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A vacinação contra a covid-19 no Rio Grande do Norte teve seu pontapé inicial em janeiro, com a chegada do primeiro lote da vacina Coronavac no estado. Desde então, mais de 435 mil doses do imunizante já foram aplicadas em todos os municípios do RN. Há, porém, um dado preocupante neste cenário. Mais de 8,6 mil potiguares estão com a segunda dose da vacina atrasada por não terem comparecido aos postos de vacinação dentro do prazo estimado. É o que aponta o sistema RN Mais Vacina, plataforma desenvolvida pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN).

De acordo os números apresentados pela plataforma, pouco mais de 83 mil doses aplicadas até o momento no RN correspondem a segunda dose, todas da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. A bula do imunizante aponta que o prazo para administrar a segunda dose é a partir de 14 dias após a primeira, sendo o prazo ideal entre 21 e 28 dias após a aplicação inicial.

Segundo infectologistas que atuam no enfrentamento à pandemia, é essencial tomar as duas doses da vacina dentro do prazo estipulado pelo fabricante, de forma a garantir imunização eficaz. Por exemplo, no caso de pessoas que foram vacinadas em 1º de março, a segunda dose deveria ter sido administrada até o dia 29 do mesmo mês. Logo, quem, no momento, não consta no sistema com a dose dois aplicada, está com ela atrasada.

O pesquisador do LAIS Rodrigo Silva explica que não é possível saber se as pessoas de fato compareceram ou não para tomar a segunda dose da vacina. De acordo com ele, isso só seria possível se todos os municípios alimentassem o RN Mais Vacina no menor espaço de tempo possível. “O ideal é que os municípios alimentem os dados imediatamente após as aplicações das doses, ou pelo menos com uma pequena janela de tempo para digitação dos dados, algo em torno de um ou dois dias, no máximo. Há casos de municípios com déficit de tempo maior, o que dificulta o monitoramento, a transparência, e principalmente o planejamento”, afirmou.

Para o diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, o registro oportuno no RN Mais Vacina sobre as doses aplicadas é a forma mais eficiente de planejar o processo de vacinação. Valentim ainda reforça que quem mais ganha com isso são os municípios, pois passam a ter uma visão precisa de quem se vacinou e de que precisa se vacinar.

“Monitorar e acompanhar a aplicação das doses, da primeira e da segunda, é fundamental para garantir a eficácia de todo o processo de imunização da população, e o RN Mais Vacina permite isso. Portanto, cabe aos municípios não somente registrar oportunamente as doses aplicadas, mas também fazer uma busca ativa e avisar a população da data da segunda dose. Isso pode ser feito inclusive pelo próprio RN Mais Vacina”, ressaltou o diretor do LAIS.

Ricardo Valentim ainda reafirmou momento de crise sanitária aguda como a da covid-19, exige muito de todos, portanto usar a tecnologia como uma ferramenta para superar as dificuldades torna-se imprescindível, especialmente no campo da gestão.

Vacina de Oxford tem intervalo entre doses maior

Ainda conforme os dados apresentados pelo RN Mais Vacina, há três casos de atraso na segunda dose referentes à vacina produzida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, viabilizada no Brasil por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Porém, os pesquisadores do LAIS acreditam que possa ter ocorrido erro de digitação no registro destas, uma vez que o intervalo entre doses desse imunizante é de até três meses.

“Ainda não há tempo hábil para que as segundas doses da vacina de Oxford sejam aplicadas. Já entramos em contato com os municípios para fazer a retificação dos registros em questão no sistema”, complementou Rodrigo Silva.

O que afirma cada fabricante?

Coronavac (Sinovac/Butantan)

A bula do fabricante aponta que o esquema de imunização é de 2 doses de 0,5 mL com intervalo de 2 a 4 semanas (14 a 28 dias) entre as doses, porém os estudos de imunogenicidade fase 2 indicam uma melhor resposta imunológica da vacina com intervalo de 28 dias.

CoviShield (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz)

O intervalo entre a primeira e segunda dose é de 4 e 12 semanas (equivalente ao intervalo de uma três meses), sendo o prazo de 12 semanas de intervalo o que registra melhor eficácia.

Mossoró Hoje


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