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Depois de oito anos de pesquisa, o cientista Maik Kindermann, líder de pesquisa e desenvolvimento da multinacional holandesa DSM, de nutrição animal e humana, conseguiu criar uma molécula que diminui em 30% a emissão de gases das vacas e bois. O pesquisador passou um bom tempo testando algumas moléculas, naturalmente presentes no organismo do gado, que se ligam a enzimas que produzem a flatulência do rebanho. O trabalho foi supervisionado pelo executivo Mark van-Niewland, responsável pelo projeto Vaca Limpa, que conduz esse tipo de estudo.

Os 1,5 bilhão de vacas e bois do planeta produzem, por dia, mais de 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono, que correspondem a pelo menos 20% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. “Cada vez mais os consumidores valorizam a carne que foi produzida com menos poluentes e não agride tanto o meio ambiente”, disse van-Niewland em entrevista à EXAME.

Os estudos começaram com as moléculas que se ligam a enzimas que só existem no gado e provocam a grande quantidade de puns que os animais produzem. Ele acreditou que haveria uma forma de diminuir o poder dessas enzimas. “Elas não só contribuem para a poluição do meio ambiente e tiram energia do rebanho”, diz. “Isso é algo que não é agradável nem para nós, seres humanos, nem para as vacas”.

Após uma longa série de testes em laboratório, os pesquisadores chegaram à conclusão que, ao unir duas moléculas que são importantes no processo de emissão de puns, seria possível reduzir a produção de gases. A partir daí, seguiram-se mais alguns anos de trabalho intenso. Finalmente, foi possível conseguir criar uma nova molécula. A substância exerce um papel importante no processo de desativação de algumas enzimas que são responsáveis pela produção de gases.

O processo continuará a ser aprimorado. “A ideia é que as vacas possam emitir até 70% menos de emissão de gás metano e ajudar ainda mais a diminuir o efeito estufa”, diz o cientista. A nova substância deverá ser acrescentada à ração dos animais. A empresa só aguarda a liberação do produto pela União Europeia e o Ministério da Agricultura no Brasil. “Até o início de 2021, todo esse trâmite deverá estar concluído”, diz van-Niewland. “Estamos caminhando para diminuir os gases do efeito estufa de forma inteligente”.

O lançamento deve chegar em um momento em que o agronegócio brasileiro dá saltos significativos de produtividade e vive o melhor ano de sua história, com excelentes resultados também nas exportações. A expectativa é que a atividade gere 728,6 bilhões de reais este ano, um crescimento de 2,5% em relação a 2019, enquanto outros setores da economia patinam na crise do coronavírus. O agronegócio deverá representar 24% do PIB brasileiro este ano.

“Novidades como a substância que reduz os gases das vacas deverão ser importantes para impulsionar ainda mais as vendas externas de carne do Brasil”, diz Maurício Adade, presidente da DSM para a América Latina.

Exame



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