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*Por Josivan Barbosa

O representante da empresa holandesa Greenery/Hage International, Frank Ocampo, afirmou em entrevista ao periódico espanhol Fresh Plaza que este é o melhor início de temporada de exportação do melão e da melancia brasileiros para a Europa nos últimos 10 anos.

Segundo o importador, isso se deve a três fatores: O nosso melão e melancia chegaram ao mercado europeu praticamente após o término da temporada espanhola que por sua vez terminou cedo, deixando o mercado ávido pelos produtos. Por outro lado, o melão e a melancia brasileiros começaram a chegar na Europa em tempo considerado ótimo que é o final do verão europeu.

Um terceiro fator que contribuiu para isso foi o atraso na chegada do navio da companhia marítima MSC, o que fez com que os produtos chegassem num momento mais escasso ainda de melão e melancia.

Um aspecto preocupante do mercado de frutos frescos na Europa é o aumento de 800 a 1000 dólares nos fretes marítimos, o que faz com que sejam beneficiados aqueles importadores que fecharam os contratos antes do aumento. Esse valor passa a ser uma preocupação para os importadores que negociam sem os contratos, pois passam a pagar valores muitos altos pelos produtos.

Melão no Reino Unido e custo altos

A temporada de melão brasileiro no Reino Unido começou na semana 37 e está sendo caracterizada por frutos de tamanho grande, quando o mercado varejista sente falta de produto de tamanho pequeno.

As condições meteorológicas estão facilitando a venda do melão e da melancia. Quanto mais quente, maior é a procura pelos frutos frescos.

O consumidor inglês estava já aguardando o melão brasileiro, pois a temporada do produto espanhol terminou cedo (primeira semana de setembro) e os últimos frutos do mercado oriundos da Espanha já não eram tão atrativos.

O brexit afeta a celeridade do fornecimento do melão pelos importadores ingleses para outros países europeus, o que leva mais tempo para a distribuição e, claro, aumenta os custos com a burocracia (documentos e impostos).

Outros fatores que elevam os preços para o importador inglês do melão brasileiro são o aumento no preço da embalagem de papelão (cerca de 80%) e nos fretes marítimos (30 – 40%). Todos estes custos são, claro, repassados para o consumidor. Resta saber até quando o consumidor está disposto a pagar por estes aumentos.

América Central em dificuldade

A América Central, um dos principais concorrentes do Brasil no mercado de exportação de melão e melancia, vive momentos difíceis em relação ao negócio desses dois produtos.

Os produtores de melão e melancia da Guatemala, Honduras, Costa Rica e Panamá emitiram um documento em conjunto alertando para os riscos da atividade dos produtores nesse período pós-pandemia devido aos altos custos da atividade agrícola provocados por aumento nos preços dos insumos e de logística global.

Um dos itens que mais está impactando nos custos é o aumento de 40 – 50 % no material de embalagem da fruta que é usado na fabricação da caixa de papelão.

Outro item que aumentou muito foi o preço dos polímeros usados em embalagem de atmosfera modificada do melão que já chega ao patamar de 30 -35%. O plástico usado na cobertura do solo subiu cerca de 15 – 20% e o material de irrigação (mangueiras para gotejamento) e os fertilizantes (MAP, DAP e uréia) tiveram incremento de preço de 25 30%.

Se já não bastasse a elevação de preços acima, a dificuldade de contêineres tem complicado para o produtor o que impacta também   nos custos de logística de exportação do produto e na importação de insumos.

A previsão é que a dificuldade de logística de contêineres se prolongue até 2022, o que pode levar ao fechamento de muitas empresas exportadoras de melão e melancia da América Central.

É PRECISO COMPREENDER que a produção de melão e melancia são cultivos intensivos em mão-de-obra e que já impacta muitos nos custos de produção. Além disso, os produtores só participam do comércio internacional desses produtos se tiver a sua área de produção certificada, cujo processo é bastante oneroso.

Vamos torcer para que esse problema da América Central não se repita aqui no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que tem nesses dois tipos de frutos a maior área cultivada para exportação.

Claro que o nosso produtor e exportador de melão e melancia já está sujeito a esses problemas e já sente na pele a realidade do mercado, mas, espera-se que as nossas empresas atentem para a situação com a celeridade necessária.

Queda da produção na Costa Rica

A produção e exportação de melão enfrenta uma forte queda na Costa Rica. O valor das exportações de melão daquele importante país da América Central caiu de U$ 68 milhões para U$ 55 milhões nos últimos 05 anos, com acentuação da queda nas exportações no período da pandemia.

A área cultivada com melão caiu de 5.566 ha em 2015 para 3.394 em 2020. O país chegou a produzir em 2006 cerca de 12 mil ha de melão.

A associação que representa os produtores de melão e melancia está trabalhando com a possibilidade de agregar valor ao produto e de incrementar o marketing das frutas da Costa Rica na Europa. A estratégia teria com forte argumento o apelo ambiental, o cultivo por pequenos produtores e a preocupação destes com o desenvolvimento sustentável.

*Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa


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