para ser desfeito depois ficara difícil perante o público ouvinte e a sua desconfiança. Cai o pano.

Coincidência ou não, a audiência campeã conseguida com muito trabalho, suor e inteligência por uma equipe de profissionais de altíssima competência, sob a batuta do seu sócio-diretor, médico Milton Marques de Medeiros, nunca mais foi alcançada.

 E pior, a mesma credibilidade, também

Uma história com H que, quem vivo estar, também pode contar. Em alto e bom som.

Nota: Fica a critério do leitor saber se qualquer semelhança com as disparidades dos números das recentes pesquisas eleitorais divulgadas, onde a diferença entre uma e outra beira os 10%, é mera coincidência ou não.


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