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*Por Josivan Barbosa

O Polo também apresenta um forte crescimento da cultura do mamão formosa nas duas últimas décadas e mais recentemente estão aumentando os cultivos com banana (mercado interno) acerola, maracujá, limão tahiti, goiaba e frutos exóticos como pitaya.

Com intuito de facilitar a compreensão do tamanho do negócio rural de frutos tropicais aqui na região sede da Expofruit, separamos a localização das principais empresas da agricultura irrigada do Polo em seis microrregiões a saber:

Microrregião 1:  Grande Maisa (Mossoró – Tibau – icapuí – CE e Aracati – CE) –  Compreendida pela presença das seguintes empresas produtoras de frutos tropicais: Agrícola Famosa (sede,  Fazenda Santa Júlia, Fazenda Flamengo e Fazenda da Nolem – Califórnia e  Fazenda Paulicéia), Bollo Brasil Produção e Comercialização de Frutas Ltda (Sede – Fazenda Santana), Fruta Vida (Fazenda Pedra Preta), Agrícola Bom Jesus (Fazenda Santa Helena), Luso Tropical, Agrocanaã (ambas desativadas no momento), Agrícola Jardim, Agrícola Dinamarca, Brazil Melon (Sede, Fazenda São Romão e Fazenda Mata Fresca), Norfruit, Mata Fresca Produção e Distribuição de Frutas Ltda, Frumel, Renovare,  Agropecuária Vitamais  (Ecofértil) e J. B. de Paiva (EPP – melão).

Micorregião 2:  Compreendia entre os municípios de Jaguaruana, Russas e Itaiçaba: Meri Pobo Agropecuária sede e DISTAR, Agropaulo, J. S. Salute (desativada) e Agrícola Famosa (DISTAR – Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas).

Microrregião 3: Compreendida entre os municípios de Baraúna (RN), Quixeré – CE e Limoeiro do Norte (CE): Agrícola Famosa (Fazenda Fruitland, Fazenda Km 60, Fazenda  Macacos e Fazenda Terra Nova), UGBP (Sede), Agropecuária Modelo, Cris Frutas, Frutanor, CK Agronegócio, Interfruit,  Fruta Sollo, Frutacor, Fazenda Frota, W. G. Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Fazenda Baraúna e Tomé), Bessa Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Sede, Fazenda do Vale do Jaguaribe), Del Mont Fresh Produce (Fazenda Quixeré e DIJA), J. S. Salute (Fazenda Tomé),  Tropical Nordeste e Terra Santa.

Microrregião 4: Compreendida entre os municípios de Tabuleiro do Norte (CE), Apodi (RN) e Felipe Guerra (RN):  Bessa Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Fazenda Campos), UGBP (Fazendas Campos e Campos Novos – desativada), Agrícola Famosa (Fazenda Baixa Verde e Fazenda Bevenuto), Angel Agrícola Ltda (Sede), E. W. Empreendimento Agrícola Ltda (Fazenda Sítio do Góis), Mata Fresca Produção e Distribuição de Frutas Ltda (Fazenda BR 405 – Felipe Guerra), Bela Fonte Melon (divisa Apodi – Severiano Melo), Vitamais e Klinger (produtor).

Microrregião 5: Compreendida entre os municípios de Mossoró, Governador Dix-Sept Rosado, Caraúbas e Upanema (RN): Agrosol – JIEM Agrícola e Comercial Ltda, Agropecuária Vitamais  – Ecofértil – (Sítio Santana e Monte Alegre), W. G Fruticultura (RN 117), Renovare Upanema Agroindustrial Ltda, Dinamarca e Agrolemos.

Microrregião 6: Compreendida entre os municípios de Assu, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Jandaíra (RN) e Pureza (RN): Del Mont Fresh Produce, Agrícola Salutaris, Itaueira Agropecuária (Fazenda Ipanguaçu), Finoagro (Ex-Finobrasa), CMR Brasil Prod. Com. Hortifrutícola Ltda (Fazenda Tubibal), Bollo Brasil (Fazenda Macau) e Caliman (Pureza – RN), Agrícola Potiguar e Terra Santa.

