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Queiroz entregou os dois boletos bancários e um maço de dinheiro ao caixa, diz MP-RJ

A decisão judicial que ordenou a prisão de Fabrício Queiroz mostra que, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pagou mensalidades escolares das filhas do político no mesmo período em que operava o esquema de “rachadinhas” no gabinete do então deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).

O MP também aponta que Flávio e a esposa pagaram cerca de R$ 260 mil com dinheiro em espécie, de origem não desconhecida. A CNN pediu ao assessor pessoal do senador Flávio Bolsonaro uma resposta, sobre a denúncia. A assessoria dele se manifestou por meio de nota e negou as irregularidades. "Trata-se de mais uma ilação de alguns promotores de injustiça do Rio. O patrimônio do Senador é totalmente compatível com seus rendimentos e isso ficará inequivocamente comprovado dentro dos autos", diz o texto.

Na denúncia, a procuradoria detalha que Queiroz também depositou, pessoalmente, R$ 25 mil na conta bancária de Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, mulher de Flávio Bolsonaro, no ano de 2011. Em outubro de 2018, diz o MP, Queiroz usou cerca de R$ 7 mil em dinheiro para quitar boletos de mensalidades escolares das filhas de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

No entanto, de acordo com os procuradores, nem Flávio, nem Fernanda realizaram qualquer saque em espécie nos 15 meses anteriores ao pagamento dos boletos. A decisão judicial também traz detalhes sobre despesas de Flávio Bolsonaro e sua família, que, segundo o MP, foram pagas com dinheiro em espécie, que não saiu da conta do casal e cuja origem ainda é desconhecida.

De um total de R$ 251 mil pagos em mensalidades escolares em um período não especificado, menos da metade (R$ 95 mil) saiu das contas de Flávio ou Fernanda, diz o MP. O restante foi pago com dinheiro em espécie “não proveniente das contas bancárias do casal”, diz o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, citando as informações da procuradoria.

O mesmo teria ocorrido com o pagamento do plano de saúde da família de Flávio Bolsonaro: de um total de R$ 108 mil, pouco menos de R$ 9 mil saíram das contas do casal. O restante foi pago com “dinheiro em espécie de origem alheia aos rendimentos lícitos do casal”, escreveu o juiz.

De acordo com o MP, os pagamentos foram feitos entre 21 de janeiro de 2013 a 9 de agosto de 2018. Somadas as mensalidades escolares e o plano de saúde, o dinheiro de origem desconhecida teria servido para pagar cerca de R$ 260 mil em despesas do casal Flávio e Fernanda Bolsonaro.

Movimentação de R$ 2 milhões

O MP-RJ também destacou nesta denúncia uma movimentação de mais de R$ 2 milhões em transferências e depósitos em espécie, em favor de Fabrício Queiroz, nas datas próximas aos pagamentos de salários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"A partir da análise das informações encaminhadas pelas instituições financeiras, foi possível identificar, dentre os servidores vinculados direta ou indiretamente ao então deputado estadual Flávio Nantes Bolsonaro, pelo menos 11 assessores ligados a Fabrício Queroz por relações de parentesco, vizinhança 
ou amizade."

Segundo o MP, esses servidores "deixaram rastros em seus extratos bancários de repasses de parcelas de suas remunerações, realizados em favor do operador financeiro [Queiroz], mediante centenas de transferências bancárias e depósitos em espécie em datas próximas aos pagamentos dos 
salários da Assembleia Legislativa, alcançando o valor de R$ 2.039.656,52". 

Prisão

Queiroz foi preso na quinta-feira (18) em Atibaia (SP) dentro de um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Ele foi transferido para o complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio.

Na decisão que ordenou a prisão preventiva de Queiroz, o juiz Itabaiana diz que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro poderia “ameaçar testemunhas” e prejudicar a investigação sobre o esquema de desvio de dinheiro da Alerj.

De acordo com o magistrado, mesmo escondido em Atibaia, Queiroz tinha “influência sobre milicianos do estado do Rio de Janeiro”.

Segundo o MP-RJ, Queiroz atuava “tanto na arrecadação dos valores desviados da Alerj quanto na transferência de parte do produto dos crimes de peculato ao patrimônio familiar do líder do grupo, o então deputado estadual Flávio Nantes Bolsonaro”.

Os procuradores dizem que Queiroz movimentou pelo menos R$ 2 milhões na operação das “rachadinhas” – apelido dado ao esquema em que servidores de um gabinete repassam parte de seus salários para uma outra pessoa – entre abril de 2007 e 17 de dezembro de 2018, a maior parte em espécie.

Para a procuradoria, as “movimentações bancárias atípicas” e o momento em que ocorreram são “evidências contundentes” da função de Queiroz como operador financeiro da “organização criminosa investigada”.

Ontem (18), o advogado de Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, disse que os argumentos para a prisão preventiva do ex-assessor são “genéricos”, e que a defesa entraria com um pedido de habeas corpus nesta sexta-feira (19).

Via Twitter, Flávio Bolsonaro disse ter recebido com tranquilidade a notícia da prisão de Queiroz e afirmou que “a verdade prevalecerá”. Queiroz é amigo do presidente Jair Bolsonaro desde a década de 1980, algo que o próprio Bolsonaro já reconheceu publicamente. Na quinta-feira, o presidente disse que a prisão de Queiroz foi “espetaculosa” e que não estava “envolvido nesse processo”.

Além de um posicionamento a respeito das denúncias, também foi solicitada uma entrevista com Frederick Wassef e com o próprio Flávio Bolsonaro. A CNN aguarda uma resposta. 

CNN Brasil


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