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POR ELVIRO REBOUÇAS 
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                                          Elviro Rebouças é economista e empresário



Com a economia em baixa no Brasil, os analistas mais credenciados e o próprio Banco Central já precificam uma queda de 1,5% do PIB este ano, pouco tem se falado no triunfalismo do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, ícone criado pelo Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para rotular pujança e desenvolvimento. O balanço quadrimestral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que era feito desde 2011, ainda não foi divulgado este ano. Mas, mesmo sem um balanço oficial, as despesas do Orçamento com o PAC mostram corte significativo: de janeiro a abril, os gastos do governo com o programa tiveram queda de 33%, para R$ 13,3 bilhões, O Ministério das Comunicações, que toca o Programa Nacional de Banda Larga, não desembolsou um centavo sequer até abril. Petrobras e Eletrobras, estatais responsáveis por muitas obras do PAC, reduziram seus investimentos totais em 15%. Sem a apresentação do balanço em maio, com dados até abril, fica impossível saber exatamente a evolução do programa, já que ele contempla, além das despesas previstas no Orçamento, gastos de estatais e do setor privado. Mesmo sem um balanço do programa, as despesas do Orçamento com PAC mostram corte significativo. As despesas do PAC foram reduzidas em 2015 em decorrência do ajuste fiscal. Com o atraso na aprovação do Orçamento, a equipe econômica antecipou o ajuste, ao determinar que todas as despesas de custeio e investimentos — nas quais se inclui o PAC — ficariam limitadas à contratação mensal de um dezoito avos da proposta de Orçamento encaminhada pelo Executivo ao Congresso em agosto de 2014. Em maio, o governo anunciou cortes de R$ 69,9 bilhões no Orçamento, sendo R$ 25,7 bilhões nos programas do PAC. Assim, o orçamento anual caiu de R$ 66,2 bilhões para R$ 40,5 bilhões.


PAC 3 NÃO SAI DO PAPEL


Em alguns ministérios, o volume de desembolsos até abril foi igual a zero. Entre eles, o das Comunicações, que toca o Programa Nacional de Banda Larga — uma das prioridades do PAC. Com dotação orçamentária de R$ 993 milhões, o ministério não investiu um centavo de janeiro a abril, indica o Sistema Integrado de Administração Financeira ( Siafi). Segundo o Ministério do Planejamento, em maio, a pasta das Comunicações executou R$ 75 milhões em despesas do PAC, desempenho equivalente a 7,5% do Orçamento anual. Nas estatais que têm investimentos do PAC, a execução está baixa. A Telebras investiu nos primeiros quatro meses só 1% de sua dotação orçamentária para 2015. Na Petrobras e na Eletrobras, os investimentos caíram 15,6%, em relação ao mesmo período do passado. A Petrobras, maior motor do PAC, passa por revisão dos investimentos, após a crise desencadeada pela Operação Lava- Jato. O corte nos investimentos do PAC levou a uma redução no ritmo de obras, que tiveram cronogramas revistos. Na Bahia, o trecho entre Caetité e Barreiras da Ferrovia de Integração Oeste- Leste não será concluído em abril de 2016, como indicava o último balanço do PAC, mas em setembro de 2016, segundo a previsão da estatal Valec. A meta de executar 16% da obra até 30 de abril não foi alcançada. Na ocasião, o ritmo era de 8,12%. Na Ferrovia Norte- Sul, o trecho entre Estrela D'Oeste ( SP) e Ouro Verde ( GO) deveria ter avançado de 77% para 83% da obra entre dezembro e abril, mas ficou em 80,5% ao fim do período. A tão acalentada transposição do Rio São Francisco (que sofre os danosos efeitos da maior seca dos últimos 100 anos), está praticamente estagnada, sem confiável previsão para conclusão, embora seja uma obra transcendental para diminuir a sede das populações de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e do Ceará. Os prazos sempre são prorrogados, agora de perder de vista. A estratégia do governo para o PAC, segundo o Ministério do Planejamento, é priorizar obras em fase de conclusão ou em andamento, como as ferrovias. Mas a Valec reconheceu ao GLOBO, em nota, que “o governo determinou forte contenção de gastos públicos ( corte de cerca de R$ 6 bilhões no orçamento do Ministério dos Transportes), o que representou redução no ritmo de obras em andamento”. O governo mantém em ponto morto o lançamento da terceira etapa do PAC, prometida por Dilma na reeleição. — Vamos lançar o PAC 3 e o Programa de Investimento em Logística 2. Assim, a partir de 2015, iniciaremos a implantação de uma nova carteira de investimento em logística, energia, infraestrutura social e urbana, combinando investimentos públicos e parcerias privadas — dissera Dilma, na posse de seu segundo mandato. Para a iniciativa privada, o PAC trouxe duas vantagens, a partir de 2007. A primeira foi elevar o volume de investimentos. Os feitos pela União saltaram de uma média anual de R$ 21 bilhões entre 2001 e 2006 para R$ 47 bilhões entre 2007 e o ano passado, em valores atuais, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A segunda vantagem foi apresentar de forma consolidada, e com acompanhamento periódico, as obras estruturantes. Com os cortes no Orçamento e no PAC 2 e sem o lançamento do PAC 3, a primeira vantagem fica comprometida. Sem o balanço quadrimestral, a segunda desaparece.

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