Como essas empresas ultrapassaram o período da grande seca (2011 – 2017)

Tradicionalmente a agricultura irrigada utiliza a água de irrigação proveniente de três fontes: Aquífero Jandaíra (alto teor de sais com profundidade até cerca de 300 m), Aquífero Açu (profundidade até 1200 m) e as barragens de médio e grande porte.  Devido à extensa área de domínio do aquífero Jandaíra (16 278 km2) e devido também à facilidade de acesso ao recurso hídrico, por ser a Formação Jandaíra aflorante na maior parte do seu domínio (10 298 km2), esse aquífero se reveste de extrema importância para o fornecimento de água para o consumo humano, animal  e para o uso na agricultura irrigada dessa região Semiárida.

As águas do aquífero Jandaíra reduziram-se significativamente a partir do segundo ano de seca (2013) e afetaram os municípios que produziam grandes áreas irrigadas como Baraúna – RN e Quixeré – CE, ambas localizados na divisa desses Estados. As principais culturas que tiveram suas áreas reduzidas em mais de 80% nesses municípios foram banana, mamão formosa, melão e melancia.

As principais barragens de importância para o fornecimento de água para a irrigação da região são, na ordem de capacidade de armazenamento: Castanhão (Nova Jaguaribara/Alto Santo -CE), Armando Ribeiro (Itajá/São Rafael/Assu – RN), Barragem de Santa Cruz (Apodi – RN) e Barragem de Umari (Upanema – RN).

No município de Alto Santo (CE), imediatamente antes desse longo período de estiagem, foi inaugurada a Barragem do Figueiredo, mas até o momento o volume de água armazenado é insignificante.

Ainda em construção, o Rio Grande do Norte possui um reservatório de porte médio, denominado de Barragem de Oiticica (capacidade em torno de 600 milhões de metros cúbicos) localizado no município de Jucurutu.

As águas do aquífero Arenito-Açu (baixo teor de sais e muito usadas para o consumo humano) foram utilizadas a partir da década de 1980 pela MAISA (Mossoró Agroindustrial S. A.), a principal empresa de agricultura irrigada da região até o final do século passado, mas, ultimamente o seu uso estava limitado, em função do custo energético do bombeamento, ao abastecimento do município de Mossoró – RN e de algumas comunidades da Chapada do Apodi.

Assim, com o reduzido fornecimento de água pelas barragens e a redução da água do aquífero Jandaíra em várias localidades tradicionais e o alto custo da água (investimento e custeio) do aquífero Arenito-Açu, as empresas adotaram as seguintes estratégias para continuarem mantendo a sua produção de frutas no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE:

Algumas empresas de porte médio e grande, seguindo exemplos de outras que já haviam se instalado no início da década passada, ocuparam áreas por arrendamento ou aquisição, na região compreendida entre as divisas dos municípios de Apodi – RN, Severiano Melo – RN e Tabuleiro do Norte – CE, entre as estradas carroçáveis Transchapadão (ligando Apodi ao Distrito de Olho D`água da Bica) e a Estrada do Arenito (ligando os municípios de Apodi e Severiano Melo ao Distrito de Olho D`água da Bica), via comunidades rurais tradicionais de Campos Velhos e Campos Novos. Nessa região as empresas estão perfurando poços no aquífero Arenito-Açu em baixa profundidade (cerca de 150 a 300 m).

Este é o principal atrativo, ou seja, água de boa qualidade em baixa profundidade. Nessa região há solos mais argilosos, em cima da Chapada do Apodi e solos mais arenosos na região do entorno da Chapada do Apodi.

A principal dificuldade enfrentada pelas empresas nessa região é a necessidade de investimentos em infraestrutura de estradas e rede de alta tensão de energia.

Além disso há, também, necessidade de investimentos em infraestrutura de galpões de embalagens, cercas, instalações fixas de campo, pavimentação no entorno dos galpões de embalagens e áreas de acesso, depósitos e demais instalações fixas de campo.

