CACIM

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Em entrevista ao Blog da jornalista Thaísa Galvão, o agora ex-secretário chefe da casa civil do Governo de Rosalba conta em detalhes tudo o que aconteceu antes de sua saída da atual administração do RN que
ele foi em solidariedade ao tratamento dado ao vice-governador Robinson Faria: acompanhe:

Foi pelo telefone que o chefe da Casa Civil, advogado Paulo de Tarso Fernandes, comunicou à governadora Rosalba Ciarlini que estava se afastando do governo.


Por um motivo: não concordava com a forma como o governo, em especial o ex-deputado Carlos Augusto Rosado, primeiro-damo do Estado, vinha tratando o vice-governador Robinson Faria.

“Saio em solidariedade ao vice-governador Robinson Faria. Eu não sou nada. Não sou homem público. Sou um funcionário público. E a minha solidariedade é com o vice-governador Robinson Faria. Porque quem quiser que ache grave, mas eu considero o que está acontecendo, gravíssimo”.

Paulo de Tarso, que sempre manteve laços de amizade com o vice-governador, como manteve com a governadora Rosalba Ciarlini e com o marido Carlos Augusto, e ainda com o ministro Garibaldi Filho, ambos integrantes do time que governa o Rio Grande do Norte, pode ter tomado uma das decisões mais difíceis da sua vida.

Mas, para isso, contou com a fé. É católico praticante e pediu a Deus, em suas orações, que o fizesse tomar a decisão mais acertada.

As insatisfações que ele vinha acumulando nos 10 meses como chefe da Casa Civil do Estado, tiveram como gota d´água a decisão do governo de não mais nomear o vice-governador para o cargo de secretário de Recursos Hídricos, cargo que ele exercia desde a primeira hora da gestão, e do qual se afastou para assumir o governo na interinidade durante viagem da governadora aos Estados Unidos.

Segundo Paulo, foram 3 tentativas, onde ele, como chefe da Casa Civil, tentou oficializar a nomeação de Robinson.

“Primeiro fui à governadora e ela me disse que eu resolvesse com Carlos Augusto. Fui a ele e ele me falou: você não tem uma viagem a Brasília? Vá e volte porque isso não é prioridade”, contou Paulo de Tarso, que foi a Brasília num bate-volta que saiu de Natal às 3 da tarde e deixou Brasília às 9 da noite.

“Quando voltei falei de novo com o deputado Carlos Augusto e ele me disse: ‘Esse assunto não tem pressa. O vice-governador foi à minha cidade (Mossoró) e fez 3 discursos contra a minha mulher. Minha mulher foi para os Estados Unidos e ele foi pra rua humilhar a governadora”…

Segundo Paulo, o telefonema a Carlos Augusto teve 3 testemunhas, entre elas o adjunto da Casa Civil, Francisco Carvalho e o secretário da Copa e titular do DER, Demétrio Torres.

Paulo de Tarso contou que se deu um prazo: se até ontem, às 4 da tarde, a nomeação de Robinson não fosse oficializada, o vice-governador poderia até ficar, mas ele deixaria o governo.

A decisão de Paulo, se antecipando a Robinson, tem um motivo: o ex-chefe da Casa Civil foi quem deu garantias ao vice-governador para que ele deixasse o grupo da ex-governadora Wilma de Faria, declinasse de apoiar a candidatura do ex-governador Iberê Ferreira de Souza, e fosse integrar o grupo liderado pelo senador José Agripino Maia, compondo a chapa articulada pelo democrata-articulador Carlos Augusto.

Sentindo-se avalista sem prestígio, Paulo decidiu sair, afirmando repetidamente: “em solidariedade ao vice-governador Robinson Faria”.

Para a não nomeação do vice-governador Robinson Faria ao cargo de secretário de Recursos Hídricos, o ex-chefe da Casa Civil, Paulo de Tarso Fernandes, revelou outro possível motivo que fez com que o ex-deputado Carlos Augusto Rosado tivesse optado por não nomear mais o vice: a sanção da Lei do Empréstimo, assinada por Robinson no exercício do governo, durante viagem da governadora Rosalba Ciarlini aos Estados Unidos.


Aprovado pela Assembleia o pedido de empréstimo, o então governador foi à Assembleia para sancionar a Lei diante dos deputados.

Tudo devidamente combinado com a governadora titular, como revelou o ex-chefe da Casa Civil, Paulo de Tarso Fernandes.

“Falei com ela pelo telefone em Nova York e ela me disse que Robinson podia sancionar. Quando falei com o deputado (Carlos Augusto) ele me disse que eu trancasse a lei na gaveta e não entregasse. Dissesse que a lei estava em qualquer lugar. Em Tibau ou em qualquer lugar. Mas aí o governador era Robinson e a governadora Rosalba estava sabendo, não havia nada que ela não soubesse, então decidi não atender ao deputado”, disse Paulo de Tarso, lembrando que Carlos Augusto Rosado também teria ligado para o presidente da Assembleia, deputado Ricardo Motta, e pedido que ele não entregasse a Lei a Robinson para ele sancionar. Segundo Paulo, Motta também teria dito que não iria atender o pedido de Carlos, que estava em um SPA na praia de Rio do Fogo durante a viagem da esposa-governadora aos Estados Unidos.

As interferências do primeiro-damo do Estado já vinham desagradando o chefe da Casa Civil, pelo que o próprio contou ao Blog.

“Foram 10 meses de governo onde todas as decisões do Estado foram do marido da governadora”, declarou Paulo de Tarso na mesa com testemunhas, onde o discurso foi, o tempo inteiro, alinhavado por afirmações como “não estou pedindo off porque tudo o que estou dizendo eu disse tanto à governadora Rosalba quanto ao deputado Carlos Augusto. São assuntos públicos que não têm porque serem escondidos”…

Paulo reclamou que, por causa da interferência familiar, a governadora tem trocado seu gabinete na Governadoria pelos terraços de sua casa.

“Ela despacha em casa. Governa de casa. Mas o lugar do governador é no gabinete. Até porque um deputado, um prefeito ou um secretário que quiser falar com a governadora não vai para a casa dela sem ser chamado, mas na Governadoria ele chega. Eu mesmo como chefe da Casa Civil só ia quando era chamado”, revelou Paulo, afirmando que a opção pela residência oficial se dava pelo fato de, na Governadoria, não ter como o ex-deputado Carlos Augusto participar das decisões.

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