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João toma um cafezinho observando por Marcelo Rosado, Renato Fernandes e Alberto Néo

O deputado João Maia, líder do Partido Republicano (PR) no Rio Grande do Norte, está convicto de que a legenda fez a melhor escolha para as eleições de Mossoró e Natal. Prevê o sucesso nas urnas da candidata democrata Cláudia Regina e a boa performance do peemedebista Hermano Morais. O apoio do PR, em seu entendimento, fortalecerá essas postulações, e reforçará a base política da governadora Rosalba Ciarlini. A entrevista de João Maia, onde fala de forma franca e aberta sobre alianças para as eleições municipais de 2012 e o desembarque do seu partido no Governo do Estado, abre a série “Cafezinho com César Santos”. Confira.
O PR não apoiou a candidatura vitoriosa da governadora Rosalba Ciarlini, mas agora faz parte do seu governo. O que fez o partido mudar de posição?
Nós temos uma concepção de que na democracia você tem uma política, onde alguém ganha e outro perde.  Pra mim, quando termina uma eleição a vida volta a ser o que ela deve ser. Eu fiz campanha para o candidato Iberê Ferreira (governador candidato à reeleição), de forma clara e aberta. Quando terminou a eleição, passou a existir um governo democraticamente eleito; e os interesses do povo do Rio Grande do Norte. Eu como político, com mandato ou não, nunca me negaria a ajudar o povo do meu Estado. Sempre digo: é muito bonito fazer oposição e o povo é quem paga a conta.  Não sou contra a oposição, não é isso. Acho deve existir oposição, a imprensa livre, o povo pensando. Mas, se você se nega a ajudar o governo, a conta vai ser depositada naquele que mais precisa do governo que é o povo. Então, eu tenho uma preocupação muito forte com o que está acontecendo no Rio Grande do Norte, e acho que podemos fazer alguma coisa para ajudar e nós não temos como fazer isso se não ajudar o governo. Essa é a razão principal de nossa decisão. Essa é a minha posição e a posição do Partido Republicano.
De que o forma o PR pensa em ajudar o governo a resolver os problemas que afetam o povo potiguar?
Eu vou comentar a questão do conselho político (criado pela governadora Rosalba Ciarlini) porque ele foi muito mal entendido. Em penso que a governadora teve a felicidade de formar o conselho porque vai reunir políticos que podem ajudar o governo e o RN. O conselho tem dois ex-governadores (senador José Agripino e o ministro  Garibaldi Filho), tem Henrique Alves que é líder do bancada do PMDB na Câmara, com larga experiência política e influência em Brasília. Esses quatro e mais o presidente da Assembléia Legislativa Ricardo Motta, não tem outro interesse senão servir o Rio Grande do Norte. Veja bem: nem Agripino é candidato na próxima eleição (de 2014), nem Garibaldi é candidato e, com toda humildade, eu e Henrique não precisamos de governo para pelo menos renovar os nossos mandatos. Já demos prova disso substancialmente. Então, como é que funciona isso? Eu acho que o governo herdou problemas financeiros e tem problemas de gestão, então, a nossa principal função é de falar para o governo como é que nós percebemos as falhas que existem e como é que essas falhas podem ser consertadas. O governo precisa de ter gestão, precisa de recursos financeiros e precisa de apoio para que as coisas aconteçam. Então, essa é a nossa função. Eu diria que essa é a nossa parte nobre dentro do governo.
Muitos afirmam que os partidos precisam de espaços (cargos) para atender os correligionários. O PR fez parte do governo passado e agora deve ocupar alguma secretaria. Essa prática não teria motivado a decisão?
Não fazemos política por espaços e cargos. Nunca pensamos de uma conta de retorno eleitoral ou pessoal. O negócio é o seguinte: nós temos um mandato conferido pelo povo do Rio Grande do Norte. Nós temos uma governadora democraticamente  e legitimamente eleita e acho que nós precisamos sair dessa posição de certa comodidade e colocar a mão da massa, procurando ajudar o governo e o nosso povo. Essa é a minha posição e a posição do meu partido. Fizemos isso de forma clara a honesta. Nossa posição é única: servir ao povo do Rio Grande do Norte, e iremos servir ajudando o governo a sair da situação que se encontra hoje.
