O dinheiro foi levado ao Fórum Miguel Seabra Fagundes e a devolução faz parte do acordo firmado entre os réus e o Ministério Público para que o casal, além de contribuir com a investigação, também devolvesse bens e dinheiro frutos do esquema de fraudes na Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça.
Advogados e membros do Ministério Público não confirmaram a origem do dinheiro, que chegou em espécie ao fórum. Não há também a confirmação se os recursos foram extraídos de alguma conta do casal, de empresas ou de terceiros, ou se estava escondido.
Carla Ubarana e George Leal prestam os depoimentos mais aguardados durante a Operação Judas.
O Novo Jornal de Natal revela diário de Carla Ubarana
Do Novo Jornal
PIVÔ
DO ESCÂNDALO dos precatórios no Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Norte, Carla Ubarana usou o tempo ocioso na prisão para ocupar a mente.
Autora de um livro de auto-ajuda onde re-
lata, entre outras coisas, experiências de viagens à Europa, a ex-chefe da divisão de precatórios do TJ será mais ousada na segunda obra.
lata, entre outras coisas, experiências de viagens à Europa, a ex-chefe da divisão de precatórios do TJ será mais ousada na segunda obra.
Não é exagero dizer que Ubarana tem em mãos um best-seller. Se de ficção ou realidade, é a Justiça quem vai dizer.
Na
cadeia, Carla escreveu um diário contando sua versão, com detalhes, de
como o maior esquema de corrupção da história do TJ foi armado.
Segundo ela, tudo aconteceu com a conivência de desembargadores e
juízes.
O NOVO JORNAL teve acesso aos escritos de Carla Ubarana e revela o conteúdo legível do texto.
Dos
nomes envolvidos ao modus operandi do crime. Além das anotações
pessoais, o diário também traz troca de correspondências entre ela e o
marido na cadeia.
Essa é a versão
da principal suspeita, para o Ministério Público, de liderar uma
quadrilha que desviava dinheiro público no Tribunal. Irônicamente, cabe
agora à Justiça dizer quem fala a verdade nessa história.
Em um texto com vários erros de português, a ex-chefe da divisão de precatórios do TJ dá o nome dos desembargadores Osvaldo Cruz, Rafael Godeiro e Judite Nunes como sendo os que sabiam
do esquema e dividiam a verba que deveria ser paga aos beneficiários dos precatórios. “Os desembargadores envolvidos citar nome: Oswaldo, Rafael e Judite Nunes”, escreveu.
do esquema e dividiam a verba que deveria ser paga aos beneficiários dos precatórios. “Os desembargadores envolvidos citar nome: Oswaldo, Rafael e Judite Nunes”, escreveu.
Numa
das páginas ela conta a forma dos pagamentos aos magistrados. “Osvaldo
pagamento com cheque, Rafael pagamento com guias e Judite pagamento
com guias”, citou.
Os três
presidiram o Tribunal durante o tempo em que Ubarana dirigiu o setor de
precatórios da instituição. Carla chefi ou a divisão de 2007 a janeiro
de 2012, quando foi exonerada sob suspeita de corrupção. Servidora
efetiva do TJ, ela foi nomeada pelo desembargador e então presidente do
Tribunal, Osvaldo Cruz, e mantida pelos sucessores Rafael Godeiro e
Judite Nunes.
Hoje, a partir das
8h30, Carla Ubarana e o marido, o empresário George Leal, serão ouvidos
pelo juiz da 7ª Vara Criminal, José Armando Pontes. Essa é a primeira
vez que o casal vai falar em juízo.
Semana
passada, Carla fez um acordo com o Ministério Público se comprometendo
a colaborar com as investigações desde que tivesse direito ao
benefício da delação premiada.
A
expectativa é para saber se ela irá reiterar todo o conteúdo presente
nos manuscritos da prisão, além do que foi revelado aos promotores de
justiça do Patrimônio Público. Desde que aceitou colaborar, Carla e
George es ão em prisão domiciliar, na casa onde moram com os filhos, em
Petrópolis.
Nos manuscritos,
Carla Ubarana fala sobre a participação dos magistrados e comenta a
divisão do dinheiro. Segundo ela, o ex-presidente do TJ, Osvaldo Cruz,
assinava os cheques. “O presidente Osvaldo assinava o cheque, nós
depositávamos em nossa conta, sacava e depois dividia. Os valores foram
crescentes até porque chegou dinheiro de RPV (Requisição de Pequeno
Valor) e muito dinheiro sem dono”, disse.
Em
outro trecho, ela diz que o desembargador Rafael Godeiro não queria
nem saber quem eram os beneficiados dos precatórios. “(o juiz) Luiz
Alberto (Dantas) mandou voltar o processo no intuito de atrasar e
Rafael Godeiro, ciente de como funcionava, recebia o dele em mãos após
sacar em guias, todas assinadas por Rafael Godeiro e por (trecho
ilegível).
Não queriam nem saber quem seria beneficiado, o que importava era o fim, como ao banco só interessava o beneficiário”, escreveu.
Sobre
a desembargadora e atual presidente do TJ, Judite Nunes, a ex-chefe
dos precatórios a acusa de omissão. “Houve omissão de Judite nas guias
que ela mandava assinar em branco para ‘quando’ fosse necessário”, afi
rma antes de chamar Judite de negligente. “Negligente quanto aos 12
processos do TRT.
Um ano se
passou e ela nunca atendeu o presidente para lhe dar respostas ou tomar
providências com relação aos (ilegível) do TRT”, disse.
Além
da participação do trio de ex-presidentes, Ubarana também envolve
parentes de outros desembargadores. Numa das páginas ela escreveu que
‘esposo da desembargadora Zeneide (Bezerra) solicita pagamento do mesmo
precatório 2 x”, citou.
Em
outra passagem do manuscrito, Ubarana também explicou o modus operandi
da fraude. “O que fazíamos era comprar e vender. Em janeiro, eu sabia
que o dinheiro do estado ia começar em junho, então, seguindo a ordem
cronológica, por exemplo, o primeiro valia R$ 140 mil, oferecíamos por
este, em janeiro, R$ 40 mil e em julho a planilha normal de 140. 100
seria o ganho líquido”, afirma.
No
relato que fez enquanto passou 28 dias na ala feminina da
penitenciária João Chaves, Carla Ubarana também revela, mesmo sem citar
nomes, que juizes mandavam o mesmo precatório duas e três vezes para
pagar. Um advogado também cobrava duas vezes o mesmo (precatório) e
confirmava que não tinha recebido.
Fonte: Blog de Laurita Arruda
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