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A operação policial mais letal da história do Rio aconteceu na quinta-feira (6) no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, deixando 25 pessoas mortas. O levantamento foi feito pelo G1 com informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado.

Um dos mortos foi o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate à Drogas (Dcod). A Polícia Civil diz que os outros 24 assassinados eram criminosos, mas não revelou as identidades ou as circunstâncias em que foram mortos.

O delegado Ronaldo Oliveira nega que tenha havido execução. "Para deixar bem claro: quem não reagiu, foi preso. Ou foi preso ou fugiu".

O sociólogo Daniel Hirata, do Geni/UFF, classifica a operação como inaceitável e diz que é mais grave do que chacinas como a de Baixada Fluminense, em 2005, ou a de Vigário Geral, em 1993.

"Foi a operação mais letal que consta na nossa base de dados, não tem como qualificar de outra maneira que não como uma operação desastrosa (...) É uma ação autorizada pelas autoridades policiais, o que torna a situação muito mais grave".

Ele diz que, segundo os moradores, a ação se tornou mais violenta após a morte do policial e que ficou "incontrolável".

Em nota, a Polícia Civil disse que fez uma operação contra o crime organizado e que comunicou o Ministério Público sobre a ação, como determina o Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde junho do ano passado, o STF suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em "hipóteses absolutamente excepcionais", com o Ministério Público sendo avisado.

“Temos uma cadeia de responsabilizações que precisa ser apurada. Se trata de uma operação policial, um caso gravíssimo de violência de Estado. Não é grupo de extermínio, maus policiais, milicianos. É uma operação autorizada pelas autoridades. E tudo isso em um momento em que há a determinação de suspensão das operações policiais nas comunidades pelo Supremo Tribunal Federal”, diz o especialista.

Em nota, o MP informou que foi comunicado "logo após o seu início, sendo recebida às 9h". A operação, segundo o MP, foi feita para cumprir prisão preventiva e buscas e apreensão contra traficantes.

Até 17h10 tinham sido apreendidos:

16 pistolas;

6 fuzis;

12 granadas;

1 submetralhadora;

1 escopeta.

O MP afirmou ainda que está investigando o caso e que recebeu ocorrências de abuso policial em seu plantão de atendimento.

ESTUDO: LETALIDADE NÃO DIMINUI VIOLÊNCIA

Um levantamento de 2019, feito pelo Ministério Público, mostrou que o aumento da violência policial não diminui a ocorrência de crimes ou de homicídios no Rio. O estudo conclui que:

letalidade policial não provoca redução de homicídios e roubos;

Rio tem a polícia mais letal, mas está entre os 10 mais violentos;

áreas onde há maior redução de assassinados não tiveram aumento de mortes por policiais;

ações policiais esporádicas não foram capazes de reduzir o problema da segurança pública;

confrontos aumentam risco de matar inocentes e afetar serviços públicos.

Pelas redes sociais, moradores do Jacarezinho relataram mais mortes que as computadas, além de corpos no chão, invasão de casas e celulares confiscados. À tarde, eles chegaram a fazer um protesto na comunidade.

Dois passageiros do metrô foram baleados dentro de um vagão da linha 2, na altura da estação Triagem, e sobreviveram. Um morador foi atingido no pé, dentro de casa, e passa bem. Dois policiais civis também se feriram.

Com informações do G1 e Mossoró Hoje



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