Mas, o PR vai ter uma participação direta na equipe de auxiliares da governadora Rosalba?
Eu conversei com a governadora e ela estava preocupada com a questão da Secretaria da Cidadania. Esse é um exemplo muito bom para se apresentar, porque a Sejuc tem a questão do sistema penitenciário, que se não for bem administrado afeta diretamente a segurança pública;  e tem do outro lado a questão da Central do Cidadão, o lado bom que atende à população. Quando Fábio Holanda saiu da secretaria, a governadora me pediu para encontrar outro nome. Eu, consultando muitas pessoas, sugeri o nome de José Augusto Peres. Para você ter uma ideia, eu nunca havia o encontrado na minha vida, mas sabia de sua história, de sua independência e de sua competência; e a primeira vez que eu o vi foi na minha casa em Brasília. Na oportunidade, relatei para ele a importância de resolver essa questão da Sejuc para o povo do nosso Estado. Disse  que minha sugestão não tinha ligação com a política, mas na competência reconhecida nele. Sugeri a governadora, por exemplo, que o nome para a Saúde ela pedisse ao Ministério da Saúde, porque essa é uma área que precisa ser resolvida por pessoas capacitadas. Então, essa minha posição não é de quem está atrás de um arranjo eleitoral. Vamos dá sustenção política ao governo, mas sem o interesse de ocupar espaços ou cargos.
Deputado, não há como negar que essa união é política-administrativa. Não há como separar uma coisa da outra. Então, como o PR e DEM vão caminhar nas eleições deste ano?
Já temos uma reunião definida e oficializada em Mossoró, primeiramente. Se fazemos parte do conselho político do governo, não compreendo como ficaríamos contra o partido do governadora em sua cidade. Isso é uma coisa que temos a plena consciência, muito embora a gente tenha uma visão muita clara de que a política é uma coisa local. Temos conversado com os líderes do PMDB e do DEM para definir o quadro respeitando as questões locais, ou seja, onde for possível caminhar junto a gente caminha; e onde não for possível, iremos fazer um pacto de convivência respeitosa.
São muitas as cidades que as divergências locais não permitem a convergência da união estadual. Como o sr. está tratando essas dificuldades?
É muito interessante esse processo. Temos andado todo o Rio Grande do Norte, observando onde é possível fazer o entendimento, mas respeitando onde essa união não é possível.  A gente conduz isso com um cuidado muito grande de dizer o seguinte: essa aliança em cidade tal não é possível porque localmente as pessoas não querem esse entendimento. Então, vamos respeitar a questão local.
Mas, o caso de Mossoró, onde o PR fez oposição durante três anos ao governo do DEM, como foi possível o entendimento?
Nós fizemos uma oposição construtiva e competente através de quem tinha um mandato que é o vereador Genivan Vale. Oposição sóbria e competente, mas respeitosa. E vou dizer uma coisa que você, César Santos, será a primeira pessoa a saber: eu chamei o PR de Mossoró (Marcelo Rosado, Renato Fernandes, Ceissa Praxedes, Alberto Néo e Genivan) e conversamos longamente sobre a situação. Apresentei minha posição dizendo que eu não só acreditava que  a candidatura de Cláudia Regina (DEM) agregava muito, por sua capacidade e competência, mas que eu tinha uma posição estadual de respeito a posição da governadora em Mossoró. Tinha divergência, mas se fosse disputado no voto a posição de ir com Cláudia Regina seria vencedora. Porém, achei que essa disputa interna não seria legal, eu tenho muito respeito pelos que fazem o PR de Mossoró. Então, pedi a decisão para mim, porque eu tenho o lombo para apanhar no que for preciso e poupo os amigos de Mossoró. Então, o apoio a Cláudia não foi uma imposição, eu só não quis elevar uma decisão por voto para não expor uma divisão dentro do partido.
 
Há entendimento também com o PMDB em Natal e São Gonçalo, troca de apoios. Esse processo foi mais complicado do que o de Mossoró?
