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Hospitais particulares brasileiros já usam a dexametasona e outros corticoides para o tratamento de pacientes com o tipo grave da Covid-19. O medicamento é utilizado para reduzir a inflamação no pulmão provocada pela doença. Nesta semana, o remédio foi apontado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, como responsável pela redução de um terço das mortes de pacientes internados com ventiladores mecânicos. Entre os doentes fazendo uso de oxigênio, a diminuição no número de mortes foi de cerca de 20%.

As informações preliminares são da série Recovery, o maior ensaio clínico mundial que testa tratamentos existentes para verificar se são eficazes no combate ao coronavírus.

A cardiologista da Rede D’Or Ludhmila Hajjar afirma que mais de cem pacientes de Covid-19 atendidos por ela foram salvos com a ajuda de corticoides como a dexametasona.

— Antes da Covid-19, já existiam alguns tipos de pneumonia que causavam muita inflamação no pulmão. Portanto, no tratamento delas já se usavam corticoides, dentre eles dexametasona e metilprednisolona. A todos os meus pacientes que foram internados com a doença e precisaram de algum suporte de oxigênio, fosse um ventilador ou um respirador não invasivo, sempre prescrevi o corticoide — diz.

De acordo com a cardiologista, quando surgiram os casos graves da Covid-19, a classe médica se dividiu entre os que passaram a utilizar corticoides para combater a forte inflamação no pulmão e os que decidiram esperar por um estudo que comprovasse a eficácia do remédio no tratamento da doença. O uso de dexametasona ou de outros tipos de corticoides ainda não é protocolo na Rede D’Or. De acordo com a médica, a instituição estava esperando por um estudo que comprovasse a eficácia para indicar esse tipo de remédio no tratamento.

No Hospital Albert Einstein, o uso de corticoides no tratamento de Covid-19 já se tornou protocolo. No entanto, na rede, utiliza-se o metilprednisolona, um similar do dexametasona em dose equivalente. O medicamento já era aplicado em pacientes com síndromes respiratórias moderadas e graves, antes do surgimento do novo coronavírus.

— Com certeza, esse estudo da Universidade de Oxford, que ainda não foi publicado em uma revista científica, vai nos dar mais conforto para continuar com o tratamento dos nossos pacientes. O fato de ele ainda não estar publicado está angustiando a gente. Quando ele for registrado, com seus números mais robustos, ficaremos mais tranquilos de estar no caminho certo — afirma Moacyr Silva Jr, infectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e da UTI do Hospital Albert Einstein.

A dexametasona possui ação anti-inflamatória e, por isso, não é indicada para casos leves da Covid-19. Ele não ataca diretamente o vírus, mas administra a reação do corpo à atividade do Sars-Cov-2, como explica o nefrologista Álvaro Atallah, diretor fundador do Centro Cochrane do Brasil (que faz revisões em estudos publicados para comprovar a evidência científica) e professor titular de Medicina Baseada em Evidências da Escola Paulista de Medicina da Unifesp.

— Esse remédio evita que o paciente tenha uma resposta inflamatória muito forte e acabe morrendo por causa disso. Ele tem ação imunossupressora. Se o paciente não está sentindo sintomas fortes, a imunidade dele está boa. Então, se tomar o remédio, vai fazer mal, porque vai abaixar a resposta imunológica que está adequada.

Diferentemente da rede privada, a rede pública não tem usado nenhum tipo de corticoide no tratamento para casos graves. Em nota, o Ministério da Saúde disse que “tem acompanhado a realização de estudos, inclusive no Brasil, que testam terapias promissoras como a dexametasona”.

O Globo


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