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Cerca de 4 toneladas de documentos sobre a história do cinema no Brasil, equipamentos que eram relíquias para um futuro museu e parte do acervo de Glauber Rocha estavam entre os materiais armazenados no galpão da Cinemateca Brasileira destruído pelo fogo na noite quinta-feira (29).

De acordo com funcionários, pesquisadores e cineastas que alertavam sobre o risco de incêndio havia mais de um ano, o galpão armazenava:

  • grande parte dos arquivos de órgãos extintos do audiovisual, relacionados aos trabalhos da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme) e do Instituto Nacional do Cinema (INC), ambos criados nos anos 1960, e do Conselho Nacional de Cinema (Concine), criado nos anos 1970;
  • parte do acervo do cineasta Glauber Rocha, como duplicatas da biblioteca dele;
  • parte do acervo da distribuidora Pandora Filmes, com cópias de filmes brasileiros e estrangeiros em 35mm;
  • parte do acervo produzido por alunos da ECA-USP em 16mm e 35mm;
  • parte do acervo de vídeo do jornalista Goulart de Andrade;
  • equipamentos e mobiliário de cinema, fotografia e processamento laboratorial, muitos deles fundamentais para consertos de equipamentos em uso e relíquias que iriam compor um futuro museu;
  • matrizes e cópias de cinejornais, trailers, publicidade, filmes documentais, filmes de ficção, filmes domésticos, além de elementos complementares de matrizes de longas-metragens, todos estes potencialmente únicos.

A gestão do órgão é de responsabilidade do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, em Brasília. Em nota, a pasta informou que "lamenta profundamente e acompanha de perto o incêndio que atinge um galpão da Cinemateca Brasileira" e que foi pedida uma investigação à Polícia Federal para apurar as causas do fogo.

'Abandono proposital'

Funcionários da Cinemateca realizaram diversos protestos no ano passado, denunciando que a instituição passava pela maior crise desde a sua fundação, em 1946, sem recursos para o básico, incluindo atrasos em salários, contas de água e energia, fim do contrato com a brigada de incêndio e com a equipe de segurança.

O contrato para gestão da instituição, firmado entre o governo federal e a Organização Social (OS) Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), terminou no dia 31 de dezembro de 2019 e, desde então, não houve nova licitação. A Cinemateca, no entanto, continuou sendo mantida de forma improvisada pela equipe técnica, sob gestão da Acerp, que continuou no local para não abandoná-lo, mesmo sem os recursos e salários.

O governo federal acabou assumindo a gestão do local, sete meses após o fim do contrato, e funcionários foram demitidos pela OS, que não tinha como manter e pagar um corpo técnico altamente especializado.

Ainda sem o corpo especializado e sem os contratos básicos para manutenção, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça contra a União pelo abandono da Cinemateca Brasileira. Para a Procuradoria, o governo federal cria instabilidade por meio da desestruturação administrativa.

Neste ano, contudo, o MPF suspendeu a ação judicial, depois que o governo federal se comprometeu a mostrar as ações implementadas pela preservação do patrimônio no prazo de até 45 dias. Com o fim deste prazo, o MPF alertou o governo federal para o risco de incêndio no último dia 20.

G1


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