Esse negócio de troca, como as pessoas dizem, não funciona. A política é local, como já havia dito. Nós tomamos uma decisão em Natal e nesta segunda-feira anunciaremos apoio ao PMDB. Vamos fazer uma reunião com os filiados, o PMDB pedirá o apoio e o PR aprovará. Cumpriremos toda liturgia, como deve ser. E o PMDB fará a mesma coisa em São Gonçalo. Portanto, não trocamos Natal por São Gonçalo ou qualquer coisa parecida. A situação de Natal, por exemplo, desagrada o DEM porque o senador José Agripino gostaria do nosso apoio à candidatura de Rogério Marinho (PSDB). Mas dentro do nosso partido as pessoas se identificam mais com o perfil do candidato Hermano Morais. Então, esse processo está acontecendo no Rio Grande do Norte inteiro.
O PR vai oferecer o vice da chapa de Hermano Morais?
Nós nem discutimos isso. A verdade é que nós decidimos o apoio e o vice será definido dentro daquelas forças que o PMDB vai agregar. A mesma coisa vale para Caicó, por exemplo. A maioria das pessoas acha que o vice do candidato Roberto Germano (PMDB) deveria ser do PR, mas eu disse: vamos fazer o programa de governo, vamos vê o que a gente pode agregar, daí, vamos pleitear a vaga de vice. Mas nós não vamos impor nomes diante das outras forças que compõem o grupo. Eu sempre digo: nós somos aliados para ajudar a ganhar, porque aliado para ajudar a perder é uma desgraça.
PMDB e PR vão ficar num palanque, DEM e PSDB noutro; isso cria dificuldade no conselho político de Rosalba ou sugere a convergência num eventual segundo turno em Natal?
É bem possível a união no segundo turno. Agora, eu vou dizer que a minha posição e a posição do senador José Agripino era de que a gente deveria se unir no primeiro turno. O deputado Henrique dizia: a gente tem mais de 20 anos que não temos candidato à Prefeitura de Natal. Por essa razão, que é legítima, não concordou com a posição minha e de Agripino. Então, esse processo se desenvolve de forma bem clara e transparente, não afetando a questão do governo.
Quais são as situações mais delicadas?
Nós temos divergências em Assu, que é muito difícil pra gente. O nosso deputado George Soares decidiu ser candidato contra o prefeito Ivan Júnior (PP), que tem a simpatia  da governadora Rosalba Ciarlini. Temos problemas em Canguaretama. Em Apodi, vai ser difícil um entendimento com o PMDB. Temos pesquisas mostrando que o ex-prefeito José Pinheiro é muito forte para vencer as eleições, então, não podemos chegar pra ele e pedir que faça aliança com a prefeita Gorete (Pinto) do PMDB. É Pinheiro que tem que decidir isso. Não podemos tirar um candidato do partido, principalmente quando se trata de um político com uma história respeitável como é o caso de Pinheiro. Essa política nós não fazemos.  Já disse isso ao deputado Henrique e ao senador José Agripino. Então, o que procuramos é um ponto de entendimento, fazendo uma política saudável.
Deputado, é inquestionável a fragilidade do governo natalense. Muitos observam sob o ponto de vista de incompetência administrativa, mas o sr. não acha que o maior pecado da prefeita Micarla de Souza foi não ter tido a capacidade de governar com as forças aliadas?
Olha como Micarla venceu as eleições: o PR apoiou, o DEM apoiou, o PMN apoiou, o atual vice-governador (Robinson Faria) também apoiou e o deputado Rogério Marinho, que havia saído do PSB. Nós fizemos um esforço gigantesco contra talvez a maior aliança política que já foi construída em torno de qualquer candidatura, porque a candidata Fátima Bezerra tinha o apoio do presidente Lula, da governadora Wilma, do prefeito Carlos Eduardo, do senador Garibaldi e o deputado Henrique. Era uma aliança tecnicamente imbatível, mas nós conseguimos ganhar as eleições. Aliás, ela conseguiu porque quem ganha eleição é o candidato. Depois daí, Micarla foi se isolando, perdendo o foco, perdendo o rumo. Não é que ela não teve apoio, nós tínhamos a vontade imensa que o seu governo desse certo. O fato é que Micarla se transformou num fenômeno político de referência nacional, de como vai se destruindo politicamente, administrativamente e popularmente. Agora, do ponto de vista pessoal eu gosto de Micarla, acho ela uma pessoa boa. Mas é uma administradora meio perdida e conseguiu construir uma imagem que é pior do que a realidade. Geralmente o governante consegue construir uma imagem melhor do que a da realidade, ela fez o contrário.

Fonte:  www.defato.com

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