Presidente do STF fez pedido à presidente afastada após pergunta de Gleisi.
No questionamento, senadora citou proposta de limitação dos gastos públicos.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo
Lewandowski, pediu nesta segunda-feira (29) durante depoimento da
presidente afastada Dilma Rousseff no Senado para que ela não fizesse
menção ao governo do presidente em exercício Michel Temer nas respostas
às perguntas feitas pelos senadores a ela.
Durante o depoimento, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), 22ª a fazer
perguntas, pediu à presidente afastada que falasse sobre os
investimentos do governo na área de infraestrutura.
Ela perguntou se será possível "continuar os investimentos importantes
para o país" se o Congresso Nacional aprovar a proposta enviada pelo
governo Temer ao Legislativo que limita o aumento dos gastos públicos à
inflação do ano anterior.
Antes mesmo que Dilma se pronunciasse, Lewandowski tomou a palavra:
"Senhora presidenta, devolvo a palavra à Vossa Excelência, e apenas peço
a Vossa Excelência que cinja suas respostas ao seu governo, não ao
governo interino, por gentileza". O presidente do STF, porém, não
explicou o motivo de ter feito o pedido à presidente afastada.
Mais cedo, ao responder a um questionamento do senador Aécio Neves
(PSDB-MG), Dilma não citou diretamente o governo Temer, mas aproveitou a
resposta para criticar o que chamou de possibilidade de "eleição
indireta" para presidente por meio do processo de impeachment.
Pela manhã, ao fazer um discurso de cerca de 45 minutos, Dilma disse
ainda não ser "legítimo" afastá-la do cargo "conjunto da obra", porque
quem faz isso é o povo, nas eleições. "E, nas eleições, o programa de
governo vencedor não foi este agora ensaiado e desenhado pelo governo
interino e defendido pelos meus acusadores."
"O que pretende o governo interino, se transmudado em efetivo, é um
verdadeiro ataque às conquistas dos últimos anos", acrescentou a
presidente afastada no discurso.
Em outro trecho, ela disse ainda que, entre seus defeitos, não estão a
deslealdade e a covardia. "Não traio os compromissos que assumo, os
princípios que defendo ou os que lutam ao meu lado", afirmou. Desde que o
processo de impeachment passou a tramitar, impeachment passou a se
dizer vítima de "traição" de Michel Temer.
A presidente afastada Dilma Rousseff durante sua defesa no julgamento
do impeachment no plenário do Senado Federal, em Brasília (Foto: Marri
Nogueira/Agência Senado)
Teto de gastos
Objeto de pergunta da senadora Gleisi Hoffmann, a PEC do teto de gastos já havia sido citada por Dilma em duas ocasiões nesta segunda.
Durante seu discurso, Dilma afirmou que a ameaça mais assustadora no
seu processo de impeachment é a possibilidade de congelar por
"inacreditáveis 20 anos" todas as despesas com saúde, educação,
saneamento e habitação", em uma menção indireta à PEC.
Depois, Dilma voltou a falar sobre a proposta após ser questionada pelo
senador Roberto Requião (PMDB-PR), que, apesar de integrar o partido do
presidente em exercício, tem se posicionado contrário ao impeachment de
Dilma.
Ao questionar a petista no julgamento, Requião disse que o governo
interino de Temer é o caminho de reversão de direitos. “Congelar
despesas da União por 20 anos. Não vai poder nascer, não se pode mais
estudar, não se pode melhorar ensino e não se pode melhorar saúde”,
ironizou.
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