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No ano em que a GAZETA completa 38 anos, jornalistas que compõem a Redação se uniram no sentido de entrevistar Canindé Queiroz, o homem que tem seu nome marcado na história do jornalismo potiguar.

Por: Iuska Freire, Kalidja Sibéria e Luciana Araújo
Com apoio de toda a Redação
Metódico e observador, ele está presente diariamente na GAZETA DO OESTE, onde acompanha, a seu modo, todo o processo da edição do jornal – Foto Ednilto Neves
Há casos em que a obra supera o criador – A Divina Comédia, de Dante Alighieri, e os poemas gregos Ilíada e Odisseia, de Homero, são exemplos clássicos dessa relação. Outras vezes, criador e criação se fundem de tal forma que é impossível dissociar e medir a importância de um e do outro. Canindé Queiroz e a GAZETA DO OESTE pertencem ao segundo grupo.
No ano em que a GAZETA completa 38 anos, jornalistas que compõem a Redação se uniram no sentido de entrevistar Canindé Queiroz, o homem que tem seu nome marcado na história do jornalismo potiguar. A tarefa é carregada de responsabilidade e nervosismo, afinal não é um entrevistado comum.
Afastado da escrita há mais de 10 anos por problemas de saúde, Canindé não perde certos hábitos. Metódico e observador está presente diariamente na GAZETA DO OESTE, onde acompanha, a seu modo, todo o processo da edição do jornal. A companheira de trabalho, uma Olivetti Studio 45, permanece em seu birô, hoje silenciosa. Mossoró sente falta do bater dessas teclas, ele também revela ter saudades.
Os leitores que acompanhavam seu estilo visionário, certeiro e polêmico demonstram curiosidade em saber como é a rotina de Canindé Queiroz. Nós, que convivemos com ele diariamente, tentaremos revelar parte desses dias ao lado de Canindé.
Sentado em sua cadeira de balanço, vestindo a tradicional camisa polo branca e a calça cáqui, ele interage com todos os repórteres, quer saber para onde vão e quem irão entrevistar. Quando não gosta do assunto é taxativo: “Sem futuro” ou “Não faça essa matéria!”. Como todo bom jornalista, não abandonou as interrogações. A maioria de suas interações é acompanhada de perguntas: Está fazendo o quê? Quem mandou você fazer isso? Vai sair com quem? Isso presta?
Com Inácio Pé de Quenga, personagem que ganhou fama em sua coluna, a vigilância é permanente. Parece conhecer, como ninguém, as manias de um dos funcionários mais antigos. Com a amiga Bárbara Fernandes, assistente administrativa, Canindé desarma toda seriedade. A diferença de idade de quase 50 anos se desfaz, ambos fazem piadas relacionadas a todos do jornal.
Com funcionários mais antigos, que o acompanham na GAZETA no decorrer desses 38 anos, como Maria José e Manoel Galdino, o respeito é cristalizado em gestos e palavras, muitas vezes, também, em silêncio.
Ao lado de Maria Emília Lopes Pereira, sua companheira de vida e com quem compartilha a paixão pelo Jornalismo, Canindé passa os dias observando os fatos locais. Faz questão de cumprimentar funcionários e amigos em datas natalícias. Sua ligação no dia do aniversário já é esperada por muitas pessoas. Abaixo, a entrevista com Canindé Queiroz.

ENTREVISTA

Canindé Queiroz - diretor presidente - WM


















- Como surgiu a ideia de criar o jornal em 1977?
Mossoró estava sem jornal na época, então criamos a GAZETA.
- E o senhor já imaginava que a GAZETA seria o principal jornal da cidade?
Imaginava sim, ela já nasceu para ser grande.
- O senhor sente falta de escrever?
Sim, sinto. Mas não penso em voltar.
- Qual foi o momento mais difícil para o senhor nesses 38 anos de jornalismo?
Quando deixei de escrever.
- Sente falta de pessoas que trabalharam com o senhor?
Sinceramente não lembro de todas, mas tenho saudades de Ferreira e Ivonete de Paula.
- O senhor se arrepende de algo que escreveu?
Não. Não me arrependo de nada e escreveria tudo do mesmo jeito.
- Se voltasse a escrever hoje, seguiria a mesma linha?
Sim, continuaria com as mesmas críticas.
- O que o senhor tem a dizer sobre a atual gestão municipal? Como enxerga a situação atual do município?
A gestão do prefeito é muito ruim, assim como a situação do município. Não está nada bom… Veja a situação do transporte público.
- Sua sala sempre foi bem frequentada por políticos e autoridades… Sente falta de alguém?
Só de Padre Sátiro para falar sobre religião.
- Gostaria de voltar a receber essas visitas?
Não. Só Padre Sátiro.
- Do que o senhor sente falta na cidade? Algo que havia no passado e que deixou de existir?
Sinto falta dos cafés de antigamente. De sentar para conversar com as pessoas.
- Muito se fala em extinção dos jornais impressos devido à concorrência da internet. O senhor acredita nisso?
Não. O jornal impresso nunca vai acabar.
- E sobre o aniversário do jornal?
Que continue assim e com essa equipe.
- Nesses 38 anos de jornal, qual o momento mais marcante para o senhor?
Foi quando a GAZETA saiu pela primeira vez.
- Sua esposa, dona Maria Emília, vem conduzindo o jornal há algum tempo. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Que ela é gente boa e competente. Eu não confiaria o meu jornal a mais ninguém, além dela.
- O que gostaria de dizer para os seus leitores?
Que está tudo bem comigo.

BIOGRAFIA CANINDÉ QUEIROZ
Francisco Canindé Queiroz e Silva, natural de Pau dos Ferros, nascido a 14 de abril de 1942, filho do natalense José Luiz da Silva e Raimunda Florêncio de Queiroz e Silva. Canindé foi alfabetizado em sua terra natal. Em Mossoró, estudou o ginásio na Escola Normal, no Colégio Diocesano Santa Luzia cursou o 2º Grau, atual ensino fundamental, que concluiu em Natal, no Atheneu. Membro da Academia Mossoroense de Letras, cadeira nº 36, Canindé Queiroz é leitor assíduo.
Na capital do Estado, deu os primeiros passos na vida pública. Foi presidente da Casa do Estudante de Natal durante um período conturbado, no auge da ditadura militar, formou grandes elos de amizades e teve os primeiros contatos com algumas das lideranças políticas mais expressivas da política norte-rio-grandense como Dinarte Mariz e Aluízio Alves.
A vida pessoal e profissional de Canindé sempre foi marcada por momentos intensos. Na política, chegou a ser vice-prefeito de Mossoró durante a segunda administração de Dix-huit Rosado eleito em 15 de novembro de 1972 e posse em 31 de janeiro de 1973. Neste mesmo período, de 1973 a 1975, assumiu a presidência da Fundação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, sendo responsável pela Expansão do Campus Central. No pleito municipal seguinte se candidatou a prefeito e foi derrotado por Dix-huit Rosado decidindo então abandonar a política.
Apesar de formado em Economia pela Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN), hoje Uern, e em Direito na cidade de Sousa, interior paraibano, a grande paixão profissional foi o Jornalismo. O sonho começou a ser idealizado com a formação da Astecam e foi consolidado em 30 de abril de 1977 (três anos depois da Astecam), com a fundação da GAZETA DO OESTE, um jornal inicialmente semanal que se tornou referência para o jornalismo do interior potiguar.

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