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Pelo segundo ano consecutivo, as festas juninas estão suspensas por causa da pandemia de Covid 19 e os forrozeiros que garantem grande parte de sua renda anual nesses eventos estão passando por grandes dificuldades econômicas. A Comissão de Cultura da Câmara realizou reunião virtual (1/6) com músicos e agentes culturais para discutir soluções capazes de minimizar as dificuldades pelas quais o setor vem passando.

Dados do Ministério do Turismo mostram que em 2019 as festas juninas que ocorreram em 15 estados movimentaram um bilhão e meio de reais.

A presidente da Associação Balaio do Nordeste, Joana Alves, destacou que, para além da questão econômica, é preciso preservar o patrimônio tradicional, representado pelo forró.

“O São João é aquele momento em que o artista do forró, ele acha que é o décimo terceiro salário dele, é o período que ele mais trabalha para poder manter o equilíbrio dos grupos, ter bons instrumentos, boa qualidade de serviço. Ele precisa se manter trabalhando, se ele é um profissional da área, ele precisa ser valorizado. ”

No ano passado, foi realizado o São João na Rede, com apresentações de mais de 200 artistas, todas transmitidas pelo Youtube. O objetivo do evento, explicou Joana Alves, foi manter vivo o patrimônio do forró e garantir uma renda mínima para os músicos locais que não puderam participar dos eventos juninos.

O músico Léo Macedo defendeu que, neste ano, com recursos das prefeituras e dos estados, sejam realizadas novamente lives juninas, como forma de garantir recursos para os artistas locais e fazer com que as pessoas permaneçam em casa, sem deslocamentos para o interior, que poderiam aumentar a contaminação por Covid-19 entre as cidades.

O sanfoneiro Aldemario Coelho lembrou que o setor de forró conta com cinco milhões de trabalhadores e a maioria deles está numa situação crítica que não pode esperar o próximo ano para ser resolvida.  Ele defendeu que os gestores públicos se empenhem na contratação de artistas locais em apresentações pela Internet.

“O que eu presencio são pessoas que estão à beira da fome, que se nós tivermos que parar para elaborar normas não vai dar tempo, porque já não está dando tempo. Precisamos de ação imediata de quem? Do poder público que nesse momento não pode pensar em economia e, sim, em salvar vidas. Essa cadeia produtiva ultrapassa mais de cinco milhões de pessoas, mas, quando a gente olha para aquelas pessoas que tocam no final de semana para comprar a alimentação da semana, aí é que está o problema real, pontual, momentâneo e que nós precisamos achar uma saída. ”

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA), proponente da audiência, destacou que no seu estado as festas juninas ocorrem em metade dos municípios e movimentaram, em 2019, 700 milhões de reais.

“Para nós, o São João tem um impacto maior para o conjunto da economia do estado do que a festa do carnaval, que dá sustentáculo à cidade de Salvador como grande motriz da economia criativa no nosso município e em alguns outros municípios do estado que têm festas de carnaval mais singulares, mas não com a característica da Bahia, de um São João que ocupa boa parte do nosso território inteiro. ”

O prefeito de Amargosa, Bahia, Júlio Pinheiro, destacou que a cidade de 40 mil habitantes tem 10 por cento de seu PIB proveniente das festas juninas, que movimentam a economia local com a realização de shows e o aluguel de casas para acomodar os turistas, que quase dobram a população local.

Karla Alessandra / Rádio Câmara, de Brasília


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