Algumas empresas de porte médio e grande instalaram unidades produtoras no Vale do Açu, que apesar da dificuldade de água a partir da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, há uma boa perspectiva do uso de água de poços de baixa profundidade construídos no leito do Rio Açu.

As empresas de porte médio localizadas na região da Grande MAISA (Pau Branco, São Romão, Córrego Mossoró, Mata Fresca, Cacimba Funda e comunidades vizinhas) ampliaram as áreas neste entorno e estão cultivando melão e melancia. Esta região é a que apresenta maior capacidade de uso dos poços do aquífero Jandaíra, apesar da tendência do aumento da salinidade dos poços nos períodos de estiagem.

Outras empresas de porte médio da região de Pau Branco, instaladas ao longo da Estrada do Melão, fizeram a opção pelo investimento em poços profundos do Arenito-Açu, com profundidade em torno de 900 a 1000 m. O valor médio investido por poço profundo nessa região ultrapassa R$ 2,5 milhões. Apesar do elevado investimento e do custeio de energia para o bombeamento da água em grande profundidade, os produtores não precisam investir em infraestrutura nova, como é o caso das empresas que mudaram para novas áreas distante 100 a 150 km da sede. Há também a vantagem de mistura de água de baixa salinidade (Arenito-Açu) com água de alta salinidade (aquífero Jandaíra) o que torna mais fácil o cultivo de melão e melancia, sem causar grandes problemas para a cultura e para o solo.

As empresas de pequeno e médio porte arrendaram ou compraram terras na região de Upanema – RN que, apesar da limitada capacidade de áreas, apresenta bom potencial para a perfuração de poços no aquífero Arenito-Açu em baixa profundidade. Esta região cultiva frutas tropicais há mais de 20 anos. Uma grande empresa da região adquiriu áreas na região de Pedro Avelino, Sertão Central do RN, onde passou a utilizar a opção de poços profundos do Arenito-Açu, pois esta região é caraterizada por baixa profundidade dos poços.

Algumas empresas estão tentando se instalar em outras regiões do Semiárido, como o Vale do São Francisco (Petrolina-Juazeiro) e a região de Parnaíba no Piauí.

Há, ainda, uma empresa de grande porte, instalada na região de Jaguaruana-CE, que está construindo um canal de irrigação a partir do Rio Jaguaribe e, ao mesmo tempo, investindo em poços profundos do Arenito-Açu, como forma de enfrentar o desafio de produzir frutas tropicais na Grande Região Jaguaribe-Apodi.

Uma opção foi a região compreendida entre os municípios de Caraúbas e Upanema, onde há boas perspectivas para a perfuração de poços no Arenito-Açu com profundidade em torno de 300 a 400 m. Esta região já havia sido explorada no início da década de 1990 pela antiga Fazenda São João, tradicional empresa de agricultura irrigada da região de Mossoró que foi desativada no início dos anos 2000.

Algumas empresas novas ou que estavam instaladas na microrregião 1, adquiriram áreas na região de Jandaíra, que, apesar, da baixa vazão dos poços, tem sido uma opção nesse período de seca. A exemplo de Jandaíra, algumas empresas também procuraram se instalar nos municípios de Afonso Bezerra e Pedro Avelino, no Sertão Central do RN.

As fruteiras banana, melão e melancia e cultivo do mamão formosa, o qual passou a ter importância destacada nos mercados local, regional, nacional e europeu.

Atualmente, há várias empresas de médio porte instaladas na região de Baraúna, exclusivamente voltadas para a cultura do mamão formosa. Algumas delas trabalham com cultivos próprios e outras trabalham de forma integrada com médios e pequenos produtores.

Houve ainda o caso de uma empresa que adquiriu uma área no Vale do Rio Jaguaribe (Russas), mas que, até o momento não logrou sucesso em razão da falta d`água no leito do rio por limitação do volume da Barragem do Castanhão.

 *Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)



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