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Empresário e Cláudio Abreu foram detidos em operação da PF e do MPF.
Objetivo é prender envolvidos em desvios e lavagem de R$ 370 milhões.


O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-diretor da empresa Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, chegaram ao Rio na tarde desta quinta-feira (30). Eles foram presos na Operação Saqueador pela manhã, nos condomínios de luxo em que moram, em Goiânia, e serão levados para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária.

Realizada pelo Ministério Público Federal e pela PF, a operação tem como objetivo prender pessoas envolvidas em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos.
Segundo a assessoria da companhia aérea Azul, o voo em que Cachoeira estava pousou no Rio às 14h57. O empresário não saiu pela porta de desembarque, como os outros passageiros.
Também são alvo da operação o empresário Adir Assad, que já estava em prisão domiciliar; o dono da empresa Delta Construções, Fernando Cavendish, que está no exterior; e o empresário Marcelo José Abbud, também fora do país. 
Abbud inicialmente também não foi localizado no prédio em que vive, em São Paulo, devido a uma viagem ao exterior. No fim da tarde, segundo a PF, ele se apresentou e foi preso na capital paulista e também será transferido para o Rio, na noite desta quinta ou na sexta-feira.
A PF avalia a possibilidade de acionar a Interpol para localizar Cavendish, que está na Europa desde 22 de junho em viagem familiar, mas por volta das 11h aguardava o contato do advogado do empresário para saber se ele poderia ser considerado foragido. A assessoria de imprensa de Cavendish disse que vai se manifestar ainda nesta quinta.
Advogado de Cachoeira, Antônio Nabor Bulhões disse que ficou sabendo da prisão no início da manhã, após uma ligação da mulher do cliente, Andressa Mendonça. Ele informou que irá se inteirar do caso para se pronunciar.
Já o advogado de Cláudio Abreu, Fabrício Correia de Aquino, informou ao G1 que embarca nesta noite ao Rio de Janeiro. Ele só vai se pronunciar após tomar conhecimento sobre o caso.

Cachoeira e Cláudio Abreu foram presos nesta manhã em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução)
Cachoeira e Cláudio Abreu foram presos nesta
manhã em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução)








Mandados
Assad, que já cumpria prisão domiciliar após ter sido condenado a 9 anos e 10 meses na Operação Lava Jato, também foi preso. Ele é suspeito de participar da montagem de empresas de fachada para lavar o dinheiro desviado.

Há ainda um mandado para prender Fernando Cavendish, responsável por diversas obras públicas na Delta Construções, como a reforma do estádio do Maracanã no Rio de Janeiro, por meio das quais os recursos foram desviados.
Por volta das 7h, a PF esteve na casa de Cavendish, mas os agentes descobriram que empresário está no exterior. A residência do empresário fica na Rua Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais caros do Rio. Os policiais chegaram ao local por volta das 6h25.
Segundo o Ministério Público Federal, dentre os denunciados estão executivos, diretores, tesoureira e conselheiros da empreiteira, além de proprietários e contadores de empresas fantasmas criadas por Carlinhos Cachoeira, Adir Assad e Marcelo Abbud.
Lavagem de dinheiro
O MPF descobriu que, entre 2007 e 2012, quase 100% do faturamento da Delta veio de contratos públicos, chegando a quase R$ 11 bilhões. A maioria dos recursos veio de contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).

Segundo a denúncia, a Delta contratou, como fornecedoras, empresas fantasmas criadas por Carlinhos Cacheira, Adir Assad, Marcelo Abbud, considerados operadores do esquema e chefes de organizações criminosas. Investigadores não encontraram nesses contratos justificativas plausíveis ou ligação direta com as obras da Delta. Além disso, nenhum serviço era prestado. As empresas existiam apenas no papel, não tinham sedes nem funcionários.
A denúncia do MPF diz que, do total recebido pela Delta, R$ 370 milhões foram desviados e lavados via pagamentos a 18 empresas de fachada. A lavagem de dinheiro ocorre quando se tenta dar aparência lícita a recursos obtidos de forma ilegal – como a falsa prestação de serviço.
O dinheiro conseguido no esquema ia, em espécie, para agentes públicos, diz o Ministério Público. Os recursos eram sacados para evitar a identificação da origem e dos beneficiários. O nome desses agentes não foi revelado.
Rastreando os pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada, o MPF verificou um aumento significativo dos valores das transferências em anos de eleições.
O MPF pede a condenação de todos os envolvidos pela prática de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de chefiar um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás, Cachoeira já havia sido preso em fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal. Ele ganhou liberdade em 11 de dezembro do mesmo ano.

A operação revelou ligação entre o contraventor e o ex-senador goiano Demóstenes Torres (então no DEM). De acordo com o MPF, o ex-parlamentar é acusado de prática de corrupção e advocacia administrativa em favor de Cachoeira. Ele teve o mandato cassado.
Desde então, Cachoeira já foi condenado pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha. A última condenação foi no dia 23 de setembro, por violação de sigilo funcional, com pena de três anos de prisão. Ele responde aos crimes em liberdade.

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